Dom Gregório recebe pálio arquiepiscopal na Arquidiocese de Fortaleza

Símbolo representa a responsabilidade pastoral do arcebispo com a comunidade católica. Pálio foi abençoado por papa Francisco no Vaticano no fim de junho

Dezenas de fiéis e líderes religiosos se reuniram na manhã deste sábado, 6, na Catedral Metropolitana de Fortaleza, no Centro da Capital, para assistir ao arcebispo, dom Gregório Paixão, recebendo o pálio arquiepiscopal.

A faixa representa a responsabilidade pastoral do recém-nomeado com a comunidade católica. Foi passada a dom Gregório na sexta-feira, 28 de junho, diretamente pelo papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

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A missa de imposição do pálio, neste sábado, foi conduzida pelo núncio apostólico Giambattista Diquattro, representante da Santa Sé no Brasil. Ele desembarcou na capital cearense nessa sexta, 5, e foi recebido por fiéis e lideranças no Aeroporto Internacional de Fortaleza.

No início da cerimônia do pálio, houve procissão do arcebispo junto de clérigos (bispos, bispos auxiliares, padres, diáconos e líderes não religiosos). Após louvores e sermões, dom Gregório agradeceu figuras importantes para sua trajetória cristã, incluindo sua mãe, Bernadete.

Durante sua pregação, ele pontuou que o pálio arquiepiscopal é símbolo “da minha unidade com o papa, com toda a santa Igreja”.

“É sinal de que agora, mais do que tudo, não por um cargo, mas por um encargo, por uma missão, devo testemunhar Jesus Cristo. E me coloco diante do Senhor”, argumentou o arcebispo de Fortaleza.

“Meus irmãos e minhas irmãs, não posso dizer outra coisa a vocês se não a alegria da minha caminhada”, continuou dom Gregório. “De saber que o Senhor me confiou. E de saber que um imenso rebanho está ao meu lado para que eu única e exclusivamente seja servidor de todos. Eis a grande graça”.

“O que trago sobre meus ombros é o encargo de levar as ovelhas sobre as costas, de entender seus sentimentos, de incentivá-las no caminho da vida, de fazer que creiam no Evangelho”.

“Ao mesmo tempo, minha vida precisa ser um testemunho do Evangelho para os irmãos e as irmãs que me foram confiados”, complementou.

A Arquidiocese explicou que, devido a compromissos de agenda, o arcebispo não conseguiria conversar com a imprensa. No site do órgão, a agenda de dom Gregório inclui, além da imposição do pálio, uma audiência às 15 horas.

Após o fim da missa, fiéis distribuíram elogios ao arcebispo. “Estou sentindo que dom Gregório é uma pessoa muito aberta, muito acolhedora, que vai até as pessoas. Está indo. Já dá para ver que ele vai chegar perto do povo”, disse Socorro Coelho, de 74 anos, moradora do bairro Farias Brito.

Para ela, que é voluntária e frequentadora da Paróquia São Benedito e Nossa Senhora do Patrocínio, também no Centro, a expectativa é de que dom Gregório “vai conduzir o rebanho [de forma] muito presente”.

A presença do arcebispo justifica a importância do pálio arquiepiscopal, segundo Joyce Silva, 42, missionária da Comunidade Shalom e moradora de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Com o pálio, apontou ela, o bispo “está em maior comunhão com o papa Francisco, que concede a ele essa autoridade de conduzir um rebanho. O pálio representa a ovelha que ele carrega nos ombros”.

A ideia é reforçada por João Vitor Soares, 26, frequentador da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro Parque Santa Maria: “O pálio significa saber que estamos em comunhão com Roma, que essa igreja é mãe de todos”.

“E saber que temos ele [dom Gregório] como pastor, como pai, alguém que nos orienta… é muito significativo. Acompanho muito o arcebispo. Ele tem boas palavras e bons exemplos. Acredito que continuará sendo um bom pastor conosco. Estou muito feliz”, comentou o fiel.

Morador do bairro de Fátima e membro de nova comunidade, Felipe Moreira, 29, elogiou a “celebração incrível” e a música, mas enfatizou “a forma como o arcebispo parece realmente se importar com a gente. Faz a gente se sentir, de fato, católico e orgulhoso da igreja”.

“Dom Gregório é alguém muito próximo das pessoas, é ótimo para Fortaleza estar vivendo esse momento com ele. Foi muito bom participar, as palavras dele fazem a gente se sentir mais unido, mais próximo”, finalizou Felipe.

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O que é o pálio arquiepiscopal?

Feito de lã e tosquiado por freiras de Santa Inês, o pálio arquiepiscopal é uma faixa branca com cruzes pretas. “A cruz sempre simboliza essa dimensão do sacrifício, da união com Cristo. Afinal, a vida de um pastor, como o arcebispo, é de sacrifício pelas ovelhas”, disse o padre Francisco Vanderlúcio Souza, representante da Arquidiocese de Fortaleza.

Segundo ele, duas ovelhas são preparadas e abençoadas para produzir lã. Uma vez pronto, o tecido dos pálios é colocado sobre o túmulo de São Pedro, o primeiro dos apóstolos. No dia 28, quando dom Gregório e outros 41 arcebispos visitaram o Vaticano, os pálios foram removidos do túmulo, abençoados pelo papa Francisco e entregues nas mãos dos bispos.

O pálio “efetiva todo o protocolo, digamos assim, de instauração do novo arcebispo”, explica Vanderlúcio. “Tem a nomeação, tem a posse e tem esse fechamento, essa coroação dele como metropolita”.

Conforme a Arquidiocese de Fortaleza, o branco da faixa significa a “benevolência para com os humildes e penitentes”. Já as cruzes representam que o arcebispo deve ter vida, ciência, doutrina e poder, além das quatro virtudes cardeais: prudência, fortaleza, temperança e justiça.

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Pálio arquiepiscopal: imposição acontece no Ceará pela 1ª vez

O pálio arquiepiscopal conclui a instalação de um novo arcebispo. A última vez que a imposição do pálio aconteceu, na história da Arquidiocese de Fortaleza, foi em 1999, quando foi nomeado dom José Antonio Aparecido Tosi Marques como oitavo arcebispo da capital cearense.

À época e até recentemente, segundo o padre Vanderlúcio, tanto a benção quanto a imposição do pálio ocorriam no Vaticano, de forma privada. “Agora, a Igreja quer os fiéis presentes, por isso a benção foi feita em Roma, com o papa, enquanto a imposição foi organizada na igreja local”, conta ele.

Com a imposição a dom Gregório, esta é a primeira vez que a celebração ocorre em solo cearense. “Isso significa duas coisas: a comunhão dessa igreja com Roma e o pastoreio. É como se o bispo colocasse as ovelhas sobre seus ombros. Lembra muito as próprias palavras do papa Francisco, que disse que os pastores precisam ter os cheiros das ovelhas”, acrescenta o padre.

Fiel presente na missa deste sábado, Socorro Coelho destacou que “nunca tinha ouvido falar” da cerimônia da imposição do pálio. “Eu pensei, ‘meu Deus, que tipo de católica eu sou?’ E, olha, estar aqui hoje é uma benção, uma graça, é um momento lindo e nunca visto por mim”, narrou a fortalezense.

O ineditismo do momento reforça o significado, para o padre, da presença de autoridades na missa, como o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e representante da Prefeitura de Fortaleza.

Isso aponta, segundo Vanderlúcio, para a caminhada em comunhão da Igreja com a sociedade e suas autoridades.

Ele complementa que figuras governamentais “são sempre tratados com respeito e bem acolhidos, pois acreditamos que todos trabalham em vista do bem público, embora com atuações diferentes. É também um meio de promover a cultura de paz e do encontro em nossa comunidade”.

Imposição do pálio: assista à missa deste sábado

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