Fortaleza: condomínio interditado já tinha recebido notificação da Defesa Civil

O POVO foi até o local, e alguns moradores já estão se mobilizando para sair do local, outros seguem procurando um novo lugar para morar e outros não querem sair do condomínio

12:13 | Mar. 02, 2024

Por: Gabriela Monteiro
Homens retiram móveis do Residencial Santa Helena, na Cidade dos Funcionários, em Fortaleza. Prédio foi interditado pela Defesa Civil do Município (foto: FÁBIO LIMA)

A interdição do Residencial Santa Helena, no bairro Cidade dos Funcionários, em Fortaleza, causou diversos transtornos para as famílias que viviam por lá. Com o aviso de saída imediata pelo alto risco de desabamento, as famílias afetadas correm contra o tempo para ir para um local seguro e se livrar do perigo. De acordo com a Defesa Civil, o condomínio já havia sido notificado antes. 

Morador do prédio, Caio Barros, de 36 anos, relata que foi algo de repente e que eles não esperavam. “Eu moro aqui de aluguel, eu não sou proprietário. E, no meu caso, eu nem sabia que o prédio estava neste estado. E aí quando eu cheguei, a Defesa Civil já estava aqui, estava tendo uma reunião e já colocaram logo a placa”, disse.

Barros comentou também que se solidarizou com a situação de outros moradores, já que alguns deles compraram o apartamento e se mudaram a pouco tempo e outros já viviam pelo local há muito tempo.

“Eu fico preocupado também com as pessoas que não querem sair, porque tem muita gente que não quer não quer sair ou porque não tem para onde ir ou porque é muito apegado a sua casa e diz que não vai sair”, contou.

No caso de Damiana Vieira, de 59 anos, ela relata que as rachaduras estão presentes nos blocos 6 7 8 e 9 e que, por não tem como custear a mudança sua filha está fazendo uma rifa para arrecadar o dinheiro necessário.

“A gente não tinha previsão de mudar tão cedo, então a gente não tinha nem dinheiro guardado para nada, só um dinheirinho para pagar nossas contas mesmo. Então a gente vai ter muito gasto tanto com aluguel, como com outras despesas”, relata.

Outra moradora, que não quis se identificar, informou que tem pessoas incentivando os residentes a ficarem no local, mesmo com os riscos apresentados. Além disso, ela cita que há um medo de que imóveis sejam invadidos por terceiros.

"Perder um imóvel que muitas vezes ainda está sendo pago, ou se levou anos pra conquistar, é bem difícil mesmo. É uma possibilidade (...) Saímos de uma pandemia. Muitos ainda estão tentando se recuperar de saúde, financeiramente. Muitos ficaram com sequelas (meu núcleo familiar, por exemplo). E vem esse baque", relata.

Condomínio apresenta "anomalias estruturais"

Em nota, a Defesa Civil de Fortaleza informou que o prédio foi interditado, na manhã da segunda-feira, 26, e que cerca de 160 famílias que viviam nos nove blocos habitacionais foram afetadas. O condomínio encontra-se em risco de desabamento, apresentando diversas anomalias estruturais, possivelmente causadas por problemas na estabilidade do solo.

“Durante a vistoria, a equipe explicou aos moradores, acompanhados pela Síndica, a gravidade da situação e solicitou a saída imediata de todos. Na ocasião, os agentes também comunicaram que as famílias poderão ser encaminhadas para o Aluguel Social. Aquelas que se enquadrarem nos critérios do programa terão direito ao benefício”, informou a nota.

A Defesa Civil informou ainda que o condomínio já havia sido notificado anteriormente e estava sendo acompanhado pela DC. “A orientação agora é contratar uma empresa habilitada para que seja realizada a reforma estrutural em todos os blocos. Os moradores só poderão retornar após a conclusão das obras necessárias para a eliminação dos riscos”.

Em caso de riscos, a Defesa Civil de Fortaleza deve ser acionada via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) pelo telefone 190. Os agentes trabalham em regime de plantão.

Com informações da repórter Lara Vieira/ O POVO