Autoridades de todo o País debatem a segurança viária de Fortaleza em Seminário

O evento, parte do Maio Amarelo, reune autoridades de todo o Brasil destaca a meta de nenhuma morte grave em Fortaleza até 2031

18:38 | Mai. 28, 2024

Por: Lara Vieira
Avenida Leste Oeste foi a via que mais reduziu número de acidentes no trânsito (foto: Fábio Lima)

Fortaleza realiza o III Seminário de Preservação de Vidas no Trânsito para debater temas relacionados à segurança viária. O evento, realizado no Centro da Capital, teve início na noite de segunda-feira, 28, e segue até esta quarta-feira, 29. O Seminário reúne autoridades e especialistas do Ceará e de outros estados do Brasil, com o objetivo de promover a troca de conhecimento e conscientização para a redução de acidentes de trânsito.

De acordo com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), a atividade faz parte da programação de encerramento do Maio Amarelo, movimento internacional de conscientização para redução de sinistros de trânsito.

Durante o seminário, foi destacada a meta de nenhuma pessoa morta ou gravemente ferida em acidentes de trânsito em Fortaleza, em média por ano, até 2031. Em 2023, foram registradas 157 vítimas no trânsito de Fortaleza. Segundo a AMC, o dado representa uma queda de 58% em relação a 2014, quando foram registrados 377 óbitos.

A via que apresentou a maior redução no número de mortes, conforme apontou o coordenador segurança viária da AMC, Saulo Oliveira, foi a Av. Leste-Oeste. Em 2018, a Avenida chegou a registrar 11 mortes no período de um ano. Já em 2022, o trecho não registrou óbitos em relação a acidentes de trânsito. A via, contudo, voltou a registrar duas mortes em 2023.

“Mas sair de um patamar de 11 mortes por ano para praticamente zerar, é uma vitória ainda muito significativa”, comenta o coordenador. Ele explica que, desde 2018, a Avenida Leste-Oeste recebeu renovação completa da sinalização, reestruturação das faixas, implementação de infraestrutura cicloviária, bem como a redução da velocidade para 50 km/h.

Saulo Oliveira ainda aponta que existem muitos desafios a serem superados na Capital, principalmente em rodovias de jurisdição estadual e federal. Segundo o coordenador, as vias de jurisdição estadual e federal na Capital correspondem a cerca de 1,8% da extensão total das vias. No entanto, as mortes nessas vias representam, em média, 23% das mortes no trânsito.

“É claro que a gente tem que considerar o grande volume de tráfego nessas vias, pois elas são entradas e saídas da cidade, mas nessas vias há uma estabilidade no número de mortes ou uma queda bem mais tímida”, aponta.

Em todo o Ceará, conforme o Observatório Nacional de Segurança Viária, foram registradas 1.402 mortes no trânsito em 2022. Quando comparado aos outros estados do Nordeste, o Ceará é o terceiro com maior número de óbitos, atrás da Bahia e de Pernambuco.

Conforme o Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), os acidentes envolvendo transportes são a segunda maior causa de mortalidade no Ceará em 2023, com 31.025 ocorrências. O primeiro lugar é ocupado pelos óbitos por homicídio, com 55 mil casos.

O Instituto Dr. José Frota (IJF) é uma das principais unidades para tratamento de trauma no Ceará. Conforme o enfermeiro o IJF Raphael Colares, que foi palestrante no Seminário de Preservação de Vidas no Trânsito, 85% das mortes no trânsito atendidas na unidade envolvem homens.

“Podemos dizer que, de forma geral, os homens dirigem com maior velocidade e muitas vezes embriagados. Dentre esse público, a maior faixa etária está entre os 20 aos 39 anos. Outra coisa que influencia a mortalidade dessa população é que ela é economicamente mais ativa e muitas vezes trabalha no trânsito, como os entregadores de delivery”, disse o profissional da saúde.

Durante o evento, que segue até quarta-feira, 29, também será lançado o Relatório Anual de Segurança Viária, com o detalhamento de dados registrados em 2023 na capital cearense.