Poço da Draga celebra 118 anos com bolo gigante e atividades para a comunidade

Moradores celebraram aniversário durante o fim de semana com atividades culturais, serviços de saúde e festa no Pavilhão Atlântico com direito a bolo gigante

A comunidade centenária do Poço da Draga, na Praia de Iracema, completou 118 anos neste domingo, 26, e os moradores celebraram o aniversário durante o fim de semana com atividades culturais, serviços de saúde e festa no Pavilhão Atlântico com direito a bolo gigante.

A data marca o dia da inauguração da Ponte Metálica (26 de maio de 1906), hoje conhecida como Ponte Velha — local que abrigou o primeiro porto de Fortaleza até a construção do Porto do Mucuripe, em 1940, e atualmente serve de apoio para saltos no mar. Recentemente, a estrutura foi isolada pela Prefeitura de Fortaleza por apresentar riscos de acidente, já que encontra-se enferrujada e com concreto desgastado.

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A programação de aniversário contou com apresentação de grupos de capoeira, Dragaxé, do coletivo Raiz do Poço, e Junior Pantera com grupo Samba Brasil, também oriundos da comunidade.

Em parceria com a ONG Velaumar, que atua no Poço da Draga, uma equipe da Liga Acadêmica de Prevenção ao Câncer Oral, do curso de Odontologia da UFC, promoveu uma ação do Maio Vermelho com orientações para a prevenção do câncer de boca e exame clínico gratuito.

Já o projeto de extensão Bons Vizinhos, do Centro Universitário Fanor Wyden (Unifanor), realizou um mutirão de diversas áreas com atendimentos em saúde como aferição de pressão e teste de glicemia na população, além de orientações para práticas saudáveis e cuidados cotidianos com a saúde e atendimento jurídico. Extensionistas do curso de Psicologia vinculadas à iniciativa levaram à comunidade, ainda, material sobre primeiros socorros psicológicos.

O projeto de extensão Bons Vizinhos, do Centro Universitário Fanor Wyden (Unifanor), realizou um mutirão de diversas áreas como atendimento em saúde(Foto: Projeto Bons Vizinhos)
Foto: Projeto Bons Vizinhos O projeto de extensão Bons Vizinhos, do Centro Universitário Fanor Wyden (Unifanor), realizou um mutirão de diversas áreas como atendimento em saúde

Como parte da programação de aniversário, também foi realizada mais uma edição da Feirinha do Poço, com moda, gastronomia, artesanato, espetáculos e música. Antes de cantar os parabéns ao redor do bolo gigante, um bingo solidário envolveu os moradores e uma oficina de estêncil ajudou a espalhar a nova idade do Poço pelo lugar.

“Nesta localidade, um grupo de verdadeiros humanistas e humanos dedicados à abolição da escravatura disse: ‘deste porto não se embarcam mais escravos’. Àquela época, o porto Ponte Metálica ainda era um trapiche de madeira, porém em 26 de maio de 1906 se tornou o primeiro Porto de Fortaleza. E é neste trecho litorâneo entre as antigas praias Formosa e do Peixe o lugar onde uma comunidade conhecida simplesmente como Poço da Draga originou-se. E nós, assim como aqueles abolicionistas, dizemos: ‘deste Poço não se removem mais moradias’”, diz o geógrafo Sérgio Rocha, morador e idealizador do projeto Rolê na PI.

O geógrafo Sérgio Rocha é morador do Poço da Draga e idealizador do projeto Rolê na PI(Foto: Karyne Lane/O POVO)
Foto: Karyne Lane/O POVO O geógrafo Sérgio Rocha é morador do Poço da Draga e idealizador do projeto Rolê na PI

“Fico muito feliz de vislumbrar tanta gente ao redor do bolo nesses parabéns, por mais que ao redor esteja tudo muito bagunçado pelas obras. Pessoas de várias gerações que fazem parte desses mais de 100 anos estavam aqui. Crianças pararam para ouvir os mais antigos falarem, e por mais que elas ainda não entendam completamente do que se trata tudo isso, quando a gente fala da gente acaba semeando algo ali. Uma identidade, uma raíz”, diz.

Conforme rememora o geógrafo, o povoado composto por famílias de jangadeiros, ex-escravizados, descendentes dos povos originários e retirantes das secas acompanhou o desenvolvimento e se consolidou como um núcleo habitacional formado também por trabalhadores que davam suporte às atividades portuárias da região quando a ponte estava a pleno vapor.

Hoje, além de pescadores, estivadores e portuários, a comunidade é uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis) com mais de 500 famílias e 2 mil pessoas constituída por profissionais das mais diversas áreas, que reivindicam o direito de permanecer próximo ao mar diante de ameaças de remoção e lutam por isso enquanto ainda carecem de infraestruturas essenciais para a localidade como saneamento básico.

Um bolo gigante foi servido à comunidade no aniversário de 118 anos do Poço da Draga(Foto: Karyne Lane/O POVO)
Foto: Karyne Lane/O POVO Um bolo gigante foi servido à comunidade no aniversário de 118 anos do Poço da Draga

Como marca das mudanças que afetam a região atualmente, ao redor do Pavilhão, outro símbolo comunitário, estão espalhados materiais de construção como areia e pisos intertravados que fazem parte do projeto de requalificação da Praia de Iracema no qual o Poço da Draga foi incluído.

Além disso, no fim de 2023, a comunidade recebeu o anúncio de que terá como vizinho o novo campus Iracema da Universidade Federal do Ceará (UFC), uma notícia que repercutiu entre os moradores após dar destino a um imbróglio no qual a estrutura inacabada do antigo Acquário Ceará estava inserida.

Conheça equipamentos e projetos que funcionam no Poço da Draga

  • Projeto Composta Poço: Composteira comunitária que recebe os resíduos orgânicos dos moradores e gera adubo orgânico ideal ao plantio de hortas e outros cultivos
  • Rolê na PI: Caminhadas guiadas pelo geógrafo Sérgio Rocha, morador e pesquisador do Poço da Draga. O roteiro apresenta a história e as múltiplas relações desse trecho da Praia de Iracema
  • Rolê da Bece (Biblioteca Estadual do Ceará): Atividades culturais e formativas em diversas linguagens artísticas em comunidades e instituições
  • Programa de Gratuidade para comunidades vizinhas (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura): Contempla os moradores do Poço da Draga com acesso gratuito à programação
  • A Risita / Fuscirco (Hub cultural Porto Dragão): A ocupação artística levou a apresentação da palhaçaria para a comunidade
  • 7 Arraias (Escola Porto Iracema das Artes): A intervenção foi apresentada na 11ª edição da Mostra Porto Iracema das Artes
  • Projeto Patrimônio Para Todos (Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho): O projeto percorre bairros da periferia de Fortaleza promovendo a educação patrimonial

 

 

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