Procedimento é aberto contra procurador acusado de agredir entregadora em Fortaleza
Conduta de Antônio Cerqueira é investigada tanto pelo Conselho Nacional do Ministério Público quanto pela Corregedoria do Ministério Público Militar. Caso ocorreu no domingo
08:56 | Mar. 27, 2024
O corregedor nacional do Ministério Público instaurou nessa terça-feira, 26, reclamação disciplinar contra Antônio Cerqueira, procurador de Justiça Militar no Ceará. Ele foi acusado de agredir uma entregadora por aplicativo nesse domingo, 24, em um condomínio do bairro Meireles, em Fortaleza. Parte da confusão foi registrada em vídeo.
Conforme o Conselho Nacional do Ministério Público, o corregedor nacional do Ministério Público, Ângelo Fabiano Farias, determinou a notificação da Corregedoria-Geral do Ministério Público Militar para que, em um prazo de cinco dias, apresentasse as providências tomadas internamente acerca do caso.
Ao O POVO, a Corregedoria do Ministério Público Militar afirmou que também instaurou reclamação disciplinar para apurar os fatos. A reportagem entrou em contato com o procurador, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Como O POVO mostrou nessa segunda-feira, 25, o procurador teria se irritado após ter o pagamento por cartão não autorizado. No vídeo, feito por um entregador, é possível ver Cerqueira jogando a bolsa do entregador no chão e gritando com ela.
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Em Boletim de Ocorrência (BO), ao qual O POVO teve acesso, a entregadora afirmou que, quando tentou realizar o pagamento com um segundo cartão, o procurador teria ficado “com ironia”, e ela respondeu que “se fosse para receber gritos, voltaria para o estabelecimento com o pedido”.
A partir disso, ele teria ficado “bastante alterado” agrediu ela e um outro entregador, expulsando os dois do condomínio. Um dos vídeos mostra o procurador segurando o entregador pelo pescoço para tirá-lo do condomínio. Abordagem semelhante foi feita contra a entregadora, que chega a pedir para que a Polícia fosse acionada e grita "socorro".
A PM foi acionada, atendeu à ocorrência, mas não houve autuações. O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial.
O que diz o procurador Antônio Cerqueira
Em nota enviada pela defesa de Cerqueira nesta quinta-feira, 28, o procurador argumenta que "esses episódios envolvendo entregadores da rede têm sido frequentes em Fortaleza, havendo um conluio entre eles contra os clientes e por qualquer motivo eles filmam e colocam em redes sociais, após fazerem Boletins de Ocorrência aparentando serem vítimas".
Ainda segundo o texto, a filha de Cerqueira fez um pedido por aplicativo e a entregadora se negou a aceitar o pagamento de outra forma, que não por cartão de crédito.
Segundo o procurador, a primeira tentativa de pagamento, em um cartão sem limite de gastos, foi negada, bem como outro cartão, que também possuía crédito. "Mas, muito provavelmente, a
máquina da entregadora estava com algum defeito ou sem acesso à internet, motivo pelo qual, nem com o segundo cartão, eu consegui efetuar o pagamento".
O procurador nega ter tocado "muito menos enforcado" a entregadora, e diz ter apenas ordenado que ela se retirasse do prédio quando ela teria ameaçado negar a entrega. "Qual não foi minha surpresa quando a entregadora começou a filmar, gritando por socorro, dizendo que o meu cartão havia sido rejeitado, por uma compra de R$ 35 e que ela estava sendo humilhada!".
Por fim, a nota do procurador de Justiça Militar acrescenta que "todas as medidas, jurídicas e administrativas, necessárias para o estabelecimento da verdade já estão sendo tomadas".