Ciclofaixa compartilhada na Beira-Mar gera discussões entre pedestres e ciclistas

Segundo as regras, os corredores devem permanecer em fila à direita, enquanto os ciclistas ultrapassam pela esquerda

Na avenida Beira-Mar de Fortaleza, o calçadão se tornou um palco de disputas entre pedestres, corredores, ciclistas e usuários de patins e patinetes elétricos. A convivência de diversas modalidades de mobilidade no mesmo espaço tem gerado tensões e, por vezes, acidentes, levantando questionamentos sobre o uso adequado das áreas destinadas a cada grupo.

Em 2016, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) implementou uma ciclofaixa compartilhada bidirecional com o objetivo de ordenar melhor o fluxo de ciclistas e corredores. Com as obras de requalificação da orla, finalizadas em 2022, a faixa foi realocada, ficando entre duas porções de calçadão bastante movimentadas.  

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Segundo as regras, os corredores devem permanecer em fila à direita, enquanto os ciclistas ultrapassam pela esquerda. Placas educativas foram instaladas para orientar os usuários sobre a forma correta de utilizar o espaço.

"Para mim é tranquilo, não vejo problema, não me atrapalha", afirma Carol Paiva, farmacêutica e frequentadora do calçadão, sobre dividir o espaço de corrida com os ciclistas.

Segundo ela, as regras são claras e afirma sempre respeitá-las. "Essa aqui do lado é para quem caminha e a outra para corredores e ciclistas, que é justamente para diferenciar porque a gente que está focada no exercício faz com mais intensidade", explica ela.

No entanto, alguns frequentadores ainda se queixam da falta de respeito às delimitações. Edson Girão, aposentado, frequentemente caminha na orla e pondera que nem todos obedecem às normas de utilização de cada espaço.

"O problema aqui é bicicleta e patinete elétrico que andam na parte onde não é pra andar. Isso pode ocasionar um acidente com uma criança ou com um adulto mesmo. Eu acho inconveniente, cada qual no seu quadrado, a bicicleta no seu lugar, o pedestre no seu lugar, para evitar um acidente", afirma.

Na orla, são 3 km de via pavimentada com ciclofaixa compartilhada, piso intertravado e calçadas. A primeira serve não apenas a corredores e ciclistas, mas também aqueles que andam em patins, rollers, veículos elétricos, skates, entre outros.

Rayane Andrade, vendedora local, observa diariamente que as demarcações são desrespeitadas pelos transeuntes. Ela relata que os pedestres e ciclistas que utilizam o espaço para passeios são os principais infratores.

"Normalmente, quem não respeita mais a faixa do ciclista e corredor são as pessoas que ficam apenas passeando. Assim como muito ciclista sobe aqui [na área de passeio]. Quem anda naquelas bicicletas compartilhadas, inclusive, já aconteceu de derrubar gente no calçadão", comenta.

Nayara Magalhães, estudante de psicologia, acredita que muitas pessoas sequer têm conhecimento sobre as regras de utilização das faixas. "Eu já presenciei uma vez um ciclista muito rápido e aí discutindo com uma pessoa porque não respeitou o espaço dela de corrida e ela falou 'olha, aqui é bicicleta e corredores'".

De acordo com a AMC, "o passeio é espaço destinado exclusivamente a pedestres, não sendo permitida a circulação de bicicletas - estas podem utilizar a ciclovia". A instituição afirma, ainda, que para coibir qualquer prática irregular no calçadão, educadores de trânsito realizam ações educativas contínuas no intuito de promover uma maior conscientização dos usuários.

"Acho que seria ideal separar claramente cada categoria, porque muita gente se confunde e isso gera atritos", afirma Fernando Silva, gerente comercial, que costuma andar de bicicleta na Beira-Mar. Para ele, embora a divisão seja bem concebida na teoria, na prática, ainda está suscetível a muitos conflitos.

Placas espalhadas pela orla indicam a posição correta de cada grupo. Contudo, a administradora Ângela Fernandes reforça a necessidade de orientação contínua para que a população se acostume a utilizar o espaço de forma correta. "Eu acho que assim, a orientação, né? Ter um órgão para estar orientando de maneira mais rígida, até o pessoal criar essa cultura de usar o lugar correto", afirma. 

A Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger) informou ao O POVO que, atualmente, há dez permissionários que realizam o aluguel de equipamentos como bicicletas e triciclos. "Eles são devidamente orientados sobre os procedimentos de segurança que devem ser adotados, respeitando as resoluções do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)".

"Aqueles que descumpram as normas contidas na autorização ou infringem as leis de trânsito estão passíveis de ter a autorização revogada, assim como podem ser multados e/ou notificados pelos órgãos de trânsito e fiscalização", afirma a Seger. 

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