Idoso aguarda cirurgia há 4 meses em hospital de Fortaleza: "Disseram que não tinha material"

A unidade nega que a falta de insumos ou profissionais, afirmando que o procedimento será realizado ainda neste mês de julho. A família afirma que não foi comunicada da data

Gilberto Otaviano dos Santos, 79, espera há quatro meses por uma cirurgia para retirada de hérnia nos testículos no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza. A família do paciente afirma que o hospital os comunicava de falta de telas cirúrgicas necessárias para o procedimento e de anestesista. A unidade nega a insuficiência de insumos ou profissionais.

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Conforme Ruthbergson dos Santos, filho de Gilberto, a hérnia foi descoberta durante o tratamento de câncer de intestino do pai. Em outubro de 2023, o paciente precisou fazer uma cirurgia para retirada de parte do órgão, também no HGCC, realizando uma colostomia. Durante o procedimento, foi constatada a presença da hérnia.

Devido ao estado debilitado do idoso, não foi possível retirá-la na mesma cirurgia. Os médicos orientaram que a família de Gilberto voltasse a procurar o hospital seis meses após o procedimento para retomar o tratamento necessário para a hérnia. Em março deste ano, a busca pela cirurgia começou.

“Eu não tenho mais nem palavras para decifrar o sofrimento do meu pai. Se ele andar 10 metros é um sofrimento muito grande”, afirma Ruthbergson. Nas idas ao hospital para ter notícias do andamento da fila de espera, a família foi informada de que um tipo de tela cirúrgica necessária para o procedimento estaria em falta.

Já nesta segunda-feira, 15, Ruthbergson foi informado de que o insumo estaria garantido, mas que não havia anestesista disponível para a cirurgia do idoso. “Parece mentira, mas é um desleixo da saúde pública”, reclama.

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Gilberto aguarda o procedimento em casa. A família se reveza para cuidar do idoso, garantir os medicamentos e as bolsas de colostomia. “A família está arrasada, imagina ele. É revoltante mesmo. Tem irmã minha que abandonou o trabalho, somos de família humilde. O estado tem que fazer a parte dele, é de direito do cidadão”, conta.

Resposta do Hospital Geral Dr. César Cals

Procurados pelo O POVO, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e o Hospital Geral Dr. César Cals informaram, por meio de nota, que não há falta de insumos para a cirurgia do paciente e que a equipe está completa. “O procedimento, que se trata de uma cirurgia eletiva, está previsto para ocorrer ainda neste mês”, afirmou.

Questionado sobre uma data exata para a cirurgia, o hospital não respondeu até a publicação desta matéria. Ruthbergson também afirma que ninguém da família foi informado.

O presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Ceará (Coopanest), Júlio Rocha, afirma que a cooperativa fornece anestesistas extras para o hospital mediante marcação de cirurgias eletivas com antecedência.

“Não é falta de anestesista, é uma falta de organização do serviço para fazer as cirurgias eletivas”, afirma Júlio. Segundo ele, a cooperativa também cobre faltas de médicos do corpo profissional próprio do hospital em caso de férias, licenças, atestados, entre outros.

ATUALIZAÇÃO*: Após a publicação da matéria, a cirurgia do paciente foi marcada para esta quinta-feira, 18, segundo a família.

*às 14h45 de 17 de julho de 2024

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