Após três meses de greve, UFC retoma aulas nos campi do Interior e de Fortaleza

O atual período letivo agora prossegue até setembro. O segundo semestre do ano começa em 21 de outubro e finaliza apénas em 2025, em 7 de março

Após mais de três meses de greve, a Universidade Federal do Ceará (UFC) retomou as aulas na manhã desta segunda-feira, 15. A paralisação, que teve início no no dia 15 de abril, abrangeu os campi do Interior e da Capital. Com o anúncio do retorno às aulas, as dependências da UFC voltaram a ter intensa movimentação de estudantes, que agora precisam se adaptar a um novo calendário acadêmico.

Conforme explicou o pró-reitor de graduação, professor Davi Romero, as aulas da graduação da UFC voltaram para quase todos os cursos porque, durante o período da greve, apenas as turmas de internato de Medicina e Fisioterapia continuaram com suas atividades.

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No caso da pós-graduação, muitos programas continuaram funcionando normalmente durante a greve. Para esses programas, como as aulas do semestre 2024.1 já foram concluídas, os alunos agora devem focar em suas pesquisas e retornarão às aulas no início do semestre 2024.2, em outubro. No caso dos programas de pós-graduação que foram interrompidos pela greve, as aulas também recomeçam nesta segunda, 15.

No início da manhã, a Avenida da Universidade, onde se encontram os Centros de Humanidades do Campus do Benfica da UFC, apresentou movimentação semelhante ao período antes da greve.

O estudante do curso de Letras-Português, Carlos Victor, comentou sobre ter que se readaptar ao ritmo de estudos. “O período para realizar as atividades será muito mais curto, principalmente para quem está na reta final do curso. Acredito que vai dar tudo certo, e, eventualmente, vamos conseguir recuperar. Mas não será tão proveitoso quanto seria sem a greve”, diz o aluno.

Ele ressalta, contudo, que o período de paralisação foi importante para a reivindicação dos direitos dos servidores das universidades federais, como melhores condições de trabalho e reajustes salariais.

Vitória Nataly, 23, também aluna de Letras-Português e integrante do Centro Acadêmico do curso, por diversas vezes participou de atividades a favor da causa dos servidores federais. Ela ressalta que alunos e professores foram impactados pela paralisação, mas também receberão melhorias. “Conseguimos nos organizar e mostrar que, como comunidade, estamos nos posicionando diante dessa desvalorização”, comenta.

No Campus do Pici, também em Fortaleza, a movimentação de pessoas também foi razoável. Mateus Frota, 20, aluno do curso de Farmácia, contou que problemas de saúde e, posteriormente, a greve, interromperam seu primeiro semestre na Universidade.

“Passei na UFC por segunda chamada, então já fui chamado mais tarde que os outros. Além disso, sou de Camocim e precisei procurar casa aqui. Na mesma época, tive que fazer um tratamento de fibromialgia. Quando finalmente pude ir a faculdade, a greve foi declarada.”

Para Mateus, a greve foi uma surpresa. “Acho que a greve deveria ter durado até agosto, além de podermos seguir um cronograma mais convencional, quanto mais tempo passasse mais o governo lançaria propostas melhores”, explica.

As aulas do semestre 2024.1 retornam nesta segunda-feira, 15, tanto para a graduação presencial quanto para a Pós-Graduação e as Casas de Cultura, que ofertam línguas estrangeiras. Este período letivo termina em 26 de setembro.

O segundo semestre do ano começa em 21 de outubro. No fim de dezembro, a UFC fará uma pausa por causa dos feriados de fim de ano, e as atividades voltam em 6 de janeiro. O semestre 2024.2 termina em 7 de março de 2025.

Resultados da greve

A greve das universidades federais foi encerrada após os servidores aceitarem a proposta do Governo Federal de pagar o reajuste salarial em duas parcelas: 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. Em 2024, no entanto, o reajuste será zero, uma das principais insatisfações dos docentes.

Apesar disso, a greve trouxe avanços, como a recomposição orçamentária de R$ 400 milhões para as universidades federais, anunciada pelo MEC. O presidente Lula também anunciou investimentos de R$ 778,9 milhões para instituições federais no Ceará, incluindo novos campi do IFCE e hospitais universitários da UFCA e UFC.

Conforme o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais Ceará (Sintufce), Wagner Pires, há ainda questões pendentes com o Governo Federal.

“A greve se encerrou, mas a categoria ainda precisa estar a postos para contribuir nesse momento de formulação dos decretos e leis, que vão regulamentar a nova carreira”, conclui o coordenador  do Sintufce.

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