Cocó deve receber 11 monitores de qualidade do ar para prever novos incêndios

Qualidade do ar em Fortaleza é considerada boa, conforme padrões estabelecidos pela OMS. Contudo, em horários de pico, índices ruins são detectados pelos monitores

As áreas verdes mais centrais de Fortaleza, do Parque Adahil Barreto ao Parque do Cocó, devem receber monitores de qualidade do ar. Os equipamentos serão utilizados para detectar precocemente casos de focos de incêndio e, assim, acionar o Corpo de Bombeiros. A instalação dos equipamentos já está em processo, com previsão de conclusão para o próximo mês, março.

A ação, realizada pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova), deve englobar 11 monitores. Destes, 8 são realocados de outros pontos da Capital e 3 são equipamentos novos desenvolvidos por técnicos da Universidade Federal do Ceará (UFC), parceira da iniciativa.

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O serviço de monitoramento do ar em Fortaleza faz parte de um projeto piloto coordenado pela Citinova e pela Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), com desenvolvimento da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Lançados em maio de 2023, os até então 23 monitores instalados na Capital chegaram a detectar o material particulado emitido pelo incêndio do Parque do Cocó, que ocorreu no último mês de janeiro.

“Quando instalamos esses monitores, nós pensamos principalmente em analisar os poluentes maléficos à saúde. Um incêndio acaba produzindo muito material particulado, que é um dos componentes mais danosos para nós. Quando houve o incêndio no Parque do Cocó, nós inclusive conseguimos captar nos medidores do bairro Jardim Iracema [distante cerca de 14km] e no Farias Brito [distante cerca de 12km]”, comenta Luiz Alberto Sabóia, presidente da Citinova.

Segundo a Fundação, no momento do incêndio no Cocó, foi captado um índice de material particulado cerca de cinco a seis vezes maior do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é até 15 microgramas/metro cúbico (µg/m³). “Não era nem ao menos durante um momento que justificasse isso, como o horário de pico de trânsito”, apontou Luiz Alberto Sabóia.

Monitores de ar na Avenida Beira Mar, em Fortaleza(Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)
Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo Monitores de ar na Avenida Beira Mar, em Fortaleza

Instalados no topo de estruturas, como postes, os monitores possuem sensores na parte inferior, responsáveis por coletar dados como os tipos de poluentes e parâmetros climáticos, tais como temperatura, umidade e pressão do ambiente.

Esses dispositivos são alimentados por painéis fotovoltaicos e, através da rede pública de internet da Prefeitura, enviam os dados a cada segundo para uma central de análise que irá processar as informações.

“A ideia é fazer uma espécie de cinturão ao redor do Cocó. A instalação deve finalizar no decorrer do mês de março, já que estamos instalando a internet nos equipamentos, além de outros processos”, diz o presidente da Citinova.

Com a realocação e adição de três novos equipamentos, o número de monitores de baixo cursto em Fortaleza passará a ser 30. Até o momento, foram investidos R$ 300 mil provenientes da parceria por Cidades Saudáveis, iniciativa da Bloomberg Philanthropies e da Vital Strategies.

A instalação inicial dos equipamentos seria finalizada em junho de 2023. De acordo com a Citinova, em decorrência da fase piloto do projeto, os primeiros resultados concretos devem ser anunciados apenas em abril de 2024.

“Os dados coletados até o momento são preliminares. Nós definimos que precisamos de 10 meses, pois esse intervalo de tempo seria o ideal para um acúmulo de dados para um parecer confiável”, ainda explica Luiz Alberto Sabóia.

Atualmente, 15 locais possuem monitores de baixo custo instalados. Além destes, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) também já possuia um monitor tradicional.

  1. Av. Dep. Paulino Rocha, 1343 (Seuma);
  2. Praia de Iracema (Citinova);
  3. Av. Bezerra de Menezes x AV José Jatahy (Farias Brito)
  4. Av. MAJ Assis x Rua Alberto Ferreira (Vila Velha)
  5. Av. GAL Osório de Paiva x Rua Lebom Maia (Siqueira)
  6. Av. C - CJ José Walter x AV L - CJ José Walter (José Walter)
  7. Av. Pres. Juscelino Kubitschek x Rua Eldorado (Hospital Sarah)
  8. Av. Pres. Castelo Branco (EMEF Hilberto Silva) - (Leste Oeste)
  9. Av. Rua Guilherme Rocha X Avenida Tristão Gonçalves (Praça da Lagoinha)
  10. Av. Rua São José SN (Paço Municipal)
  11. Av. Pontes Vieira - SCSP
  12. Av. Dom Luís (Praça Portugal)
  13. Av. Beira Mar X Av. Desembargador Moreira (Beira Mar)
  14. Av. Vicente de Castro (Areninha Morro Santa Terezinha) - (Iate Plaza)
  15. Av. José Sabóia (EMEIF Godofredo de Castro Filho) - (Cais do Porto)
  16. Av. Treze de Maio (Igreja Nossa Sra. de Fátima)

Qualidade do ar em Fortaleza tem parâmetros aceitáveis

Apesar de se configurarem como dados preliminares, a Citinova declarou que a qualidade do ar de Fortaleza está dentro do aceitável para a realidade brasileira e do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A legislação brasileira (Conama nº 491/2018) recomenda uma média diária de até 25 µg/m³ e a OMS, de até 15 µg/m³.

No entanto, nas horas de pico do tráfego veicular, o índice detectado em alguns pontos da Capital ultrapassa os limites recomendados. No ponto de monitoramento do bairro Siqueira, por exemplo, a média diária é de 10 µg/m³ e na hora pico chega a 30 µg/m³. Já no ponto de medição do Passaré, a média diária é de 7,5 µg/m³ e na hora pico chega a 15 µg/m³.

De acordo com a Citinova, a qualidade do ar pode variar por uma porção de fatores, como horário, localização e dinâmica dos ventos. “Quando você tem uma média diária boa e apenas alguns momentos do dia com picos ruins, provavelmente esse aumento está associado ao tráfego urbano”, diz a Citinova.

Segundo os técnicos, os dados seguem um padrão de todos os grandes centros urbanos. Contudo, a detecção de padrões elevados “acende um sinal amarelo”.

“Os dados podem ser usados como parâmetro para a elaboração de políticas públicas. Por exemplo, a expansão dos microparques urbanos. Áreas arborizadas são super importantes pois funcionam como uma barreira de contação para barrar poluentes que são prejudiciais à saúde”, concluiu Luiz Alberto Sabóia, presidente da Citinova.

 

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