Hospital de Saúde Mental remaneja pacientes para os Caps, mas SMS diz que não foi notificada
Conforme a Sesa, o HSM é referência no atendimento terciário de psiquiatria e que os pacientes da atenção primária devem ser atendidos pelos Centros de Atenção PsicossociaisPacientes e responsáveis foram surpreendidos com a notícia de que não seriam mais atendidos pelo Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), vinculado a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), mas que deveriam buscar atendimento nos Centros de Atenção Psicossociais (Caps). A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que não foi notificada sobre o encaminhamento.
Ao O POVO, um dos pacientes do hospital, que preferiu não se identificar, diz que recebe medicamento de alto custo no HSM desde 2007 e no último dia 3 de junho recebeu a informação que ele e mais alguns pacientes seriam encaminhados para os Caps, sem ter a certeza se haveria atendimento médico e entrega de medicamentos suficiente para atender a todos.
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A fonte informou que em uma reunião com pacientes realizada no último dia 6, após reclamações na ouvidoria do Hospital, eles teriam sido informados que o médico responsável pelas prescrições seria encaminhado para outro setor e, por isso, os pacientes dele estavam sendo encaminhados para o Caps. Os pacientes teriam sido orientados a solicitar a prescrição a outro psiquiatra, público ou particular.
“Em 17 anos pegando medicamentos no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto só faltou remédio duas vezes no governo passado. Em relação a ser encaminhado ao CAPS não tenho a certeza de que terei atendimento médico e remédio”, disse.
A irmã de outro paciente, que também preferiu preservar sua identidade, disse que ele faz parte de um grupo de quase 200 pessoas que integra um programa – vindo de uma parceria entre o Governo do Estado e a União – que entrega gratuitamente a medicação de alto custo essencial para o tratar o quadro de esquizofrenia de seu irmão.
“Há 15 anos meu irmão estabilizou, graças a Deus, primeiramente, e à essa medicação de custo altíssimo que é até então fornecida pelo HSM, e eles alegam que são pacientes de atenção primária, sendo que não são. Este é o ponto. Do jeito que eles estão, pode se dizer que é atenção primária porque eles estão tomando a medicação e estão estáveis”, explicou. "Basta uma semana sem medicação para uma crise. Aí vamos esperar eles entrarem para serem internados novamente e terem acesso aos remédios?”
O receio das famílias é que o Centro de Atenção Psicossocial não tenha condições para atender estes pacientes.
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O que diz a Sesa e SMS a respeito do caso
A Sesa respondeu em nota que o HSM é referência no atendimento terciário em Psiquiatria e recebe pacientes com transtornos mentais graves, refratários e que estejam em crise. Por isso, para os pacientes com perfil diferente do da unidade, é indicado buscar atendimento em unidades básicas de saúde, que são de gestão municipal.
“O HSM ressalta que realiza o devido encaminhamento dos pacientes com perfil distinto, bem como garante o fornecimento de medicamentos”, complementa a nota.
O POVO questionou ainda a respeito de qual orientação estão se baseando as transferências, já que alguns dos pacientes recebem atendimentos do HSM há mais de uma década, mas não houve resposta especificamente para esta questão.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) respondeu em nota que os fortalezenses que necessitam de cuidados voltados para saúde mental, com sintomas leves, devem procurar um dos 121 postos de saúde da Capital.
“Os Caps são voltados para atender pessoas que apresentam sofrimentos psíquicos ou transtornos mentais graves e persistentes ou uso abusivo de álcool, crack e outras drogas. Ao todo, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) conta com 16 Caps (seis gerais, três infantis e sete álcool e outras drogas)”, informa.
Em relação a encaminhamentos do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM) para os serviços da Rede Municipal de Saúde, a SMS não foi notificada formalmente.