Rota dos Museus: o ciclismo em favor da cultura na Ciclofaixa de Lazer
Edição especial de passeio ciclístico percorreu museus de Fortaleza com mediação sobre história e cultura, na manhã deste domingo, 19Milane e Lucila esperavam sentadas na calçada do Parque da Liberdade, uma bicicleta de cada lado. A concentração fora marcada no espaço para as oito da manhã deste domingo, 19, mas, às oito e meia, a dupla era uma das primeiras a chegar para a edição da Ciclofaixa de Lazer Cultural.
Ao fundo, o cantor Paulo Marinho, responsável pela atração musical do evento, embalava a conversa das duas professoras com a música “Eu e Você Sempre", de Jorge Aragão: “Se eu tivesse o dom de fugir para qualquer lugar, ia feito um pé de vento…”. Elas, ainda sentadas, já seguravam o folder distribuído pela organização, incluindo o trajeto de cinco espaços culturais e uma lista de museus de Fortaleza.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Em edição especial, alusiva à “Semana de Museus”, a Ciclofaixa de Lazer Cultural é um evento preparado pela Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor), com apoio da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). A ação busca oferecer um passeio guiado gratuito, além de mediação sobre a história e cultura da capital do Ceará.
CONFIRA roteiro cultural para visitar a Cidade da Criança, em Fortaleza
“A gente sempre pedala aos domingos, sozinhas, rodando”, inicia Milane Monteiro, 44. “E viemos para participar também pela curiosidade de ir pelos museus, né? Como somos professoras, aí casou bem direitinho”.
A amiga, Lucila Costa, 35, observa o folder antes de indicar o Museu da Indústria como o ponto de maior expectativa: “Quase todos a gente já conhece. Agora só falta, no meu caso, o Museu da Indústria”.
Para chegar até o espaço esperado por Lucila, o percurso se iniciou na Casa Barão de Camocim. Em seguida, os ciclistas foram guiados para o Museu Ferroviário Estação João Felipe e só aí podem pedalar rumo ao Museu da Indústria. O local precede o fim do passeio, que terminou no Memorial do Paço.
Quem atua como mediador do passeio é o arquiteto e urbanista Emanoel de Lucena. O profissional destacou que normalmente “puxa a sardinha” para o lado da cultura arquitetônica dos equipamentos: “Além de serem museus, são também exemplares arquitetônicos significativos que contam a História da arquitetura na cidade de Fortaleza”.
“A população muitas vezes tem um apego a uma determinada construção porque sabe que é antigo, que está ali, mas não (conhece) exatamente a história por trás, aquilo que de fato embasa aquele edifício como patrimônio histórico. Então, a minha função enquanto articulador é esta: despertar de uma maneira lúdica, porque a Ciclofaixa Cultural permite isso, esse interesse”, completa.
Rota dos Museus: a Musa e o Ciclista
Do grego mouseion para “templo ou casa das musas”, os museus contemporâneos são conhecidos como espaços de preservação de objetos históricos. Em um gracejo não-intencional à etimologia da palavra, o artista plástico Edil Figueredo, 79, trouxe a própria musa para a visita
“Eu posso ficar agarrado à minha musa todo tempo?”, pergunta Edil. A companheira ri e o abraça, mas avisa: “Contanto que a sua musa fique calada e você fale, tá ótimo”.
Quando completou 50 anos, Edil comprou uma bicicleta e se tornou ciclista. É com orgulho que o artista revela, 29 anos depois, como permaneceu pedalando, até mesmo durante suas viagens. “Chega em qualquer lugar do mundo, a primeira coisa que a gente procura é um bicicletário,”
“Eu acho que a gente conhece todos (os museus), mas quem gosta de cultura se empolga em revisitar algo que gostou, que achou legal”, explica Edil, antes de apontar para o cantor Paulo Marinho. “É como uma música boa. Por que não curti-la mais de uma vez?”.
No Museu Ferroviário Estação João Felipe, outro casal de ciclistas, ambos estudantes de Arquitetura. Com certo acanho, Beatriz Balduíno, 21, e Mateus Barbosa, 22, elogiam “o estilo” da Ciclofaixa do Lazer.
Ferromodelistas embarcam no Museu Ferroviário em 1º Encontro do Ceará; CONFIRA
“Tá sendo bem interessante, porque a gente junta uma coisa que gosta muito, que é pedalar, com uma coisa que estudamos e gostamos muito, que é a arquitetura, a cultura”, diz Mateus.
A gerente de gestão do patrimônio histórico-cultural material da Secultfor, Marina Fontenele, explica que a rota permanece ao longo do domingo para os ciclistas interessados em conhecerem os pontos museológicos da Cidade, “mas só não vai ser mediada”.
“Muita gente não tem ideia que existe o Museu Ferroviário, que existe o Memorial do Paço, então é importante agregar a ciclofaixa, que é uma atividade física, a uma atividade de conhecimento da história do nosso patrimônio”, finaliza.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente