Acervo Mucuripe faz vaquinha para comprar espaço maior para preservar história do bairro

Diego di Paula, idealizador do Acervo, conversa sobre o bairro Mucuripe e a vaquinha com o intuito de comprar um espaço maior

Em um bairro Mucuripe diferente do glamour e dos altos prédios com nomes em inglês, há uma simpática casa azul que conta toda a história do bairro. É nela que mora Diego di Paula, turismólogo e responsável pelo Acervo Mucuripe, local onde guarda tudo - ou quase tudo - do que já foi feito sobre o bairro e sobre a cidade de Fortaleza, de forma geral. 

“Inicialmente surgiu como um “hobbie” juntar livros, fotos e jornais, depois começam a chegar documentos pessoais, fotografias analógicas e outros objetos do tempo analógico além de obras (em artesanato) quadros, pinturas e outras artes manuais e então percebi que era algo muito mais do que coleção de coisas, era um compromisso de fazer uma rede social diferente”, relata Diego.

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Por conta do espaço apertado para o tanto de história, Diego iniciou uma vaquinha, para conseguir um novo local para o acervo. A meta é de R$ 100 mil, no qual, talvez dê só pela casa, já que o metro quadrado na região está caro por conta da especulação imobiliária.

“Eu sonho com esse acervo maior, para possibilitar receber mais pessoas", afirma. "Quando eu recebo acima de quatro a cinco pessoas de visitantes, eu recebo lá fora - onde tem uma área de 2,20mx2,20m - e aí eu não recebo de tarde por conta do calor”. 

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O material preservado no Acervo é histórico. Do que guarda de mais valioso, Diego mostra um passaporte antigo envolto em um saco plástico. É de Mestre Jerônimo, um dos quatro pescadores que foram até o Rio de Janeiro de jangada em setembro de 1941. Ele, Manuel Jacaré (Manuel Olímpio Meira), Tatá (Raimundo Correia Lima) e Manuel Preto (Manoel Pereira da Silva) foram falar com Getúlio Vargas sobre os direitos dos pescadores.

A viagem repercutiu tanto que até a revista norte-americana Time publicou uma matéria sobre a viagem dos jangadeiros, que durou 61 dias. Publicada em 8 de dezembro de 1941, vinha no título: “Four Men on a Raft" (Quatro Homens numa Jangada)”. Por conta dessa matéria, Orson Welles se interessou pela história deles e os visitou no ano seguinte, 1942. A revista também faz parte do acervo, doação de um dentista.

Historiadora formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ianna Uchoa também ajuda a manter o espaço lotado de memórias. “Eles foram para Porto Alegre em 1951, chegaram em 1952. E aí foram para Buenos Aires em 1958, então acredito que o passaporte faz referência a essa viagem de 1958”, afirma Ianna. "O passaporte estava dentro do Sindicato dos Pescadores, o sindicato mais antigo da Cidade, que fica vizinho ao farol velho e foi fundado em 1953".

"O Acervo Mucuripe é como o do Nirez"

Diego di Paula afirma que até já recebeu proposta para transformar o Acervo Mucuripe em museu. Uma pessoa que já faleceu, segundo ele conta, teve o interesse de levar o acervo para o campo Terra e Mar, na av. dos Jangadeiros, "mas não tinha muito sentido".

"Ficava mais longe da minha casa, não teria como ficar limpando, né? A sala ficaria fechada”, comenta Diego, que passa rapidamente a mão pela estante e continua a resposta. “Assim, não imagino como seria. O acervo Mucuripe é como o do Nirez, que precisa estar do lado. Você tá pegando, olhando, sentindo… como se cada coisinha dessa como se fosse assim um órgão do corpo”.

Entre moedas, mapas com nomes destacados com os bairros com seus outros nomes, guias turísticos e caixas de arquivo bem etiquetadas, ele vai apontando para diversos pontos do acervo. “Aqui é o coração, ali é o fígado, né? Acho que tem que estar ali junto, né? Como foi o acervo da Verinha também, né?, com contribuições de várias pessoas que vivem no bairro".

Verinha foi uma moradora do Mucuripe, responsável por coletar muitos objetos sobre a história do bairro. “Ela não criou uma casa separada, ela vivia dentro do museu”. A antiga casa de Verinha seria considerada hoje um museu orgânico.

O novo Acervo Mucuripe

A nova sede prevista é no Serviluz, próximo ao Farol Velho do Mucuripe. Com a nova casa, daria para receber de 15 a 20 pessoas de uma vez. "Isso seria algo incrível pois com a casa atual preciso dividir as pessoas por semana ou mais de mês dependendo do grupo", relata Diego. 

"Ao doar, você apoia o trabalho de memória voluntário e fortalece também na manutenção do segundo acervo da história do território a existir e poder cuidar dessa memória comunitária tão importante de uma região histórica da zona leste da cidade de Fortaleza", finaliza o turismólogo.

Atualmente, as visitações estão ocorrendo com agendamento prévio por formulário ou dependendo pelo WhatsApp.

- Sendo pesquisador apoiador ou estudante de escola pública/baixa renda é gratuito

- Sendo de escola particular/universidade pública ou particular e moradores é cobrada a taxa de R$ 15 para até 2 horas

- Os horários são com base na disponibilidade. A partir das 16 horas na semana e todos os horários durante o fim de semana.

Mais informações sobre o Acervo podem ser obtidas por meio das redes sociais. No Instagra, o perfil é @acervomucuripe. (Colaborou: Kleber Carvalho/Especial para O POVO)

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