Cerca de 70 filhotes de tartarugas são soltos no mar da Praia do Futuro
A soltura das tartarugas atraiu dezenas de pessoas ao local. As ninhadas costumam ter de 180 a 200 ovos
14:54 | Abr. 05, 2024
Cerca de 70 filhotes de tartarugas marinhas foram soltas no mar da Praia do Futuro, em Fortaleza, na manhã desta sexta-feira, 5. A soltura, ocorrida no limite da faixa de areia, foi aberta ao público e acompanhada por profissionais do Instituto Verdeluz.
De acordo com Alice Frota, bióloga do Instituto, a ninhada contou com menos ovos do que de costume. Foram aproximadamente 120 ovos, desses cerca de 70 foram para o mar. As ninhadas costumam ter de 180 a 200 ovos.
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“O cuidado maior é em saber o momento em que os filhotes vão nascer. Aqui na Praia do Futuro, eles nascem com cerca de 56 a 58 dias. Quando chega [a data], a gente vem para a praia em busca de saber se eles, de fato, estão nascendo”, explica Alice.
Caso os animais estejam perto de nascer, os pesquisadores colocam telas nos ninhos para que eles não saiam de uma vez durante a noite. “No dia seguinte, pela manhã, a gente retira todos os filhotes do ninho, fazemos o caminho para que eles possam ir para o mar, além de [realizar] esse evento.”
Durante a ação, que é aberta ao público, os animais são cercados para que as pessoas não fiquem muito próximas, com exceção dos biólogos. “As tartarugas são muito delicadas. Às vezes as pessoas não têm muito cuidado, e os filhotes também podem passar doenças para a gente. Então, é bom ver de longe.”
As eclosões assistidas acontecem porque muitas tartarugas não conseguem chegar até o mar. No caso da Praia do Futuro, as próprias iluminações de rua dificultam a vida dos filhotes. “Diferente da luz amarela, que também é um problema, as luzes brancas dos holofotes aqui da praia, que são viradas para o mar, atraem todas as tartaruguinhas que nascem para o poste”, pontua a bióloga.
“Então, elas vão direto para o poste. E, os filhotes têm uma quantidade de energia muito limitada dentro deles. É basicamente para ir ao mar e ficar boiando por um tempinho. Mas elas gastam essa energia indo para o poste e acabam morrendo”, continua.
Soltura atraiu curiosos à orla da Praia do Futuro
A soltura das tartarugas contou a presença de dezenas de pessoas. Duas delas foram Gabriela Gavioli, 30, e Thais Olardi, 34. Paulistanas, elas moram no Ceará há cerca de um ano, são casadas e decidiram levar os dois filhos para viver a experiência pela primeira vez. “Eu tô muito emocionada. É muito lindo”, diz Gabriela.
“Acho que [viver a experiência] é muito importante para que eles [os filhos] saibam o presente que é estar vivo aqui nessa terra, além de saber como cuidar do meio ambiente. Eles podem ver esse projeto de pessoas que dedicam o tempo às tartarugas para cuidar e evitar que elas entrem em extinção. Acho que mostrar isso para os meninos é uma coisa muito grandiosa”, continua.
Raquel Libman, 51, e Carlo Ferrentini, 62, são de Fortaleza e descobriram a soltura por acaso. Eles caminhavam pela praia quando viram uma concentração de pessoas e decidiram ver o que estava acontecendo.
“É uma experiência fantástica, é muito bom saber que essa iniciativa acontece, que os animais estão sendo preservados de alguma forma. E sempre respeitando a seleção deles, de saírem do ninho e irem ao mar”, diz Carlo.
Os amigos Sebastian Muñoz, chileno de 33 anos, Maurício Perea, colombiano de 32, e Inês Vogrig, francesa de 21, também prestigiaram a experiência. Eles moram em Fortaleza há cerca de um ano. “Foi muito bonitinho. Não são todos dias que a gente [vai se] lembrar no futuro. Foi um pouco desesperador, a última tartaruga demorou muito [para chegar ao mar]”, brinca Sebastian.
Outras pessoas que presenciaram o momento foram Felipe Vasconcelos, 19, e Yasmin Alcantara, 18. Eles descobriram a ação de soltura pelo Instagram. “Foi muito especial para mim. Sou apaixonada pelas tartarugas. Tenho até uma tatuagem”, diz Yasmin.