No Passaré, moradores cobram pavimentação de avenida em situação precária
Apesar de ser uma rota alternativa, a via carece de manutenção há anos, de acordo com o relato dos moradores. Prefeitura informou que a via será contemplada em obras de urbanização do Novo Proinfra
O simples ato de chegar e sair é um desafio para muitos moradores da avenida da Saudade, localizada no bairro Passaré, em Fortaleza. Rodeada por empreendimentos comerciais e públicos, a via apresenta problemas estruturais, como muitos buracos, pedras soltas e pontudas, além de grande quantidade de lama acumulada.
Como consequência, são diversos os relatos de veículos atolados e danificados ao trafegarem na estrada carroçal. Além de ser via de acesso aos moradores, a avenida da Saudade é usada como rota alternativa para motoristas que buscam escapar do congestionamento da avenida Juscelino Kubitschek e por oferecer um acesso à avenida Perimetral.
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Inicialmente, os motoristas trafegam pelo asfalto, mas logo se deparam com trechos de calçamento, culminando em uma grande porção de estrada de terra. Quem transita no local ao longo de todo ano aponta a presença de buracos íngremes e pedras soltas.
Contudo, com a chegada do período chuvoso, a situação é agravada pelo trajeto escorregadio e pelas largas e profundas poças de água. Além de morar na via, Amanda Diógenes, 26, dirige todos os dias pela Avenida da Saudade para ir ao trabalho.
Ela conta que, por vezes, enfrentou situações em que o carro da família não conseguiu passar pelo trajeto em direção à avenida Presidente Costa e Silva.
“A população ao longo dos anos foi colocando pedras e entulhos para torná-la transitável. Durante o período de chuva, a situação piora muito, pois acumula água e leva toda a areia, gerando vários buracos. Carros vindos de outras avenidas tentam passar, e a maioria fica atolada nas poças de água, inclusive nós mesmos. Elas são profundas e, várias vezes, já ajudamos a tirar as pessoas que ficaram atoladas”, conta a assistente administrativa.
A moradora aponta que a situação precária da via se estende há diversos anos. “Já houve inúmeras reclamações dos moradores aos órgãos públicos, alguns políticos vieram e prometeram fazer a obra, mas nunca passaram de promessas”, diz Amanda Diógenes.
Amanda Diógenes ainda aponta como problemática a falta de sistema de coleta de esgoto na avenida. De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), foi realizado serviço de implantação da rede coletora de esgoto e reposição do pavimento que existia no local. "Até o final de março, equipes técnicas farão ajustes para corrigir o nivelamento na avenida, abatido pelas chuvas. A companhia reforça ainda que outras intervenções na pavimentação são de responsabilidade da gestão municipal", cita a nota da Cagece.
Ainda conforme a Companhia, a implantação da rede no local faz parte do projeto para a ampliação do sistema de esgotamento sanitário na margem esquerda da bacia do Rio Cocó. Com investimento de R$ 255,4 milhões, o projeto inclui outros nove bairros e tem conclusão prevista para 2026.
Eduardo Alexandrino dos Santos, que também mora e mantém uma empresa de produção de vidros há sete anos na Avenida da Saudade, aponta que desde que chegou à localidade a situação da via vem piorando.
“Mesmo com os buracos, aqui normalmente tem bastante movimento, e é muito comum estragar a suspensão dos carros que passam. Ultimamente, com essas chuvas, é praticamente impossível. Também não dá para sair a pé, porque é capaz de você se molhar todo nas poças e, se sair de carro, pode ficar no prejuízo”, diz o empresário.
Ele relata que leva cordas dentro do veículo onde transporta os produtos de sua empresa para utilizar em caso de possíveis atolamentos. “Só tem esse caminho que a gente pode usar para sair daqui e fazer as entregas, a gente tem que se virar como pode”, comenta o comerciante.
O POVO esteve no local na manhã da última sexta-feira, 15. Segundo moradores, um pouco mais cedo, naquele dia, um caminhão chegou a ficar preso em uma das várias poças de água da avenida, precisando de cerca de uma hora para ser liberado. Os carros apresentavam dificuldade para trafegar pelo local.
A maioria, no entanto, ao avistar o trecho completamente alagado, preferia fazer o retorno a se arriscar pela água.
Uma das moradoras mais prejudicadas pelas más condições da via é Maria Rocha Bráz, prestes a completar 80 anos. Há pelo menos quatro décadas, a idosa mora sozinha em uma casinha na Avenida da Saudade e conta que, das poucas vezes que precisa sair de casa, atravessa a pé as poças de água e vai até a casa de uma amiga.
“Eu vou lá e, como ela tem carro, ela me leva para tirar o dinheiro do meu benefício. Eu prefiro ir a pé pela parte alagada porque é mais perto e também porque é mais seguro”, detalha a idosa.
Dona Maria relata que alagamentos são constantes na região, não sendo incomum a água adentrar a casa dos moradores. A idosa ainda relata que contraiu frieiras na pele dos pés por ter que passar pelas poças de água suja. “Aqui não está feio. Está horrível”, conclui.
O que diz a Prefeitura sobre a Avenida da Saudade
O POVO procurou a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) para esclarecimentos sobre a atual situação da Avenida e uma restauração do trajeto. Em resposta, a pasta declarou que a via será contemplada pelas obras de urbanização do Novo Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento de Fortaleza (Proinfra).
Contudo, um prazo para a conclusão da intervenção não foi apontado à reportagem. “Atualmente, a gestão municipal realiza estudo de viabilidade para a elaboração do projeto para a região, que deverá receber obras de drenagem e pavimentação em intertravado para a avenida”, disse a Seinf, em nota.
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