Há 39 anos encalhado, Mara Hope afunda mais após parte do casco ceder
Quase toda a estrutura do navio se encontra submersa; consumida pela ferrugem. Embarcação presa ao litoral de Fortaleza pode representar perigo para os visitantes
17:00 | Mar. 05, 2024
A noite do dia 6 de março de 1985 marca um evento que ficaria para sempre na história do litoral de Fortaleza: o encalhe do Mara Hope. Passados 39 anos, o navio que durante muito tempo foi ponto turístico da Cidade está em estado de deterioração, com a maior parte da estrutura submersa e o restante da superfície aparenta estar afundando no mar.
O Mara Hope foi por décadas uma atração no mar da Capital. Desde os curiosos pela história da embarcação até os corajosos que a utilizavam para (proibidos) saltos no mar, o navio atraía turistas e moradores de Fortaleza para contemplá-lo.
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Hoje a situação é diferente. Consumido pelas ferrugens, o navio está quase totalmente submerso. O que ainda resiste acima da água representa um constante perigo para quem se aproxime.
Veja o antes e depois do Mara Hope
Única parte ainda “de pé”, a proa do navio está caindo aos pedaços. Para evitar possíveis acidentes, tanto a visitação ao navio em barcos quanto a subida nele não são mais recomendadas, como explica o pescador Evilásio de Souza, 83, que transportava visitantes até lá.
“Ele está 'arriando' todinho. Daqui você via um buraco [na lateral do navio], de um lado para o outro. Está até proibido 'neguinho' ir para lá para cima dele”, conta o morador da região, que destaca os riscos de se aproximar do barco.
“Ele tá ali. O máximo que eu posso ficar é uns três metros [de distância]. Se cai um pedaço de ferro daquele em cima do meu 'paquete' aí, vai embora nós dois”, conta.
O POVO contatou Marinha do Brasil e Capitania dos Portos do Ceará para saber sobre o tráfego de pessoas e barcos próximo ao navio. A Marinha enviopu nota explicando que, após cinco anos de encalhe, a situação é de responsabilidade da União.
"Para a garantia da Segurança da Navegação, o casco do navio encontra-se representado na Carta Náutica 710, da Costa Brasileira. Adicionalmente, a Capitania dos Portos do Ceará (CPCE) realiza atividades rotineiras de Inspeção Naval que contemplam o local e disponibiliza o telefone (85) 3133-5100 para denúncias, assim como mantém escuta permanente do Canal 16 (VHF), destinado ao Serviço Móvel Marítimo".
Questionada sobre o futuro da embarcação, que hoje pertence ao Governo Federal, a Superintendência do Patrimônio da União do Ceará (SPU-CE) não se manifestou ainda.
Em nota, a Inspetoria de Salvamento Aquático da Guarda Municipal de Fortaleza informou atuar na Praia do Havaízinho com uma equipe em regime de plantão, composta por três guardas, todas as sextas-feiras, sábados e domingos e feriados, das 8 às 17 horas.
"A disposição da equipe foi uma demanda atendida pela Prefeitura de Fortaleza a partir da solicitação da comunidade do Poço da Draga e visa garantir a segurança dos banhistas na área nos horários de maior fluxo de pessoas no local", completa a Guarda Municipal.
Encalhe do Mara Hope
O petroleiro foi condenado antes mesmo de chegar a Fortaleza, dois anos antes, quando foi atingido por um incêndio no porto do Texas, nos Estados Unidos. Após a tragédia, o que restou do barco foi vendido para desmonte em Taiwan, destino para o qual era levado com a ajuda de um rebocador, no início de 1985.
Ao passar perto da orla de Fortaleza, o navio responsável por guiar o Mara Hope teve problemas mecânicos e ancorou no antigo porto do Mucuripe, na região que à época ainda era chamada de Praia Formosa. Durante uma forte chuva, o Mara Hope se soltou do rebocador e seguiu à deriva até encalhar próximo à Ponte Metálica, onde está até hoje.
Após o acidente ainda foram realizadas algumas tentativas de resgate do petroleiro, como o envio de um novo rebocador, desta vez pertencente à Petrobras e que não obteve sucesso. Após sequência de falhas em remover o navio do local de encalhe, a empresa responsável por ele decidiu resgatar o que podia ser salvo e deixar o “resto” para trás.