Academia de Letras celebra 15 anos com posse e entrega da Medalha Mário Caúla

Comenda foi entregue ao Instituto Horácio Dídimo e a Patrícia Cacau, do movimento Mulherio das Letras. Academia tem promovido eventos, publicações e pesquisas

A Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (Amlef) celebrou, na manhã deste sábado, 22, no Palácio da Luz, no Centro Histórico de Fortaleza, 15 anos de fundação. A solenidade marcou a posse de novos sócios efetivos e honorários e a outorga da Medalha Mário Caúla. 

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Na ocasião, tomaram posse como sócios efetivos Gilda Maria de Oliveira Freitas, Maria Gorete Pinheiro D. de Oliveira, Márcia Regina Vianna Pinheiro, Maria Amália Simonetti Gomes, Marco Antônio Praxedes de M. Filho e Gilmar Lima de Oliveira, ocupando as cadeiras n° 1, 7, 9, 11, 33 e 35, respectivamente. Cada cadeira reverencia patronos da literatura cearense e brasileira.

A escritora Maria Amália Simonetti destaca que sua trajetória com a literatura vem dos pais e avós escritores. "Nesse mundo de literatura, uma paixão do meu pai e da minha mãe por ler. Nós nascemos em uma casa de livros. Por isso, é desde criança essa paixão de inventar, de criar", explica.

Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, ela foi uma das autoras do Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), elevado a política pública prioritária pelo Governo do Estado em 2007. O programa busca oferecer formação continuada para professores e apoio à gestão escolar, entre outros aspectos.

Além disso, Maria Amália já publicou 25 livros. "Depois de aposentada, em 2016, comecei a me dedicar à minha literatura, fundei minha editora e escrevi várias coleções. Agora, no caminho das letras, na Amlef, sentiremos e viveremos o texto da vida e da literatura", completa.

A também recém-integrada à Academia Maria Gorete Pinheiro conta que iniciou sua trajetória na escrita em Quixadá, a cidade natal da escritora Rachel de Queiroz, quem serviu como sua inspiração.

Motivada por essa influência, Maria Gorete começou a escrever sobre a história de sua família. Membro da Academia Quixadaense de Letras, agora ela integra o sodalício fortalezense, ocupando a cadeira de número 7.

"A Academia é tão grande, eu sou tão pequena. É o lugar onde encontro as pessoas, sabe? Faço amizade, troco livros, aprendo. Então, para mim, é uma riqueza", declara.

Para o médico Ronald Teles, nomeado sócio honorário da instituição, o ponto de interseção entre as ciências médicas e a literatura, duas áreas distintas, é o humanismo.

"Se você olhar para o ser humano com outros olhos que não seja os técnicos, você vai encontrar a poesia, a prosa... Sou muito feliz em ser médico e poder exercer meu outro lado de escritor", salienta.

A seleção para membros da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza é conduzida por meio de um edital. A primeira exigência é a análise do currículo, com foco na produção literária no Estado.

Os candidatos devem ter no mínimo dois livros publicados e outras contribuições, como artigos em jornais e revistas científicas. "Esses critérios visam garantir a qualificação dos novos membros para enriquecer o cenário literário local", esclarece a presidente da Academia, Angélica Sampaio.

Distinção e legado

Ainda na cerimônia, a medalha Mário Caúla foi entregue ao Instituto Horácio Dídimo e a Patrícia Cacau, do movimento Mulherio das Letras, destacando o impacto e a dedicação na promoção da literatura e no incentivo à leitura e à escrita.

A comenda é uma honra especial, nomeada em homenagem a Mário Caúla Bandeira, acadêmico que foi titular da cadeira número 16, e é a maior distinção oferecida pela Amlef. A medalha marca o reconhecimento de ações alinhadas aos valores e objetivos da instituição.

"Essa honraria não é minha, é de todas as mulheres que amam a literatura, buscam a cultura e acreditam na transformação humana através da palavra. Meu compromisso é com a palavra", ressalta Patrícia Cacau, co-fundadora do movimento feminista literário Mulherio das Letras Ceará.

De acordo com Luciano Dídimo, presidente do Instituto Horácio Dídimo, "a Medalha está incentivando a cultura do Ceará". "É o reconhecimento do nosso trabalho e um incentivo muito grande para que a gente continue nessa luta", afirma.

Fundado pela família do escritor Horácio Dídimo, a organização tem por objetivo fomentar a arte, a cultura e a espiritualidade por meio da venda de livros em acervo e publicação de ensaios e poemas.

15 anos da Amlef: passado e futuro

A Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza é uma instituição sem fins lucrativos cujo objetivo é cultivar a língua portuguesa e sua literatura, congregar escritores, intelectuais e professores, além de incentivar atividades culturais e artísticas.

Ao longo de seus 15 anos, a academia tem promovido eventos, publicações e pesquisas que visam democratizar o acesso à cultura e fomentar a produção literária no Ceará.

"Nesses anos, muitas foram as realizações e projetos dos seus dirigentes, e grande foi o empenho dos seus acadêmicos, que com entusiasmo e dedicação fizeram florescer as letras de nossa Metrópole", comenta Seridião Montenegro, vice-presidente da entidade.

Dentre lançamentos e participações em feiras internacionais, a presidente Angélica  Sampaio desenha um futuro ancorado na perpetuação e reverberação das ações acadêmicas como principal objetivo.

"Num mundo em que tudo se inicia, tudo se recria, mais importante do que tudo isso é dar continuidade ao nosso legado para que as futuras gerações possam tomar conhecimento da nossa existência", analisa.

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