Sem data para início de reforma, Praça do Ferreira tem problemas estruturais
Revitalização do espaço foi anunciada em novembro de 2023, mas projeto ainda está em elaboração. CDL prevê finalização da reforma até dezembro deste ano
17:01 | Jan. 10, 2024
Anunciado em novembro do ano passado pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), o projeto de revitalização da Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza, está em fase de elaboração e ainda não tem prazo para ser enviado à Prefeitura de Fortaleza. Atualmente, o espaço apresenta falhas na pavimentação, nas lixeiras e nos bancos.
A população do entorno ainda reclama de falta de segurança, mau cheiro e aglomeração de pessoas em situação de rua, que cobram estrutura para suas necessidades básicas.
Segundo o presidente da CDL, Assis Cavalcante, o projeto prevê ajustes no piso em pedra portuguesa, com a instalação de unidades menores para melhor fixação, construção de novos quiosques, melhorias na iluminação e ligação com a rua Floriano Peixoto.
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Os trabalhos serão realizados em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, responsável pela aprovação e execução do projeto que será apresentado pela CDL. O plano de requalificação é assinado pelo arquiteto Fausto Nilo, responsável pela última grande reforma da Praça, feita há 32 anos.
Apesar de não ter prazo para ser iniciada, a expectativa da CDL é de que a obra esteja concluída até dezembro deste ano para não prejudicar as vendas de Natal e Ano Novo no comércio da região.
Assis Cavalcante explica que a revitalização será realizada em fases para não inviabilizar o uso do espaço.
“Ela [a reforma] vai ser feita por etapas. Nós vamos fazer um quadrado, os quatro lados. A gente trabalha um lado. Ficou pronto? Trabalha o outro. Ficou pronto? Trabalha o outro e o outro, assim sucessivamente, para não impactar nos lojistas e nos transeuntes.”
Estruturas da Praça apresentam desgastes
Lixeiras rachadas, buracos no piso e bancos quebrados podem ser detectados em poucos minutos de uso do espaço, conhecido como “O coração de Fortaleza”. Quem utiliza o local há muitos anos diz que esse coração já foi mais pulsante e aponta as falhas na estrutura como um dos fatores que têm afastado o público.
“Tem que melhorar esses bancos também, botar uns bancos mais descentes. Isso aqui é antigo, da época de 1980. [...] Tinha que ter mais lixeiras. Botaram esses tanquinhos aí, mas o pessoal não bota nada dentro, joga no chão”, relata o militar Raimundo Pereira, 63, que frequenta a Praça há mais de 40 anos.
Outro ponto destacado por quem visita ou trabalha no local é a falta de segurança, principalmente durante o período da noite, quando, segundo populares, a falta de policiamento e iluminação pública aumentam a sensação de perigo.
Segundo o comerciante Alexandre Gurgel, 52, o cenário se estende também aos fins de semana, dias em que ele evita trabalhar na Praça devido por medo.
“Dia de domingo eu não trabalho aqui. Vou ali para a Feira da José Avelino. É cheio de 'malandro' aqui em dia de domingo. Lá é melhor de vendas para mim, a segurança também é maior”, conta o vendedor de água.
De acordo com a Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE), a área conta com policiamento em viaturas, motocicletas, ciclopatrulhamento e uma base fixa da PM.
Em dias e horários estratégicos, a região conta com reforço do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) e do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque), conforme o órgão.
População em situação de rua também é afetada
Na Praça do Ferreira, frequentadores reclamam porque pessoas em situação fazem necessidades básicas no local. O mau cheiro e os pedidos deles por comida e bebida são apontados como causa da queda do movimento.
No entanto, os mesmos problemas são questionados por essa população vulnerável, não como incômodo, mas sim pela falta de acesso a direitos básicos.
“Para a melhoria da Praça seria bom uns banheiros químicos, umas torneiras, nem que seja com água quente para a gente beber… Porque quando dá 18 horas aqui, meu amigo, é um Deus nos acuda. A gente tem que esperar o dia amanhecer”, afirma Pádua David, 31, morador da Praça do Ferreira.
Além da fome e do preconceito, quem dorme na Praça também relata insegurança. Mulheres temem a ação de abusadores, segundo Deiziane Andrade, 32, que conta ter sido assediada enquanto dormia.
“Eu estava dormindo ali e quando me espantei, meu short já estava aberto e o homem passando a mão nas minhas partes. Tinha Polícia ali, mas não resolveu nada. A gente pede mais segurança para nós, mulheres. Nós estamos dormindo e estamos à mercê”, afirma.
Prefeitura prevê intervenções
Procurada pelo O POVO, a Secretaria de Gestão Regional (Seger) informa que tem intervenções previstas para a Praça, como manutenção elétrica nas bombas da fonte e da coluna da hora.
A Secretaria também diz que a reposição do piso de pedra portuguesa foi feita no ano passado e que qualquer demanda de serviços públicos pode ser solicitada por meio do telefone 156 ou pessoalmente, nas sedes das secretarias regionais.
Questionada sobre as queixas da população de rua, a Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) afirma que disponibiliza três unidades do equipamento Higiene Cidadã, sendo duas no Centro (av. Dom Manuel, 1250 e Praça da Bandeira) e uma na Parangaba (Pedro II, 100 – João Pessoa).
“Os equipamentos atendem diariamente 400 pessoas, possuem banheiro e chuveiro e fornecem kits de higiene pessoal. Os dois Centros de Referência Especializados para a População em Situação Rua (Centro Pop Rua Jaime Benévolo, 1059 e avenida João Pessoa, 4180) e o Centro de Convivência para Pessoas em Situação de Rua (avenida do Imperador, 775) também funcionam diariamente e oferecem estrutura para higiene pessoal e de roupas”, aponta a SDHDS, em nota.
Sobre a alimentação, a SDHDS ressalta que duas pousadas sociais, nas avenidas Dom Manuel e Imperador, fornecem sopas e acomodação para o pernoite. O serviço funciona todo dia, das 19 às 7 horas, e recebe encaminhamentos dos Centros Pop dos bairros Benfica e Centro.