Crianças do Instituto dos Cegos vão receber oficinas sobre leitura e literatura
A programação busca colocar as crianças no papel de agentes ativos. Ou seja, de produzirem e pensarem as próprias históriasCrianças do Instituto dos Cegos do Ceará, localizado no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, vão receber uma série de oficinas sobre leitura e literatura. A ação, realizada pela Fundação Demócrito Rocha (FDR), faz parte de um esforço que busca estreitar a relação entre as duas instituições.
De acordo com Lia Leite, gerente editorial da FDR, e Luzirene Lima, responsável pela biblioteca da Instituição, a programação busca colocar as crianças no papel de agentes ativos. Ou seja, para produzirem e pensarem as próprias histórias.
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O projeto foi estruturado em três partes: reuniões entre o corpo docente da escola e representantes da FDR para entender quais trabalhos já eram feitos pelo instituto e quais poderiam ser desenvolvidos, a realização de oficinas com as crianças e, por fim, a promoção de uma visita dos alunos à sede da Fundação, em junho.
Na ocasião, as crianças vão visitar a sede da FDR e a redação, estúdios de rádio e televisão do grupo O POVO. Os alunos, além disso, vão gravar um audiolivro no estúdio de podcast da FDR.
Com a cooperação, o objetivo é entender um pouco mais sobre a inclusão de pessoas cegas para o desenvolvimento de projetos futuros da Edições Demócrito Rocha, editora de livros da Fundação. “Às vezes a gente quer fazer um trabalho de inclusão, mas [acaba sendo feito] de maneira não muito profunda. Nossa intenção é fazer uma imersão no universo de pessoas cegas, como nossos leitores potenciais", afirma a gerente editoral da FDR, Lia Leite.
A Fundação é aliada ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil. Um dos objetivos, o de número 10, busca a redução das desigualdades. “O propósito de uma fundação é beneficiar a sociedade e nós escolhemos diminuir as desigualdades trabalhando com acessibilidade, com pessoas com deficiência”, destaca Lia.
Outro objetivo, o 17º, busca promover parcerias e meios de implementação. “Para a FDR, é muito importante que a sociedade civil e as instituições que têm mais recursos possam dar sua contribuição. Então, [na ocasião], a gente visa fazer projetos que possam ser implementados com o Instituto dos Cegos ou outras instituições que tenham a mesma visão de sociedade”.
“O propósito é trabalhar com acessibilidade e conseguir parcerias para levar os projetos para frente”, adiciona.
O Instituto dos Cegos existe desde 1942. O espaço possui uma clínica oftalmológica, um hospital, um setor de assistência social e uma escola. As oficinas serão realizadas na biblioteca da escola, que atende cerca de 90 alunos do fundamental I e II, além de outros assistidos pela instituição.
Luzirene Lima, a responsável pela biblioteca, acredita que a cooperação pode ajudar na inclusão dos cegos na literatura e na sociedade. “São pessoas que precisam de adaptações e conhecimento, [mas] não só dentro da instituição. Na sociedade, eles ainda sofrem um pouco pela estrutura da própria cidade, da própria comunidade, etc”.
A biblioteca conta com audiolivros, livros em fontes ampliadas, em braille e em outros formatos. “Temos [essas edições], porque possuímos uma imprensa braille que pode ampliar as fontes de um livro para os alunos. Nós temos um público com boa visão, baixa visão e perda total. Então, pode ser ampliada para esses três públicos”.
O Instituto, além disso, grava os próprios audiolivros. “Dependendo do título, o aluno solicita aqui na biblioteca e eu encaminho através de um link no próprio whatsapp”.