Mães do Curió transformam dor e saudade em Maracatu na Domingos Olímpio
Com desfiles e bloquinhos a segunda noite na avenida foi marcada com a presença de muitos foliões
23:13 | Fev. 11, 2024
Mães que representam os filhos mortos na Chacina do Curió, matança de 2015 que deixou 11 mortos em Fortaleza, mostraram a sua força neste Carnaval.
A dor se transformou em representatividade na avenida Domingos Olímpio.
O Maracatu virou saudade com as Mães do Curió em alma e corpo para desfilar no asfalto pelas suas crias.
Edna Carla, 52 anos, uma das mães que perderam o filho na Chacina do Curió, ressalta o quanto é importante os jovens terem o direito de viver, principalmente na periferia.
“É muito importante estarmos aqui, as vítimas da Chacina do Curió não puderam estar aqui, queremos que nossos jovens possam ter direito de viver e de poderem se formar onde eles quiserem, e eles possam fazer o que eles quiserem mesmo morando na periferia. Meu filho não está vivo, mas eu sou a voz dele e estou aqui", enfatiza Carla.
Este foi segundo dia de Carnaval da avenida Domingos Olímpio, no domingo, 11. As apresentações ficaram por conta de Vozes da África e Maracatu Nação Fortaleza.
De acordo com José Gomes, que desfila pela Nação Fortaleza há 30 anos, é sempre uma emoção estar todos os anos nos carnavais representando essa cultura. Ele realiza apresentações junto de Liduina Maria, desfilando juntos há 10 anos.
E Maracatu traz também conhecimento. Na avenida aconteceu a distribuição de livros enquanto eram realizados os desfiles.
Segundo Cilas Falcão, presidente da associação cearense de escritores, essa é a terceira edição da leitura cearense na avenida através do Maracatu. “A distribuição de livros é gratuita. A nossa principal função é de divulgar literatura para todos”, informa Cilas.
Rosa Morena, coordenadora do clube de leitura conversa, ainda frisa que a literatura ela sempre esteve nas festas populares, como o Carnaval. "Por isso nós estamos compartilhando grandes leituras nesse desfile que é tão importante.
"Estamos distribuindo vários livros de autores cearenses para o público além de outros grandes escritores”, destaca a coordenadora.
Uma das fantasias que mais chamaram atenção foi a de Anderson Ribeiro, artesão, que estava Taxa do Lixo: “Estamos pagando pelo segundo ano a taxa do lixo, a população paga um valor alto, mas mesmo assim a cidade continua muito suja” ressalta o artesão.