Companheira de homem acusado de matar mulher com 109 facadas também é denunciada

Motivação do crime ainda não foi identificada, mas MP denunciou o casal por feminicídio

19:45 | Fev. 01, 2024

Por: Lucas Barbosa
Maria Clara apresentava 109 lesões a faca (foto: reprodução)

Maria do Socorro de Souza Cavalcante, de 25 anos — companheira de José Leonardo da Costa Damasceno, o “Léo Gordim”, de 20 anos, preso acusado de desferir as 109 facadas que mataram Maria Clara Barbosa Ramos, de 20 anos —, também foi denunciada pelo assassinato. O Ministério Público do Ceará (MPCE) ofertou a denúncia nessa quarta-feira, 31, pelo crime registrado na madrugada do dia 13 de novembro passado em Fortaleza.

Além do casal, Carlos Henrique de Sousa Rodrigues, conhecido como “Neguinho” ou “Pelé”, de 19 anos, foi denunciado, acusado de participar da tentativa de ocultação do corpo. Maria Clara foi assassinada em um apartamento do bairro Paupina, mas só foi encontrada horas depois na Sabiaguaba.

A investigação da 10ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontou que Maria Clara, José Leonardo e Maria do Socorro se conheceram na noite anterior ao crime, durante uma festa em uma boate localizada no bairro Serrinha.

Os três foram até à casa de Maria do Socorro na Paupina, local onde ocorreu o crime. “A motivação do delito não foi revelada, até o presente momento, podendo ser a denúncia aditada por ocasião da instrução processual”, diz a denúncia do MPCE, assinada pelo promotor Ythalo Frota Loureiro.

Apesar disso, ficou caracterizado, conforme o promotor, o crime feminicídio não-íntimo, ou seja, o assassinato de uma mulher por razão de seu gênero praticado por pessoas que não eram de seu círculo íntimo.

Durante as investigações, a Polícia Civil chegou a levantar a possibilidade de que Maria Clara foi morta por se recusar a fazer sexo com José Leonardo. Ele optou por ficar em silêncio durante depoimento. Um familiar de José Leonardo, porém, afirmou que ele negou o crime.

José Leonardo disse ao parente que havia dado uma carona na boate à vítima, pois esta não estava conseguindo falar com uma amiga. “Em determinado momento, um indivíduo de alcunha Neguinho os acordou (José Leonardo e Maria do Socorro) para comunicar o que havia feito com a moça", disse a fonte. José Leonardo ainda disse ao familiar que Carlos Henrique o obrigou a ocultar o corpo da vítima.

Maria do Socorro, por sua vez, disse em depoimento que dormia no quarto do apartamento onde o crime ocorreu, mas que não viu nada. Exame pericial, porém, identificou que havia sangue por toda a residência. Em um segundo depoimento, já após a prisão de José Leonardo, Maria do Socorro não quis falar.

Corpo da vítima foi jogado da ponte da Sabiaguaba

Ainda segundo a denúncia, entre 2h30min e 3 horas, José Leonardo foi até a casa de Carlos Henrique e disse: “tu vai me ajudar, tu vai ser meu menino”. O intuito era fazer com que ele ajudasse o casal a ocultar o cadáver.

“Durante o percurso que JOSÉ LEONARDO, v. "LEO GORDIM" e CARLOS HENRIQUE, v. "PELÉ" fizeram para desovar o corpo da vítima, o veículo colidiu em algo, danificando a lataria”, disse o MPCE. “Ato contínuo, os réus JOSÉ LEONARDO, v. "LEO GORDIM" e CARLOS HENRIQUE, v. "PELÉ" resolveram ocultar o cadáver arremessando-o do alto da ponte da Sabiaguaba”.

O casal ainda foi acusado por fraude processual, uma vez que, de acordo com a investigação, os dois limparam o sangue da vítima presente no apartamento onde ocorreu o crime de homicídio e mandaram para uma oficina o carro com o qual o corpo de Maria Clara foi descartado. No veículo, foram encontradas manchas de sangue e a faca utilizada no crime.

José Leonardo teve a prisão decretada em 13 de dezembro, mas só se entregou à Polícia em janeiro deste ano. Maria do Socorro continua em liberdade. A denúncia aguarda o recebimento por parte da Justiça. O POVO não conseguiu localizar na tarde desta quinta-feira, 1º, o advogado dos acusados.