Beira-Rio: frequentadores avaliam a orla um ano após revitalização

Situado às margens do Rio Ceará, o calçadão atrai tanto os que buscam um passeio tranquilo e até os amantes do turismo de aventura

19:04 | Fev. 19, 2024

Por: Giordano Barros
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL,18.02.2024: Caminhada na Beira Rio, Barra do Ceará. (foto: FÁBIO LIMA)

Ao deslizar dos raios solares sobre as margens do Rio Ceará, o movimento de pessoas se intensifica ao longo do trecho costeiro da Barra do Ceará, na célebre Beira Rio, na tarde do domingo, 18. Após sua revitalização há pouco mais de um ano, o calçadão se tornou um ponto de encontro de moradores e turistas que buscam lazer. 

"Essa vista maravilhosa não tem preço que pague", expressa com entusiasmo o morador local Samuel Barbosa, 54. Ele revela que é frequentador assíduo do calçadão, junto com a família, que já vive na Barra há quase 30 anos.

"Se dependesse de mim, viria aqui todos os dias. A movimentação melhorou demais depois da revitalização. Tem dias que mal dá para estacionar o carro", diz.

Observando esse fluxo, Ohana Rebeca, 24, também moradora do bairro, destaca a importância do espaço para a economia local, que, segundo ela, é intensificada nos finais de semana. "Dia de domingo é bem mais lotado, e a gente vê até turistas vindo aqui conhecer. Além da Beira-Mar, eles passam aqui também".

Embora distante do estrelato da famosa Beira-Mar, o calçadão do Beira-Rio emerge como um equipamento igualmente significativo para os que têm a possibilidade de desfrutar de um espaço democrático de lazer.

"É preciso conscientizar as pessoas que esse calçadão é um marco histórico para Barra do Ceará, é lindíssimo", defende Gláubia Santos, 50, atendente de um quiosque local.

A despeito do estigma de violência no entorno, que ainda é um entrave à adesão do público, ela garante que não há o que temer.

"É muito tranquilo aqui. Algumas pessoas comentam que ainda há uma certa resistência. Acho que o problema daqui não é esse, é mais uma questão de educar a população, como botar um lixinho no calçadão ou trazerem saquinhos quando vierem com cachorro para apanhar o cocô", afirma.

Para a também atendente Rosenilda Lopes, 45, as reivindicações são, igualmente, de natureza estrutural. No projeto de requalificação, o local recebeu diversas intervenções como espaços para corridas e caminhadas, academia ao ar livre, além da instalação de duas quadras poliesportivas e três quadras de areia para esportes.

De acordo com Rosenilda, as quadras carecem de manutenção, o que faz com que as atividades desportivas sejam deslocadas para o próprio calçadão, prejudicando os transeuntes. "Tá servindo só para os cachorros dormirem. Aí o pessoal brinca é no calçadão. Outro dia a bola pegou em um senhor que passava aqui e ele se machucou", conta. 

Ela observa, no entanto, que a reforma impulsionou uma maior movimentação no local, predominantemente de moradores da região, mas que já chega a atrair visitantes de outras partes do estado e do país.

Como é o caso da Érica Torres, 27, natural do município cearense de Pacatuba, que veio especialmente para experimentar a emoção do rapel na ponte sobre o Rio Ceará. "É minha primeira vez aqui, é bacana, a vista é muito bonita. Vou voltar mais vezes", afirma.

A turista potiguar Ana Beatriz, 17, passa as férias com a família em Fortaleza todo ano. Ela elogia o espaço e destaca a modernização como um diferencial. "Aqui [em Fortaleza] investem nas orlas, a gente percebe que é melhor a infraestrutura, calçadão, acho muito legal que tentam inovar e trazer coisas mais atrativas", comenta. 

Da memória de um rio que beira o mar 

"Está muito diferente a nossa Barra, mas sempre linda". Na voz de Alberto de Souza, 64, proprietário de um restaurante na orla que funciona há mais de seis décadas, o local, herdado dos pais, ganha uma aura de nostalgia entrelaçada com esperança.

"Aqui está muito bom. Antes os quiosques não ofereciam boas condições", diz ele. "Mas acho que pode melhorar mais". Para Alberto, o que de mais valoroso se pode agregar é a cultura. "Podia ter um olhar mais cultural, trazer um festival ou algo nos finais de tarde, ao pôr do sol", avalia. 

Ele não deixa de expressar orgulho ao mencionar sua contribuição nesse propósito. Na última sexta-feira, 16, inaugurou, no restaurante, o 1º Museu Orgânico de Fortaleza. "É um presente pra mim e pra toda a comunidade que faz parte dessa história". 

Nas paredes do estabelecimento, as fotos e a história do proprietário em conexão com o lugar, desenham um retrato da tradição que permeia cada canto do ambiente. "O meu espaço eu pretendo ocupar assim", completa ele.