Protesto no aeroporto de Fortaleza reivindica mudança na área do Fortal
Reunindo grupos ambientalistas, o ato criticava o local proposto para o evento, parte de uma área que abriga vegetação nativa da Mata Atlântica; entenda o caso
13:24 | Mai. 18, 2024
Os viajantes que passavam na área de desembarque na manhã deste sábado, 18, foram recebidos por um coro: “Fortal no aeroporto não!”. As vozes pertenciam aos participantes do protesto de mesmo nome, que se reuniram no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, para demandar a alteração do local proposto para a estrutura do evento anual.
O Fortal, sediado na capital do Ceará, é conhecido por atrair milhares de visitantes de outros estados, além de grandes nomes da música brasileira. Mas a sua edição de 2024, prevista para 18 a 21 de julho, recebeu críticas de grupos ambientalistas por sua localização nas proximidades do aeroporto da cidade.
A área correspondente foi indicada por denúncias como parte de uma vegetação nativa da Mata Atlântica e a empresa responsável pela organização do evento foi autuada na última quarta-feira, 15, pela superintendência estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para Daniel de Paula, ambientalista do grupo “Fortaleza pelas Dunas” e um dos organizadores do protesto neste sábado, o motivo do encontro é pressionar a Fraport, operadora do aeroporto de Fortaleza, e a organização do Fortal, para evitar uma supressão irregular da vegetação.
“A gente fez uma rede de vários movimentos e começou a divulgar nas redes sociais, em todos os espaços que conseguimos, para que as pessoas pudessem vir hoje e participar desse ato”, explica de Paula sobre o processo de criação do protesto, intitulado #fortalnoaeroportonão.
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Protesto no aeroporto de Fortaleza: "A pauta central é sobre a Cidade"
A estudante de Ciências Sociais Ângela Abuque, 20, destacou que a temática do ato se conectava com a própria cidade de Fortaleza — “acima de tudo, a pauta central aqui é sobre a cidade e como ela é gerida”.
“A gente está fazendo um debate agora sobre o meio ambiente, mas é preciso entender que esse é só um dos elementos pelos quais estamos lutando na cidade toda, sabe? Estamos lutando contra a pobreza, por moradias populares, fazendo um debate sobre o acesso à cidade”, completa.
A Lei da Mata Atlântica, em vigor desde 2006, se refere à regulamentação para a proteção do espaço. A legislação indica, no artigo 12, que novos empreendimentos com potencial “corte ou a supressão de vegetação do Bioma Mata Atlântica deverão ser implantados preferencialmente em áreas já substancialmente alteradas ou degradadas”.
Protesto no aeroporto de Fortaleza: organização do Fortal divulda vídeo
Em vídeo publicado neste sábado, a organização do Fortal destaca o compromisso do evento com Fortaleza e a sustentabilidade. O material informa que, de 17 hectares do terreno, 3 hectares terão interferência, com "limpeza", conforme é informado. No vídeo, Mário Rios, identificado como mestre em estudos ambientais, ressalta que o terreno já possuía grande parte pavimentada e construída, em área previamente usada pela Aeronáutica.
O vídeo salienta ainda que "a maioria das espécies existentes são plantas invasoras", o que representa equilíbrio à biodiversidade local. Os organizadores acrescentam que inventário com levantamento de flora e fauna está sendo feito, para identificar e preservar as espécies locais.
O vídeo acrescenta que o Fortal irá priorizar materiais recicláveis e energia limpa.
Confira nota divulgada na última quinta-feira:
A organização do Fortal esclarece que o embargo sofrido na última quinta-feira (16/05) é apenas em espaço reduzido, representando menos de 10% da área e já está elaborada a defesa em nível administrativo para a suspensão do embargo.
Além disso, a organização continua o processo de licenciamento ambiental junto à Semace para a adequação do espaço ao evento, realizando, paralelamente, estudos ambientais de fauna e flora para produção de um inventário florestal, no intuito de minimizar o impacto ambiental.
O Fortal explica ainda que a área de realização do evento, que possui 17 hectares, é situada em espaço que pertencia no passado à Base Aérea, tendo bastante pavimentação e construções em ruínas. As intervenções serão necessárias em somente cerca de 3 hectares, em sua maioria para limpeza de vegetação herbácea e invasora. Será mantido um
cinturão verde em torno do circuito, além de áreas de bosques onde já existem árvores.
Ao longo de seus mais de 30 anos de história, o Fortal sempre nutriu seu compromisso com a Cidade de Fortaleza, o Estado do Ceará e, claro, com seu público. Este ano, não será diferente, criando ainda mais um excelente espaço para realização de eventos na nossa cidade, que conviverá em perfeita harmonia com seu entorno de forma responsável.