Incêndio no Parque do Cocó: recuperação deve durar um ano e custar R$ 500 mil
Trabalhos no Parque do Cocó terão como objetivo restaurar o mangue e manejo da área de brejo para evitar condições mais secas no durante segundo semestre
12:03 | Abr. 13, 2024
A restauração das áreas danificadas em um incêndio de grandes proporções no Parque do Cocó, em Fortaleza, em janeiro deste ano, deverá durar inicialmente um ano e custará R$ 500 mil. A informação foi dada pelo Governo do Estado do Ceará durante a Festa Anual das Flores (FAA) 2024, realizada no Parque Estadual, durante a manhã deste sábado, 13.
De acordo com o anúncio, os reparos irão se concentrar na recuperação do mangue e no manejo da área de brejo, queimados durante a tragédia do início deste ano. Os últimos trâmites burocráticos estão sendo aguardados para a operação do Plano Restaura Cocó ser iniciada. O Governo do Ceará não divulgou a causa do incêndio.
"Um segundo aspecto muito importante é o aspecto da gestão do Parque. Vamos inovar para ter uma gestão participativa com acompanhamento, com estudo permanente, dados", disse o governador Elmano de Freitas. Ele frisou que não será uma gestão "burocrática", mas "uma gerência que acompanhe os dados da vida que o parque tem".
O investimento previsto para a recuperação é de R$ 500 mil feito pela Fundação Cearense De Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), órgão vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).
Detalhamento do plano de restauração
Para o cientista chefe do meio ambiente do Estado, Luís Ernesto, por ter sido um local de salinas, o Parque do Cocó ainda enfrenta dificuldades na restauração natural de alguns pontos, como a área atingida pelo incêndio deste ano.
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“Essas salinas deixaram algumas cicatrizes no Parque, por exemplo, diques, canais… E isso dificultou que a regeneração normal acontecesse em algumas áreas. Se você pegar fotos antigas dessa área do incêndio de 2024 você vai ver que aquilo já era um descampado, porque aquilo não conseguiu colonizar como deveria”, explica o também professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ainda conforme Ernesto, a área atualmente se tornou um brejo devido ao acúmulo de águas durante o período chuvoso, o que tem dificultado os estudos no local. O professor também explica que apesar de beneficiar algumas espécies durante o início do ano, a área se torna mais seca durante o segundo semestre, propiciando a ocorrência de novos incêndios.
“Esse capim que se desenvolve lá, ele fica muito seco. E aí a população às vezes coloca fogo inadvertidamente, faz fogueira, toca fogo em lixo e qualquer faísca ali, esse capim é um combustível para incêndio”, acrescenta.
O projeto inicial estipula que o brejo não seja retirado do local, mas sim tenha parte do seu território subtraído para que ocorra o plantio de mangue. Para isso, os seis primeiros meses da restauração devem ser destinados ao estudo da topografia, batimetria e hidrologia da área, para a melhor compreensão de onde deverá ser feito o retorno das águas do rio e do mar.
Os estudos também têm a prerrogativa de evitar que a área de brejo mantida no local seque em demasia durante futuros períodos de estiagem no Parque.
Parque do Cocó: nova avaliação em um ano
Passado o período de um ano da restauração, a área recuperada deverá passar por um nova avaliação que irá definir quais procedimentos deverão ser realizados a partir de então para a manutenção do mangue e do brejo.
“Provavelmente ações de monitoramento, porque você precisa ficar monitorando o que está acontecendo. Às vezes o canal erode, às vezes você precisa fazer algum ajuste no plantio”, conclui o docente.
Com informações da repórter Ana Rute Ramires