Mulher em situação de rua resgata cachorros vítimas de maus-tratos no Centro de Fortaleza
Dona Luíza busca fazer a diferença com o pouco que tem. Desempregada desde a pandemia, ela conta com a ajuda das pessoas para conseguir alimentação, mas gostaria de retornar à terra natal, no Interior do Ceará
09:27 | Jan. 26, 2024
No cruzamento da avenida Duque de Caxias com a rua Solon Pinheiro, no Centro de Fortaleza, vive dona Luíza Silva e o filho dela. E na simplicidade de uma barraca feita com uma lona preta e alguns aparatos que a mantêm de pé, sem auxílio nenhum, ela cuida de três cachorrinhas que foram resgatadas de situações de maus-tratos.
Luíza ficou desempregada na pandemia, precisou viver na rua e, mesmo na simplicidade, tenta ao máximo dar amor, carinho e cuidados para as três companheiras caninas.
De acordo com ela, é preciso contar com a ajuda das pessoas para a alimentação dos animais, pois não recebe mais o Bolsa Família desde que foi assaltada e teve os documentos levados.
“A única coisa que eu tinha era esse auxílio. Eu já fiz o pedido dos meus documentos, estou com o meu papel ali para buscar, mas eu não tenho dinheiro para pagar minha passagem, porque ninguém anda de ônibus de graça. Aí, o povo ajuda muito aqui com os cachorros, dando rações, porque ajuda minha é assim depois que eu perdi meu auxílio”, relata.
Luiza conta ter sido questionada sobre o motivo de as cadelas estarem ali e explica que não deixaria os animais continuarem a ser violentados.
“Eu disse pro homem que judiava delas que eu podia entregar elas para a polícia, se eles aparecerem aqui eu entregava, mas pra ele eu não devolvo, porque para criar um animal é preciso responsabilidade”, diz.
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“Elas vivem presas aqui, mas eu dou sempre água e comida, não deixo eles passarem fome de jeito nenhum porque eu sei que é crime deixar elas passarem fome. Quando eu não estou aqui meu filho alimenta. Já ameaçaram de matar meus cachorros, inclusive mataram dois cachorros meus envenenados, soltaram uma das minhas cachorras que eu não sei até hoje onde ela está e outra que eu encontrei com a coluna quebrada ali encostadinha na farmácia”, expõe.
Durante a noite, dona Luíza diz que leva as três cachorrinhas para a barraca e passa a noite em claro as vigiando, com medo de colocarem comida envenenada para os animais.
“Eu sou cismada com comida, as pessoas têm uma mania feia de dar comida envenenada, e eu toda vez presto atenção porque eu tenho medo.”
Se tiver como, ficar! Caso não, para o Interior voltar
Dona Luíza é natural da cidade de Reriutaba, na região norte do Estado. Brincando com as cachorrinhas, ela relata que tem vontade de retornar para a terra natal.
“Se eu pudesse eu pegava meu filho, minhas cachorras, e ia embora pro meu Interior. Tenho vontade de conseguir um quarto que tenha compartimento grande, onde eu possa cuidar delas, mas minha vontade maior é voltar para Reriutaba.”
Segundo a mulher, já chegaram a lhe oferecer carona, mas a oferta não se concretizou. Enquanto puder, ela continua por ali, cuidando das “filhas”, como ela carinhosamente as chama.