Fortaleza é sede do lançamento de rede de conscientização ambiental formada por jovens do Nordeste
Interessados podem contribuir com doações ou integrar-se ao time dedicado à causaNa manhã deste sábado, dia 16, o teatro Cuca Mondubim, em Fortaleza, foi palco do lançamento da Rede Ambiental de Valorização de Ecossistemas em Restauração (Reaver), que promove a união de jovens nordestinos em prol de uma sociedade mais sustentável e igualitária.
Na data em que também é comemorado o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, projeto Reaver, coordenado pelo Instituto Terre des Hommes, surge da colaboração entre jovens do Nordeste que fazem parte de coletivos dedicados ao fortalecimento da luta socioambiental.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Seu principal propósito é envolver, conscientizar e mobilizar a juventude, destacando a relevância dessa luta para a preservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades.
O evento inaugural despontou com apresentações de poesia e rap, abordando questões como o racismo ambiental, entendido pelos participantes como um pilar fundamental na luta pela preservação do meio ambiente.
Eduardo Cavalcante, também conhecido como DR, um artista multifacetado, destacou a rima e a poesia como ferramentas poderosas para transmitir conhecimento, unindo arte e conscientização. "A mensagem impacta em diversos aspectos e a rima, por ser mais atrativa, prende a atenção da galera", enfatiza.
Essas formas de educação multidisciplinar, que incluem palestras, dança, teatro e música, fazem parte do escopo planejado pela equipe coordenadora visando cultivar uma consciência vigilante sobre questões sociais e políticas.
"A ideia é unir coletivos que já abordam questões ambientais ou sociais, de gênero e raciais, para formar uma frente de incidência política", afirma Denise Mota, geógrafa e educadora ambiental da Rede.
Na linha de batalha pela preservação ambiental, o compromisso desses jovens começa cedo. É isso que acredita a educadora. "O projeto foca nos jovens de 12 a 21 anos. A ideia é exatamente fortalecer a questão ambiental nos jovens com menor idade", explica.
"Queremos que nossa realidade seja diferente do que é hoje, e começar tão jovem é para ter mais tempo para lutar", afirmou Thayná Sousa, 17 anos, integrante do Coletivo Revide e da Rede Reaver.
Para Jamilly Ellen, 19 anos, integrante do coletivo Meraki do Gueto, a luta ambiental é parte de um todo que requer a participação de diversos setores da sociedade. "Como vamos lutar pelo meio ambiente se não temos saúde?", questiona a jovem.
Residente do Parque Santa Maria, ela lamenta a distância do bairro para os centros culturais da cidade e expressa o desejo de reduzir as amplas divisões sociais que, mesmo dentro da mesma Cidade, tornam alguns espaços inacessíveis.
“A nossa prioridade agora tá sendo na saúde e na padronização dos postos, porque o nosso posto não tinha nenhuma estrutura. Chegou o ponto do teto cair, fechou e não tinha onde ter atendimento. A gente tá desde 2020 nessa luta, e agora, graças a Deus, o posto está sendo reconstruindo", comemora.
A jovem compartilha que, em sua rotina, as quintas-feiras à noite são reservadas para encontros com os colegas para debater as problemáticas e planejar a promoção de novos projetos. "É cansativo, mas vale a pena. Olha o posto! Demorou, mas conseguimos", ressalta.
A arquiteta Maria Cristiellen Ribeiro, palestrante do evento, também defende que a educação sobre questões socioambientais e o entendimento do próprio espaço habitacional ainda na infância pode tornar as reivindicações mais efetivas às autoridades.
"Eu escolhi a minha luta na universidade porque eles falam essa língua e muitas vezes a gente não compreende, e a gente precisa entender o Estatuto da Cidade porque, quando vierem para cima da gente, vão vir com essa língua e a gente precisa compreender para poder lutar", diz ela.
Expansão da Rede
O projeto começou com uma iniciativa do Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil, que promoveu em dezembro de 2023 um acampamento ambiental, com a presença de quase 60 jovens de Fortaleza, Caucaia e Aracati – todos eles com engajamento em causas sociais com foco no meio ambiente.
A expansão da Reaver não se limita apenas a Fortaleza. Ainda de acordo com Denise Mota, "esse ano vai ter o lançamento no Rio Grande do Norte, no Maranhão e no Piauí."
Essa conexão entre os diferentes territórios será estabelecida tanto de forma virtual quanto presencial, com a realização de caravanas. Denise enfatiza que o objetivo é promover a troca de experiências entre os jovens protagonistas de cada localidade, possibilitando uma compreensão mais ampla de como as políticas públicas ambientais estão sendo implementadas em diferentes regiões.
Ela ressalta ainda que, em todos os eventos, os jovens são as figuras centrais da resistência. "Eles que montam o evento, então eles que são protagonistas. O projeto é jovens como protagonistas da saúde ambiental no Nordeste".
Como ajudar
As atividades desempenhadas incluem capacitações, intervenções, workshops, debates e oficinas, tanto pelos coletivos de cada bairro quanto pela união destes, que formam a Reaver, na Rede Cuca.
Os interessados em integrar, podem acessar ao site https://reavernordeste.org/. Lá, é possível visualizar datas importantes, enviar sugestões de debates, visualizar os valores partilhados pela equipe e fazer doações.