Profissionais denunciam suspensões de cirurgias no HGF; unidade afirma que serviço continua ativo

O hospital afirmou que "o serviço de cirurgias eletivas continua ativo na unidade" e que foram realizadas 3.331 cirurgias eletivas até maio deste ano

Profissionais da área da saúde do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) relatam a suspensão de cirurgias eletivas em diversas especialidades por falta de profissionais. Segundo funcionários ouvidos pelo O POVO, o volume de cirurgias caiu há pelo menos dois meses. 

Um médico residente que atua na unidade afirmou que diariamente várias cirurgias são suspensas pela falta de técnicos de enfermagem. "O que passaram para a gente é que é por conta do piso da enfermagem, a cooperativa responsável pela contratação não estava querendo pagar o piso. O valor pago estava defasado e insuficiente", disse. 

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"Tinha sido estabelecido tentar fazer pelo menos uma cirurgia por dia de cada especialidade. Mas não está dando certo, algumas estão sendo feitas uma, duas por semana. Antes, cada especialidade fazia pelo menos uma cirurgia por turno", relata o médico.

Segundo ele, os mais prejudicados são os pacientes. Muitos são do Interior do Estado e têm dificuldades de conseguir transporte. "Chega no hospital e não consegue fazer", acrescenta.

Outra médica afirma que a especialidade na qual atua "segue basicamente com todas as cirurgias eletivas em centro cirúrgico suspensas por mais de 30 dias". "Nossa rotina de cirurgia basicamente não existe mais", relata.

"O HGF sempre teve histórico de deficiência de equipe, isso é crônico, desde o primeiro ano dos meus três anos de residência. No início do ano era falta de anestesistas, agora falta de técnico de enfermagem, sempre falta algo", explica. 

Estes profissionais auxiliam na instrumentação da cirurgia. Em média, dois técnicos de enfermagem atuam em cada procedimento, segundo explica o profissional de medicina que atua no hospital. O médico explica que um técnico fica estéril na mesa próximo ao cirurgião entregando os instrumentos solicitados. Outro fica responsável por circular na sala e auxiliar o procedimento de maneira externa. 

"Montam a mesa de cirurgia com os materiais. No final, ele é responsável por coletar os materiais usados, organizar nas bandejas e encaminhar para a esterilização. Ficam responsáveis pela organização da sala antes e depois da cirurgia, trazer e deixar o paciente na sala de recuperação ou na UTI", detalha o profissional.

Marta Brandão, presidente Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Ceará (Sindsaúde/CE), corrobora os relatos. "Tem paciente que já foi chamada quatro vezes para fazer a cirurgia e, quando chega, precisa retornar por falta de profissional", diz.

"Hoje, no HGF, 90% da mão de obra dos profissionais da enfermagem é prestada por cooperados. E essas cooperativas pagam mal, muito mal e ainda atrasam o pagamento", acrescenta Marta.

O POVO questionou a assessoria de comunicação do HGF se "as cirurgias eletivas estão sendo realizadas normalmente ou está havendo suspensão", mas a unidade respondeu apenas que "o serviço de cirurgias eletivas continua ativo na unidade". 

"Até o mês de maio deste ano, foram realizadas 3.331 cirurgias eletivas", informou ainda por meio de nota.

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