Casais celebram o amor no 5º casamento coletivo LGBT em Fortaleza
Evento ocorreu na noite dessa quinta-feira, 21, no Teatro São José, em Fortaleza. Ao todo, 22 casais participaram da cerimôniaMãos entrelaçadas, olhos cheios de lágrimas e o nervosismo para viver o momento pelo qual sempre esperaram. Na noite dessa quinta-feira, 21, o Teatro São José, em Fortaleza, foi palco dos votos de 22 casais, que oficializaram a relação e compartilharam o "sim" durante o 5º casamento coletivo LGBT. Uma celebração do amor, onde histórias diferentes se cruzaram sobre o mesmo pano de resistência.
Evento acontece desde 2014 e ocorre por meio de uma parceria entre a Coordenadoria da Diversidade Sexual da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimentos Social (SDHDS), a Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) e os cartórios do Mucuripe, Mondubim e Botelho.
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Cooperação possibilita que a gestão municipal execute o evento e os cartórios realizem a emissão gratuita do registro civil de casamento. Andrea Rossati, Coordenadora da Diversidade Sexual de Fortaleza, esteve presente em todas as edições e pontuou a diferença entre essa celebração e as últimas realizadas.
"Esta quinta edição do casamento coletivo tem um sinônimo: o de resistência, pois recentemente a população LGBT enfrentou uma onda conservadora muito forte, de pessoas que queriam retroceder em direitos já garantidos. Essas famílias que estavam de uma certa forma sem seguridade, hoje elas passam verdadeiramente a existir de fato e de direito", destacou a representante na ocasião.
Entre aqueles que oficializaram a união estava Erica Lira, 26, e Tyler Pablo, 23. O amor do casal vem da época de escola, e os dois já costuram juntos seis anos de história, que teve como frutos duas filhas.
"Quando ela salvou o meu número no celular pela primeira vez ela salvou como 'amor da minha vida', até hoje tá assim", relembra Tayler, aos risos. A expressão mudou ao falar sobre o que a relação o ensinou: "Alcançamos uma maturidade, uma paz, e aprendemos com o tempo que o amor é leve".
Emocionada ao lado do noivo e futuro "esposo", Erica lembra dos desafios e processos enfrentados durante a relação, destacando a transição de gênero pela qual o companheiro passou. "Eu tive que aprender muita coisa com ele. Não deixei de amar, vou amar sempre, e é isso que importa", diz.
Famílias estiveram presentes na cerimônia
Angélica da Silva, 35, conheceu a companheira Francisca Mara, 33, em um aplicativo de relacionamento. No inicio a relação aparentava ser apenas casual, mas houve sentimento. "Desde o primeiro encontro eu senti que nao ia mais largar dela", confessa Angélica.
Em 2023, elas casaram na umbanda e neste ano decidiram oficializar a união no cartório. Os pais de Angélica não conseguiram ir à cerimônia, mas ligaram para dar a "bênção" antes das trocas dos votos. Já Francisca estava com a família presente, como a mãe de criação, Teresinha Mendes, 52, que chorava copiosamente minutos antes da cerimônia começar. As lágrimas eram de alegria, segundo revelou.
Roney Sousa, 30, e Wilson Fernades, 29, também estavam com a família presente. No entanto, o primeiro trocou votos com o companheiro carregando uma falta no peito: a ausência da mãe.
"Eu queria muito que minha mãe tivesse vindo, mas infelizmente por mais que ela fale que me ame, eu sei que ela não me aceita. Já tentei pedir pra ela vir três vezes, mas ela sempre muda de assunto, e eu já levei como um não. Quando a gente fala da nossa união ela muda de assunto. Isso é o que me traz um pouco de nó na garganta, de saber que a minha família mesmo, de sangue, não está comigo", desabafa.
Apesar da ausência da mãe, ele encontrou conforto na presença da família do companheiro. "Pra gente é um dia especial, que precisa ser acolhido, que precisa de amor. Nós estamos aqui pra acolher, pra amar e pra prestigiar o amor, que é o mais importante", diz Cintia Lima, 38, irmã de Wilson.
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