Idoso aguarda cirurgia há 4 meses em hospital de Fortaleza: "Disseram que não tinha material"

A unidade nega que a falta de insumos ou profissionais, afirmando que o procedimento será realizado ainda neste mês de julho. A família afirma que não foi comunicada da data

14:59 | Jul. 16, 2024

Por: Alexia Vieira
Imagem de apoio ilustrativo. Hospital afirma que cirurgia deve ser realizada até o fim de julho (foto: Samuel Setubal)

Gilberto Otaviano dos Santos, 79, espera há quatro meses por uma cirurgia para retirada de hérnia nos testículos no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza. A família do paciente afirma que o hospital os comunicava de falta de telas cirúrgicas necessárias para o procedimento e de anestesista. A unidade nega a insuficiência de insumos ou profissionais.

Conforme Ruthbergson dos Santos, filho de Gilberto, a hérnia foi descoberta durante o tratamento de câncer de intestino do pai. Em outubro de 2023, o paciente precisou fazer uma cirurgia para retirada de parte do órgão, também no HGCC, realizando uma colostomia. Durante o procedimento, foi constatada a presença da hérnia.

Devido ao estado debilitado do idoso, não foi possível retirá-la na mesma cirurgia. Os médicos orientaram que a família de Gilberto voltasse a procurar o hospital seis meses após o procedimento para retomar o tratamento necessário para a hérnia. Em março deste ano, a busca pela cirurgia começou.

“Eu não tenho mais nem palavras para decifrar o sofrimento do meu pai. Se ele andar 10 metros é um sofrimento muito grande”, afirma Ruthbergson. Nas idas ao hospital para ter notícias do andamento da fila de espera, a família foi informada de que um tipo de tela cirúrgica necessária para o procedimento estaria em falta.

Já nesta segunda-feira, 15, Ruthbergson foi informado de que o insumo estaria garantido, mas que não havia anestesista disponível para a cirurgia do idoso. “Parece mentira, mas é um desleixo da saúde pública”, reclama.

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Gilberto aguarda o procedimento em casa. A família se reveza para cuidar do idoso, garantir os medicamentos e as bolsas de colostomia. “A família está arrasada, imagina ele. É revoltante mesmo. Tem irmã minha que abandonou o trabalho, somos de família humilde. O estado tem que fazer a parte dele, é de direito do cidadão”, conta.

Resposta do Hospital Geral Dr. César Cals

Procurados pelo O POVO, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e o Hospital Geral Dr. César Cals informaram, por meio de nota, que não há falta de insumos para a cirurgia do paciente e que a equipe está completa. “O procedimento, que se trata de uma cirurgia eletiva, está previsto para ocorrer ainda neste mês”, afirmou.

Questionado sobre uma data exata para a cirurgia, o hospital não respondeu até a publicação desta matéria. Ruthbergson também afirma que ninguém da família foi informado.

O presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Ceará (Coopanest), Júlio Rocha, afirma que a cooperativa fornece anestesistas extras para o hospital mediante marcação de cirurgias eletivas com antecedência.

“Não é falta de anestesista, é uma falta de organização do serviço para fazer as cirurgias eletivas”, afirma Júlio. Segundo ele, a cooperativa também cobre faltas de médicos do corpo profissional próprio do hospital em caso de férias, licenças, atestados, entre outros.

ATUALIZAÇÃO*: Após a publicação da matéria, a cirurgia do paciente foi marcada para esta quinta-feira, 18, segundo a família.

*às 14h45 de 17 de julho de 2024