Procissão do Senhor Morto reúne fiéis de todas as idades em Fortaleza
Rito marca uma devoção popular e levou devotos a percorrerem as vias do entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza
23:00 | Mar. 29, 2024
O tempo começava a ficar nublado quando centenas de fiéis tomaram as ruas ao entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza, no fim da tarde desta sexta-feira, 29, para dar início à Procissão do Senhor Morto. Caminhada reuniu católicos de todas as idades, sozinhos ou em família— que mesmo em meio ao calor e a um rápido resquício de chuva se fizeram presentes para relembrar a morte de Jesus Cristo.
Rito marca uma devoção popular e aconteceu logo após a Celebração da Paixão e Morte do Senhor, presidida na catedral pelo arcebispo Dom Gregório. Comandando o momento pela primeira vez como titular da sede metropolitana, o clérigo esteve satisfeito com a adesão dos fortalezenses ao evento.
"O povo de Fortaleza é profundamente piedoso e (...) adere a tudo aquilo que ele percebe que pode ajudar no seu crescimento pessoal e humanitário. É um povo muito querido e já muito amado", declarou.
"(A procissão) Significa a imagem de um povo que crê e que através dessa caminhada mostra um desejo imenso de seguir Jesus Cristo mas ao mesmo tempo de transformar os lugares por onde caminha. Essa caminhada significa a caminhada do povo de Deus, com suas alegrias e dificuldades, com seu desejo imenso de buscar novos caminhos, nova vida e um novo exercer (da fé)", disse ainda na ocasião.
Devoção dos católicos se mostrou visível já durante a celebração na igreja. Com os assentos do espaço lotados, muitos se acomodaram no chão ou levaram cadeiras e bancos em busca de garantir uma "brecha" qualquer para prestigiar o momento, permanecendo no local mesmo em meio ao calor que fazia.
Quando teve início a procissão, o tempo começou a ficar nublado mas a sensação de "abafado" ainda era presente. Devotos começaram a caminhada revezando terços, garrafas de água, bancos e abanadores nas mãos enquanto entoavam cânticos e preces. Eles seguiram a imagem de Jesus por vias do entorno do templo, em um gesto para lembrar da morte de Cristo, que depois de morto foi levado à sepultura.
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Procissão chegou a chamar a atenção de populares por onde passava, atraindo mulheres, homens e crianças para janelas e portões de casas. Dentre o aglomerado de pessoas que caminhava sob o olhar atento de terceiros estava Josane Pereira, 55, que tem a tradição de se fazer presente no rito religioso.
"(A caminhada) É o amor por Jesus. Tudo que ele faz pela gente a gente precisa retribuir um pouco. Isso aqui é um mínimo que a gente pode fazer", diz a enfermeira, que carregava um abanador devido ao calor.
Já para Luciano Tomé, 35, a caminhada teve um sentido mais pessoal. Ele levou pela primeira vez os três filhos para a procissão e caminhava com um deles, de 3 anos, sentado em seu ombro e atento a todos os passos que faziam juntos. "Pra mim é uma grande graça, eu não tive essa experiência com meus pais (...) É uma grande graça pra poder testemunhar pra eles (filhos) esse mistério da fé", diz o vendedor.
Como se fosse uma resposta do futuro, a poucos passos de Luciano caminhava Francisco José, 54, que começou a ir para a procissão quando criança, levado pelos pais. "Eu herdei (o costume de ir para o rito) de tradição dos meus pais e dos meus avós também", relembra o servidor público. Quando ele e os demais fiéis retornaram à catedral uma chuva fina começou a cair, bem a tempo do fim da caminhada.