Esporte, inclusão e afeto: projeto Remar oferece acessibilidade a PcD ao mar
Os encontros acontecem nas manhãs de quarta-feira e a inscrição pode ser feita por meio do Instagram. Participantes do grupo revelam bem estar na convivência e na prática da canoagemA quarta-feira é um dia da semana aguardado por quem faz e participa do Projeto Inclusão Remar. A ação consiste em proporcionar a acessibilidade da pessoa com deficiência (PcD) ao mar, por meio da Canoa Havaina. Os encontros acontecem na Beira-mar de Fortaleza, na praia do Náutico, às 7 horas. Há 15 anos, o projeto foi idealizado por Vicente Cristino e Tiago Camargo, com o objetivo de favorecer momentos de lazer e recreação com voluntários e familiares de PcD.
A alegria e o entrosamento foram perceptíveis por meio dos primeiros contatos com os que ali estavam. A voz incisiva e alegre da pequena Valentina Melo, de 7 anos, que possui o diagnóstico de autismo, com os integrantes do Remar, já evidenciava um projeto amistoso e benéfico. Vicente Cristino, educador físico e especialista em reabilitação física, revela como o projeto impacta positivamente a vida dos participantes: “Muitos voltaram a estudar, formaram família. Melhorou a qualidade de vida de todos, inclusive dos voluntários”.
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Daniel Corrêa é voluntário do Remar há seis anos. O homem revelou que foi surpreendido diante de suas expectativas com o projeto. “Cheguei pensando que iria ajudar, mas eu que fui ajudado. Quando cheguei aqui, recebi uma energia muito boa. Eu recebo o tanto que me dou aqui. Na quarta-feira paramos nossas atividades e trabalho, e nos dedicamos de uma forma muito sincera ao projeto", afirma.
Paulo Marcelo, que é voluntário há 10 anos, conta que crianças do projeto são atletas e participam de campeonatos de remo. “A Associação de Stand Up Paddle do Ceará (Asup-CE) é vinculada ao Projeto Remar e nós fazemos a categoria PcD. São crianças que fazem parte do projeto e vão competir no OC1”.
Gabriel Gomes, que possui síndrome de Down, foi um dos competidores que representou o Projeto de Inclusão Remar. Neste dia 1º ele comemorava seu aniversário de 16 anos na companhia dos integrantes do grupo. A mãe de Gabriel, a comerciante Elania Gomes, conta que conheceu o projeto por meio de uma indicação da cunhada.
Elania revela que Gabriel foi a São Paulo para participar de competições, e destaca que o esporte melhorou o equilíbrio e desenvolveu mais força ao adolescente. “Hoje que ele tinha que vir mesmo (devido ao aniversário), ele ama isso aqui. O projeto Remar nos faz um bem danado”, destaca.
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Pedro Ivo, de 39 anos, que após um acidente de carro ficou paraplégico e parte da sua coordenação motora ficou comprometida, conta que quarta-feira é seu dia preferido da semana. “Hoje, eu acordei 3 da madrugada e vi que tava muito cedo, tive que voltar a dormir”. A maior expectativa de Pedro Ivo é entrar no mar.
Janaína Magalhães, esposa de Pedro Ivo, diz que o que a motivou a buscar o Projeto Remar foi o desejo de inseri-lo em algum esporte. Ela revela que o esposo no começo tinha receio, não gostava do mar, mas que aos poucos ele foi ficando participativo e gostando da atividade.
Janaína Magalhães conta que em dias de chuva, Pedro Ivo fica chateado por não poder participar das atividades do Remar, que já está frequentando há um ano.
A esposa de Pedro destaca que percebeu o "benefício da criação de uma rotina para ele e por ele poder interagir com outras pessoas com deficiência". Embora Janaína destaque que o projeto seja positivo, ela enfrenta desafios de mobilidade com a cadeira de rodas do esposo, pois a Beira-Mar possui poucas rampas de acessibilidade.
No momento de entrar no mar, todos se ajudam, independente de possuir algum grau de parentesco ou não. Nesta manhã, o primeiro parabéns de Gabriel Gomes foi cantado em alto mar, quando a trimarã e catamarã ficaram próximas ao longo do percurso.
Após o passeio com brincadeiras entre colegas e competição de velocidade e animação entre a trimarã catamarã. Voltaram a terra, e novamente o apoio mútuo é percebido. Após a manhã de remada, Gabriel ganhou mais um parabéns, agora com bolo e suco, e sempre com a confraternização e fraternidade do grupo.