Painel contabiliza fluxo de ciclistas em avenidas de Fortaleza

Ação faz parte do programa Pedala Mais, que busca dobrar o número de ciclistas na Capital. Informações extraídas pela tecnologia podem gerar novas ações e iniciativas

A quantidade de ciclistas que passam cotidianamente pelas principais infraestruturas cicloviárias da capital cearense é contabilizada pelo Painel de Ciclistas, instalado em março último pela Prefeitura de Fortaleza, no aterro da Praia de Iracema, próximo à avenida Rui Barbosa. Os dados são captados em tempo real, mas atualmente a exibição está desativada devido às restrições do período eleitoral.

O equipamento, fruto de uma parceria entre a Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova) e a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), funciona a partir da atuação de um algoritmo que utiliza a inteligência artificial para reconhecer padrões de imagem.

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A tecnologia é composta por dois módulos. Um deles é a câmera de videomonitoramento, captando imagens em fluxo contínuo que são transmitidas a partir de um link de dados dedicado para um servidor. O algoritmo atua nesse servidor processando as imagens, reconhecendo e traduzindo padrões.

"Ela aprende por repetição. Ele vai vendo, vendo, vendo, qual é a imagem de um ciclista na câmera, que é diferente da imagem de um motociclista, por tamanho do veículo, equipamento usado e velocidade, e a partir da repetição ele vai aprendendo a fazer esse reconhecimento com um nível de confiança que seja plausível", explica a coordenadora de mobilidade da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Isabela Castro.

Dentre os dados analisados, estão o fluxo de ciclistas que passam em uma determinada ciclofaixa ou ciclovia, a média diária em um trecho específico e a situação de acidentes

Fortaleza conta atualmente com seis câmeras instaladas em cinco avenidas, com atualizações sobre a quantidade média de ciclistas por dia. São elas: Bezerra de Menezes, Beira-Mar, Germano Franck, Oliveira Paiva e Dom Luís. A expectativa é de que mais sete avenidas sejam contempladas com o projeto os próximos meses.

Informações iniciais do projeto piloto mostram que os horários de pico nas avenidas monitoradas pela tecnologia ocorrem das 6h30min às 7h30min, no período da manhã, e das 16h45min às 17h45min, no período da tarde.

De acordo com Luiz Alberto Sabóia, presidente da Citinova, o projeto também está em fase de testes para reconhecer o perfil de ciclistas que trafegam nas avenidas.

“Neste momento, [a tecnologia] não está reconhecendo ainda, mas está em fase de testes para reconhecer também a categoria de usuário, o tipo de usuário que usa aquela infraestrutura cicloviária. Por exemplo, a quantidade de mulheres pedalando, quantidade de homens e, idealmente, a quantidade de idosos e crianças. Então, ter essa informação é muito significativo para quem faz o planejamento da infraestrutura”, adiciona.

Médias de ciclistas nas avenidas monitoradas em dias úteis:

Avenida Bezerra de Menezes: 2.900
Avenida Beira-Mar: 3.000
Avenida Germano Franck: 1.300
Avenida Oliveira Paiva: 700
Avenida Domí: 760

Dados podem gerar melhorias para os ciclistas

Os dados extraídos pelo algoritmo oferecem informações importantes para a gestão municipal, com resultados que, dependendo da análise, poderão gerar ações voltadas à infraestrutura cicloviária.

O assistente administrativo Wendel Mendonça, de 24 anos, contou que não tinha percebido o painel na Beira-Mar, mas espera que a tecnologia possa gerar melhorias.

Um dos pontos levantados pelo ciclista foi a invasão da ciclofaixa por pedestres e veículos, atrapalhando a passagem e causando possíveis acidentes. No início de março, Wendel foi vítima de um acidente e quebrou quatro dedos após um carro invadir a ciclofaixa onde o assistente administrativo pedalava. 

“Seria mais interessante se a galera pudesse controlar, na ciclofaixa, as pessoas correndo, caminhando. A movimentação de pedestres. Não fica só bicicleta e, às vezes, acaba atrapalhando, causando acidentes. Se tem um calçadão tão grande, a galera deveria aproveitar mais. Nas vias, acontece muito de carro invadindo as ciclofaixas, e isso também acaba piorando”, destaca.

Apesar de a tecnologia não ser dedicada ao registro de infrações, o presidente da Citinova, Luiz Alberto Sabóia, enfatiza que o algoritmo consegue captar situações de invasão, por exemplo. Essas informações podem ser, posteriormente, enviadas à Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) para futuras ações.

“Ela capta situações de invasão, se a motocicleta ou um carro invadirem a ciclofaixa. Ela processa essas informações e vai oferecer, por exemplo, quantas vezes está ocorrendo. Ao identificar uma situação de quase acidente, isso permite que os técnicos da AMC estudem o que pode ser feito naquele trecho para minimizar esse risco. Às vezes, é um alargamento da ciclofaixa, uma semaforização específica para o ciclista, uma travessia elevada que permita moderar o tráfego ou até a moderação da velocidade do tráfego naquele ponto específico”, disse.

Pedala Mais: Fortaleza tem meta de dobrar o número de ciclistas

Dados da Pesquisa Origem-Destino, realizada em 2019, apontam que cerca de 250 mil deslocamentos eram feitos por dia de bicicleta em Fortaleza. O número é equivalente a 5% do valor total de viagens feitas na Capital, que inclui carros, motocicletas, ônibus e pedestres. 

“Uma coisa que o prefeito Sarto tem alertado é que o uso da bicicleta é essencialmente uma política de saúde pública. Reduz poluição, e poluição é uma causa de doenças cardiorrespiratórias, cardiovasculares. Quem pedala sabe disso, a sensação de bem-estar físico e mental é muito grande. Eu estou colocando isso porque, às vezes, as pessoas podem ver uma ciclofaixa ali: ‘Ah, tem poucos ciclistas’. Não, são 250 mil viagens por dia em Fortaleza”, aponta Luiz Alberto Sabóia, presidente da Citinova.

Lançado em outubro de 2023, o programa Pedala Mais tem como objetivo principal dobrar o número de ciclistas na Capital. Além do painel, o projeto inclui ações, como a instalação dos xiringadores, ampliação da malha cicloviária, renovação do Bicicletar e o plantio de árvores.

Atualmente, a Capital conta com quase 456,1 quilômetros (km) de malha cicloviária, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. O objetivo do programa é que esse número chegue a 500 km até o fim de 2024. 

Expansão do Bicicletar

De acordo com a coordenadora de mobilidade da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), Isabela Castro, o programa também realizou intervenções no sistema Bicicletar. O projeto integrou bicicletas novas e ampliou as estações para bairros da Capital que ainda não contavam com os equipamentos, como Vila Velha e Jacarecanga.

“Todas as bicicletas do sistema estão sendo substituídas por bicicletas novas, e a gente está com expansão que vai nos fazer chegar a 300 estações até o fim deste ano. Nesta nova expansão do Bicicletar, 90% das 105 novas estações que são objetos dessa expansão estão localizadas em áreas mais periféricas. O sistema vai estar chegando a todas as regionais da cidade pela primeira vez”, diz. 

O mapa do Bicicletar mostra que bairros como Passaré, Jangurussu e Pedras ainda não têm estações. Isabela destaca que esses locais deverão ser contemplados durante o ano e explica que, devido aos critérios, a ampliação do sistema ocorre de forma gradativa.

“O crescimento do sistema tem que ser em rede, senão deixa de fazer sentido. Tem alguns critérios que têm que ser obedecidos quando eu vou instalar uma estação. A estação não pode estar a mais de 500 metros de uma estação já existente, ela tem que estar em um espaço público acessível. Esse crescimento em rede faz com que o sistema tenha que crescer de forma gradativa para determinadas regiões”, explicou.

O sistema Bicicletar também contará, pela primeira vez, com 100 novas bicicletas elétricas, que serão distribuídas entre as estações existentes. Segundo dados da AMC, 50 bikes já foram instaladas e mais 50 devem ser instaladas nos próximos meses.

Em relação ao Painel de Ciclistas, Luiz Alberto Sabóia aponta que o plano é implantar o algoritmo em mais de 40 câmeras e instalar o painel em outras avenidas com grande fluxo, como Bezerra de Menezes, Domingos Olímpio e Paulino Rocha.

“O painel é interessante porque, para além de transparência, é um elemento para criar cultura cicloviária, para engajar. Este é o primeiro painel, e a gente está vendo como as pessoas interagem. Certamente, esse painel irá para outras avenidas. A ideia é nas avenidas com maior fluxo”, finaliza ele. (Colaborou Kleber Carvalho)

Próximas avenidas a serem contempladas com os painéis

  • Avenida Domingos Olímpio
  • Avenida Bernardo Manoel
  • Avenida Antônio Sales
  • Avenida do Imperador
  • Avenida Duque de Caxias
  • Avenida Tristão Gonçalves
  • Avenida Parfisal Barroso

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