Acusado de matar técnica de enfermagem com 109 facadas é preso

A Polícia Civil vai indiciar Leonardo, a companheira dele e um vizinho, por envolvimento no crime, ocorrido em novembro do ano passado

08:09 | Jan. 17, 2024

Por: Jéssika Sisnando
Maria Clara apresentava 109 lesões a faca (foto: reprodução)

José Leonardo da Costa Damasceno, de 20 anos, se apresentou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), nessa terça-feira, 16, onde ficou preso após o cumprimento de um mandado de prisão em razão do feminicídio de Maria Clara Ramos, de 20 anos. O crime ocorreu na madrugada do dia 13 de novembro de 2023, em Fortaleza. 

Segundo o delegado Ícaro Coelho, da 4ª delegacia do DHPP, as investigações apontam que a enfermeira natural do Rio Grande do Norte conheceu Leonardo em uma festa no bairro Serrinha, em Fortaleza, no dia 12 de novembro. A jovem saiu do evento acompanhada de Leonardo e da companheira dele, durante a madrugada. Durante a manhã, no dia 13, foi encontrada morta na Sabiaguaba, com 109 lesões a faca e sinais de violência sexual.

Maria Clara teria sido morta na casa de Leonardo, no bairro Paupina, em Fortaleza, onde foi constatada a presença de sangue em todos os compartimentos da casa. A descoberta foi feita após um trabalho pericial.

Após matar a jovem, ele teria ido até a casa da própria mãe, no mesmo bairro, onde pegou o carro da família e voltou até o conjunto de apartamentos onde mora. Leonardo teria acionado um vizinho que o ajudou a colocar o corpo da moça dentro do veículo e os dois levaram a vítima para a Sabiaguaba. O cadáver foi jogado de cima de um barranco. 

Conforme o delegado, Leonardo foi até a delegacia prestar depoimento acompanhado da esposa e tentou colocar a culpa da morte no vizinho. No entanto, em depoimento, o vizinho relatou que quando foi chamado para a residência, a vítima já estava morta e Leonardo com a faca nas mãos.

A investigação também aponta divergências no depoimento da companheira de Leonardo, que afirmou não ter visto nada e que dormia no quarto. Conforme a autoridade policial, o vizinho contibuiu com as investigações e cedeu material genético. Enquanto isso, Leonardo tentaria atrapalhar as investigações exigindo que o vizinho assumisse o crime por ele.

"O casal se recusou a agir de forma colaborativa. O José Leonardo fornecia drogas ao vizinho e se via em uma condição superior, obrigando que o vizinho assumisse o crime. E passou a ligar para familiares do vizinho com a intenção de que ele assumisse a autoria", ressaltou o delegado. 

Após ocultar o cadáver, Leonardo teria voltado para casa e providenciou a limpeza do apartamento. Ele se mudou no mesmo dia para o bairro do Ancuri, onde passou a morar com familiares.

Na versão do casal, Maria Clara teria ido até a residência dos dois. O delegado ressalta que não há comprovação dessa informação.

O laudo para verificar se houve violência sexual se mostrou inconclusivo. Conforme o titular da 4ª delegacia, além das 109 facadas havia uma mordida no rosto da vítima e as vestes dela estavam arrancadas. O laudo aponta que não havia a presença de sêmem na jovem, no entanto, o delegado ressalta que não é preciso a existência do sêmem para que ocorra a violência sexual.

Após ser expedido mandado de prisão Leonardo permaneceu foragido e, conforme o delegado, a repercussão do caso e a divulgação da fotografia nos veículos de imprensa, ele resolveu se entregar. 

O inquérito deve ser concluído em 10 dias e remetido ao Ministério Público do Estado (MPCE). Além de Leonardo e a esposa, o vizinho também deve ser indiciado pela ocultação do cadáver. Outros laudos periciais devem ser entregues nos próximos dias e serão anexados ao trabalho da policial.  Após se entregar, Leonardo permaneceu em silêncio.