Carro roubado pode ser o "fio da meada" na investigação da execução de PM no Grande Pirambu
Cinco dias após a morte do Soldado Marques, cinco policiais militares foram baleados no Grande Pirambu. Carro teria sido abandonado em área diferente para atrapalhar investigaçãoO automóvel usado por criminosos na execução do policial militar Bruno Lopes Marques, de 27 anos, foi roubado de um motorista de aplicativo no dia 3 de janeiro na Lagoa Redonda, em Fortaleza. A rota desse carro pode ajudar o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) a elucidar a execução do policial militar. O crime ocorreu na segunda-feira, 12, no bairro Carlito Pamplona (Grande Pirambu), também na Capital.
Até o momento dois suspeitos de envolvimento com a morte de Bruno foram presos. Os nomes não foram informados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e também não foi apontada qual a participação deles na ação.
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Foram cumpridos, na manhã do domingo, 18, sete mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária. Conforme o diretor do DHPP, Ricardo Pinheiro, além dos dois presos, a Polícia apreendeu dois adolescentes com munições, que não teriam ligação direta com o caso. Foram apreendidas 800 munições.
O soldado Marques estava de folga em um estabelecimento comercial jogando cartas com colegas quando foi atingido por mais de 20 tiros e morreu no local. Cinco dias após a ocorrência, outros cinco policiais militares, também de folga, foram baleados no bairro Cristo Redendor (Grande Pirambu). Não foram informadas as circunstâncias dessas tentativas de homicídios contra eles.
A investigação conduzida pela delegada da Polícia Civil do Ceará, Claudia Guia, que é titular da 11ª Delegacia do DHPP apontou que na execução do soldado Marques existiram três séries de ações. A primeira foi de planejamento, a segunda de execução e a terceira uma ação posterior ao crime no Carlito Pamplona, onde os responsáveis tentaram retirar o veículo usado na ação para não chamar atenção da Polícia.
Carro, blusa e vídeo: provas ou tentativa de induzir investigação ao erro?
Pelo menos três situações estão sob verificação da equipe do DHPP. Uma delas é sobre o carro usado no crime. A outra situação é sobre a blusa com a foto do traficante morto no Rio de Janeiro, deixada na entrada do estabelecimento onde houve a execução de Marques. Na terceira situação, um vídeo que surgiu nas redes sociais mostra o policial filmado no bar.
Conforme a delegada Cláudia Guia, o vídeo não é do dia da morte de Marques e teria sido gravado por amigos dele em um grupo de jogos.
A titular do DHPP afirma que ainda também não é possível afirmar que esse material foi plantado para causar "distrações", mas que tudo que está chega sobre o caso é checado para comprovar ou não a veracidade.
A delegada afirma que após a morte de Marques, a área do Grande Pirambu, que abrange bairros como Carlito Pamplona, Pirambu e Cristo Redentor, teve o policiamento reforçado. No intuito de não colocar a comunidade dos criminosos em evidência, o carro foi retirado da área abandonado na Barra do Ceará. A delegada não informou o nome da comunidade para que a investigação não fosse prejudicada.
Cláudia Guia repassou que o veículo foi roubado no dia 3 de janeiro de um motorista de aplicativo e que o autor desse roubo se passou por cliente. O automóvel foi solicitado em Messejana e o criminoso anunciou o assalto no bairro Lagoa Redonda. Durante uma semana, antes da morte de Marques, o veículo, que foi adulterado, rodou na comunidade.
"Carro trafegava na comunidade uma semana. Saiu da comunidade e após o crime retornou a comunidade. Várias viaturas estavam na área e ficaram com receio de manter o veículo dentro da comunidade. Isso está comprovado e a gente espera avançar nas investigações", aponta.
A titular da 11ª delegacia classifica essa investigação como complexa e afirma que, neste momento, não se pode afirmar se a morte de Marques está ligada ao caso dos cinco policiais baleados.
Blusa tinha fotografia de traficante morto no Rio
Do lado de fora do estabelecimento onde o soldado foi morto foi encontrada uma blusa com a fotografia de um traficante morto no Rio de Janeiro: o Biú. A morte desse traficante teria ocasionado um salve para que os comércios do Pirambu fechassem as portas. O Comando Vermelho (CV) tentou decretar luto no bairro e causou prejuízo para os proprietários de estabelecimentos da área. O corpo do traficante foi levado do Rio de Janeiro para o Ceará, onde foi velado e sepultado.
Inicialmente, em razão da blusa, foi ventilada a possibilidade da morte de Marques ser a uma retaliação em razão da morte do traficante Biú. No entanto, a delegada afirma que nesta fase da investigação não é possível afirmar que a execução é ligada a Biú.
Homicídio e tentativa de homicídio contra policiais: "É inadimissível"
O subcomandante geral da Polícia Militar do Ceará, coronel Vinícius Vineimar Rodrigues, informou, durante coletiva na SSPDS, que considera inadmissível o homicídio e as cinco tentativas de homicídios contra agentes de segurança de folga e afirma que a determinação do comando geral da PMCE e da SSPDS é de apoiar a tropa.
Em relação ao estado de saúde dos feridos, três policiais baleados receberam alta e dois seguem internados, um deles em razão de lesões na boca provocadas pelos tiros e outro que foi atingido no abdômen.
Conforme o subcomandante geral da Polícia Militar, todos estão fora de risco de morte. Os agentes de segurança que receberam alta estão se recuperando em casa, afirma o oficial.
Um dos policiais baleados foi alvo de uma operação contra crimes de extorsão, homicídio, tráfico de drogas ocorridos na região da Barra do Ceará. A operação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e da Controladoria Geral de Disciplina (CGD) ocorreu em novembro de 2023.
Sobre a nota que foi divulgada pela SSPDS no dia do crime contra os agentes de segurança, que descrevia os policiais vítimas como investigados, o subcomandante ressaltou que a corporação está preocupada, atualmente, em descobrir quem são os autores da morte e também das cinco tentativas de homicídio.
O subcomandante da PMCE aponta que a morte de agentes de segurança é uma situação grave e que não é comum. "Psicólogos e assistentes sociais estão dentro do quartel conversando com a tropa", aponta.
O reforço policial, conforme o oficial, não tem previsão de ser finalizado. São agentes do Policiamento Ostensivo Geral, Comando de Policiamento de Choque, Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), Comando de Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac), Batalhão de Polícia de Meio Ambiente (BPMA), Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE), Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), além da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, DHPP, Departamento de Inteligência Policial e 7º Distrito Policial.