Clube do Médico terá nova sede em parte do terreno na Praia do Futuro
Nova sede do Clube do Médico tem previsão para ser inaugurada em outubro deste ano. Unidade terá espaços como piscinas, salão de jogos e restauranteO Clube do Médico de Fortaleza, localizado na Praia do Futuro, teve a estrutura de 1.500 metros quadrados (m²) de área edificada completamente demolida. Após a venda de metade do terreno, que agora será destinado à construção de um empreendimento hoteleiro, a parcela da antiga administração terá uma nova sede no mesmo ano em que completa 50 anos de existência. A previsão de inauguração e outubro de 2024.
Os jovens que passam pelo entorno do vasto terreno localizado na avenida Dioguinho talvez não saibam, mas, naquela faixa de terra, outrora famílias se reuniam para apreciar dias de sol e realizar diversas atividades esportivas e sociais.
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Criado em 1974, o Clube surgiu como um local reservado às atividades sociais para médicos e suas famílias, sob a gestão do primeiro presidente, o médico Pedro Almino Queiroz.
De início, o Clube do Médico era uma organização vinculada ao Centro Médico Cearense (CMC), entidade médica mais antiga do Estado, com 110 anos de existência.
Aos 87 anos, Pedro Almino relembra como foi o processo de construção do Clube: “Na década de 1950, essa já era uma demanda da classe médica. Apenas em 1967, após a compra de uma quadra na Praia do Futuro, com recursos do CMC e da venda de ações, é que conseguimos colocar para frente essa ideia”, explica o ex-presidente.
Em janeiro de 1969, as obras de construção do Clube foram iniciadas, sendo finalizadas em 1974. “Quando ele foi inaugurado, existiam apenas 300 sócios. Na época, quase não tinha função social. Então, nós fizemos algumas festas, como São João, Carnaval, sambas, tudo para arrecadar recursos", conta.
"Em 1976, conseguimos inaugurar no espaço o parque aquático, o salão de festas e o restaurante. Tudo isso fez iniciar uma atividade social muito intensa, e as pessoas começaram a se interessar pelo Clube”, relata Pedro Almino Queiroz.
Posteriormente, em 1978, o espaço também foi equipado com estacionamento, churrascaria e quadra de esportes. O local também deixou de ser um equipamento do Centro Médico Cearense e passou a ser uma organização independente, com 1.500 m², sem contar a área da piscina.
De início, segundo o ex-presidente do Clube, Pedro Almino Queiroz, somente médicos podiam tornar-se sócios e usufruir das instalações. Posteriormente, outras classes, como farmacêuticos, também passaram a ser admitidos como membros. Estes pagavam apenas uma taxa, mas não tinham direito a voto como sócios-proprietários.
“Os colegas costumavam se juntar em times para jogar aos sábados. O ambiente era saudável e agradável, com uma frequência especialmente animada nos fins de semana, quando também tinha apresentações de música ao vivo. Mas até na semana chegava a ter um bom público. Também se faziam eventos, como festas de formatura”, relembra Pedro Almino, saudoso.
O Clube do Médico em meio à transformação da Cidade
Com o tempo, a quantidade de público no Clube do Médico diminuiu. Para o ex-presidente, Pedro Almino Queiroz, esse fenômeno teve a ver com a transformação da Cidade e dos espaços de lazer. “No geral, os clubes sociais perderam força. Acho que muito disso se deve à criação dos condomínios residenciais com áreas de lazer e outras formas de acesso à diversão.”
Mesmo com a diminuição de visitantes, o Clube do Médico resistiu até meados de 2020, quando interrompeu as atividades em decorrência da pandemia de Covid-19. O atual presidente do empreendimento, o médico Esmaragdo Neiva, expica que o local ainda não foi reaberto devido a problemas financeiros.
“Diversos clubes sociais de Fortaleza, muitos quase centenários, passaram e passam por extremas dificuldades com dívidas milionárias. Da mesma forma, o Clube do Médico está com uma enorme dívida de IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano], até que chegou num ponto impagável”, conta Esmaragdo Neiva.
Com a possibilidade iminente da perda do imóvel por débitos de IPTUs, houve urgência em tomar atitudes para evitar a perda total do bem. Dessa forma, numerosas reuniões entre a diretoria e os atuais cerca de 2.400 associados foram realizadas.
“Em concordância com nosso estatuto e a legislação, decidimos realizar a venda de 50% do terreno do Clube. Contudo, com o dinheiro arrecadado, a parcela de terreno que nos ficou será usada para construir uma nova sede”, detalha o presidente.
Atualmente fechado em decorrência da demolição, que ocorreu nos últimos meses de 2023, os trabalhos para a construção do novo prédio já tiveram início. “Estamos fazendo as fundações”, comentou o gestor.
O loca que antes era destinado ao lazer hoje é frequentado por trabalhadores operando máquinas para a retirada de areia e preparação do solo, além da presença de duas caixas para o armazenamento de água. Da antiga estrutura, apenas o muro permanece intacto, com o nome do empreendimento como um anúncio do que está por vir.
O projeto do novo Clube do Médico
A nova sede do Clube do Médico terá espaços com “piscinas, salão de jogos, campo de futebol society, restaurante e um salão multifuncional, destinando-se para festas, jornadas, congressos, buffet e outros fins". Serão 3.500 m² de área edificada distribuídos em três níveis, contando o subsolo para 100 vagas.
"Com capacidade para 800 pessoas e que pode ser modulado de acordo com a demanda”, explica Flávio Vidal, arquiteto responsável pelo novo projeto.
Atrelado ao terreno destinado à construção do novo clube, o projeto arquitetônico ainda contempla dois equipamentos distintos e localizados em extremidades opostas do terreno.
“O primeiro será um conjunto de três restaurantes de frente para a praia, os quais serão abertos ao público, e o outro será um edifício residencial tipo flats. Esses equipamentos, além de gerarem receitas para o clube, dividirão a carga tributária de IPTU do imóvel”, comenta o arquiteto.
Conforme o Esmaragdo Neiva, o edifício residencial de flats - imóveis menores do que um apartamento padrão, porém que apresenta todos os serviços de um hotel - foi uma área cedida a um investidor.
“Após a conclusão das obras, o Clube ficará com 15 unidades desses flats”, explica o presidente. De acordo com ele, além de quitar as dívidas, a expectativa com a nova sede é atrair de volta ao Clube os cerca de 2.200 sócios inadimplentes e, ainda, angariar novos membros.
Quanto a parte vendida, o terreno foi adquirido pelo grupo Mareiro Hotéis. Procurado pelo O POVO, a empresa confirmou a compra do local e que está "desenvolvendo um projeto hoteleiro para a área”. A data de início das obras e a previsão da inauguração do empreendimento não foram informadas.