"É desesperador lidar com a ausência", relata família de mulher morta por educador físico

Mulher foi morta pelo companheiro com 41 golpes de faca na frente do próprio filho no dia 30 de janeiro deste ano

16:02 | Mai. 18, 2024

Por: Jéssika Sisnando
Feminicídio aconteceu no bairro Luciano Cavalcante em janeiro deste ano (foto: Via WhatsApp O POVO)

Prestes a completar cinco meses, o crime de feminicídio que vitimou uma mulher no bairro Luciano Cavalcante ecoa na família e amigos. Morta pelo próprio companheiro, com quem se relacionava há 30 anos, a mulher foi alvo de 41 golpes de faca. Toda a ação criminosa ocorreu na frente do filho de 11 anos de idade, no dia 30 de janeiro deste ano. "É desesperador lidar com a ausência, uma dor enorme que nos dilacera por dentro", afirma. 

Conforme uma familiar da vítima, de nome preservado, há um sofrimento em dobro com os adiamentos do Júri. O julgamento do caso que estava marcado para a próxima quarta-feira, 22, mas foi adiado em razão de apuração de um incidente de insanidade mental. 

Para a família da vítima, que conviveu com o acusado durante os 30 anos que ele se relacionou, não acredita na versão da defesa do educador física, de que houve um surto psicótico e aponta premeditação. "Antes do crime não havia laudo, nenhuma queixa, nenhuma procura de médicos. Há, na família do réu, um neurologista, o que facilitaria um atendimento médico, o qual nunca foi realizado", relata a familiar. 

Conforme o relato da familiar, o homem estudava para concurso público e atendia alunos. No momento da prisão em flagrante ou da audiência de custódia não se falou sobre qualquer transtorno psicológico. Durante o relacionamento do casal, ela se queixava de situações caracterizadas como violência psicológica, sendo diminuída constantemente como mãe e mulher. 

Depoimento de vizinhos apontam que vítima bateu no portão por vários minutos pedindo por socorro 

A família da vítima chega a citar que a vítima bateu por diversas vezes no portão da residência pedindo por socorro. Os parentes entendem que a vítima não teve acesso as chaves e controles. As chamadas que solicitavam a Polícia também descreviam os pedidos de socorro. 

"Ao nosso olhar de família, isso torna mais claro a premeditação. pois tanto escondeu as chaves como colocou o filho dentro do carro antes de cometer o crime, para que não houvesse qualquer interrupção do ato brutal que iria praticar. Como isso é surto", ressalta. 

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e a assistência de acusação impugnaram o laudo referente ao incidente de insanidade mental e solicitaram a realização de uma nova perícia com uma nova junta médica de três médicos peritos. Para a família da vítima, o laudo foi feito com base em depoimentos parciais do acusado e da irmã, com informações precárias. 

A defesa do acusado apontou que o educador físico foi atendido por psicólogo e psiquiatra no presídio onde está recolhido. E que foi identificada a existência de transtorno psiquiátrico com a prescrição de medicamentos para problemas psicóticos. (Colaboraram Dayanne Borges e Lucas Barbosa)