Denúncia de abuso sexual: mães relatam problemas de segurança em escola de Fortaleza
Instituição teve protesto nesta manhã após a mãe de uma aluna denunciar que a filha foi estuprada por um professor dentro do estabelecimento de ensino. O docente foi afastado, de acordo com a Secretaria Municipal da EducaçãoUm grupo de mães e responsáveis por alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental João Paulo I se reuniu, na manhã desta quarta-feira, 27, para denunciar a falta de segurança na instituição. O movimento aconteceu na sede do estabelecimento, no bairro Bonsucesso, em Fortaleza, após um professor da unidade ser acusado de abusar sexualmente de uma estudante de 4 anos.
Segundo as manifestantes, um único banheiro seria utilizado por meninos e meninas que frequentam o local.
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Geane Karyne, 23, foi uma das responsáveis presentes na manifestação e aponta o constrangimento sentido pela sobrinha ao acessar o toalete enquanto estava no colégio.
“Minha sobrinha que me chama de mãe, chegou pra mim na sexta-feira, mesmo dia do estupro, e disse assim: 'Mamãe, lá no colégio é um banheiro só. Toda vez que eu vou no banheiro já tem menino lá dentro. Já tem homem lá dentro’”, contou. Ela tem três sobrinhas e três primos que são alunos da unidade.
Questionada pelo O POVO, a Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME) afirmou que a unidade dispõe de banheiros distintos para ambos os sexos e que as instalações dos ensinos infantil e fundamental também são separadas.
Após o caso ser divulgado nas redes sociais, diversas responsáveis buscaram a escola procurando um posicionamento. Conforme relatado pelas manifestantes, a escola teria coloccado em dúvida a veracidade da denúncia, alegando que o professor acusado é homossexual.
“Tomou toda essa proporção porque a mãe da menina veio aqui procurar uma assistência com a diretora e a diretora pediu para trazer a menina para saber 'essa história direito, porque [não tinha] nenhuma possibilidade de acontecer isso aqui na escola'. Ela deu a entender que a menina estava mentindo. A mãe veio procurar um suporte, não teve nenhum tipo de apoio da escola, então ela correu para onde foi mais fácil: as redes sociais”, conta Kelly Moura, mãe de um aluno da escola, que afirma também não ter obtido resposta por nenhum meio de comunicação.
A situação tem gerado medo nas mães, que afirmam estar assustadas com o possível risco ao qual os filhos estariam expostos.
“A gente realmente tem uma sensação de muito medo porque eles não falam nada, ela [a diretora] não fala nada, fica lá dentro. A gente fica aqui fora com medo, sem saber como vai ser o futuro dos nossos filhos porque eles têm que estudar. Agora só se a gente vier e sentar do lado dos nossos filhos para eles estudarem. Nem na escola eles têm segurança”, acrescentou Geane.
Caso é investigado por órgãos competentes
Em nota, a SME informou que uma sindicância foi aberta e que "apura rigorosamente a denúncia por meio de um Procedimento Administrativo Disciplinar".
A pasta também informou que o suspeito foi afastado da unidade de ensino e que a Comissão de Proteção e Prevenção à Violência Contra a Criança e o Adolescente foi acionada assim que a família da criança abusada levou o caso à escola.
Uma equipe de mediação escolar está na escola realizando atendimentos, conforme a Secretaria, além da Célula de Segurança Escolar, em que atuam guardas municipais.
Procurada pelo O POVO, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca).
O POVO também questionou a SME sobre as denúncias das mães relacionadas à segurança e ao uso de apenas um banheiro pelos alunos, mas não houve resposta. A matéria será atualizada caso a demanda seja respondida.
Denúncias
A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
Telefone da Dceca: (85)3101 7589
Com informações da repórter Mirla Nobre