Após quase 3 meses de greve, Uece retoma aulas nesta segunda, 24

As aulas de reposição deste semestre vão acontecer entre esta segunda-feira e o dia 18 de setembro de 2024

Após quase três meses de greve de docentes, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) retomou aulas na manhã desta segunda-feira, 24. A paralisação, que aconteceu nos campi do Interior e da Capital, começou em 4 de abril. Os professores pediam por reajuste salarial, melhores condições de trabalho, aumento no corpo docente e melhorias na infraestrutura das universidade.

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De acordo com Nilson Cardoso, presidente do Sindicato de Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece), nem todas as demandas foram acatadas, mas avanços aconteceram. Vale ressaltar que a paralisação acabou, mas os docentes continuam em estado de greve para garantir atendimento das demandas.

Os grevistas conseguiram o pagamento de um abono salarial para servidores ativos e aposentados referente ao mês de setembro, além de outras conquistas. Uma delas foi referente ao aumento do corpo docente da universidade.

Segundo o sindicato, 35 docentes do Cadastro de Reserva serão convocados. O número, no entanto, seria muito aquém do necessário, segundo avalia o Sinduece. “É um número irrisório, porque temos uma carência de mais de 400 professores", ressalta Nilson.

Campus do Itaperi amanheceu relativamente movimentado

Na volta às aulas, o campus do Itaperi, localizado em um bairro de mesmo nome, em Fortaleza, amanheceu relativamente movimentado. A estudante de pedagogia Josiane Costa, 41, foi uma das presentes no local. Ela cita que "volta com um sentimento de retorno à rotina".

Outro aluno, Eduardo Lopes, 21, se sentiu prejudicado pela paralisação, mas diz entender a necessidade de ela acontecer. Ele está no sétimo semestre do curso de educação física.

“Eu já estava bem atrasado por conta da falta de professores. Tem cadeiras que vão atrasando outras cadeiras pela falta de professores e, no fim, vira uma bola de neve. Atrasei ainda mais por causa da greve, mas eu entendo que era algo importante e que precisava acontecer”.

Walter Cavalcante, 18, estuda ciências da computação e continuou tendo algumas aulas durante a greve. Alguns professores não aderiram à paralisação. "Eu [teria] seis cadeiras, mas duas estavam sem professor e uma aderiu à greve. Estava com três cadeiras e uma bolsa".

A meta é se formar em quatro anos, mas é meio impossível aqui na Uece. No [meu] curso estão faltando [professores] para sete cadeiras. Por exemplo, tem uma cadeira — arquitetura — que está há dois anos sem ser ofertada”, continua.

Lídia Ribeiro, 26, está no segundo semestre do curso de medicina veterinária e também cita a questão da falta de docentes. “Tem cadeiras que até hoje não tem professores, cadeiras fundamentais. Na veterinária, por exemplo, faltam muitas. Tem professores que são contratados para [apenas] uma cadeira, mas acabam dando duas, três, mas não dão com o rendimento que deveriam dar”.

Calendário de reposição vai até setembro

Em nota, a Uece informa que as aulas de reposição vão acontecer entre os dias 24 de junho e 18 de setembro de 2024 para as disciplinas de professores que aderiram à paralisação. Os estudantes terão férias de sete dias no período de 8 a 14 de julho.

A reposição obedece à lei federal nº 9.394, que obriga o cumprimento de 100 dias letivos em cada semestre, e ao Projeto Pedagógico do Curso (PPC) que estabelece a carga horária das disciplinas que deve ser cumprida pelos estudantes.

Lídia, a estudante de medicina veterinária, entende que a paralisação complicou o calendário, principalmente porque alguns professores não quiseram parar. A situação causou um certo descompasso. “Acabou que a gente não teve nenhum período de folga. A gente vai ter aula até setembro praticamente. Tá sendo bem complicado”.

Luana Wagner Fernandes, 19, também estuda medicina veterinária. "Ninguém tá contente. A gente teve parte das aulas e parte não [porque alguns professores não aderiram]. A gente achava que iria ficar de férias, mas com o retorno não teremos mais. Tem professor que terminou o semestre. Tem professor que não terminou. O horário tá todo quebrado".

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