Um ano após requalificação, frequentadores cobram manutenção da orla da Barra do Ceará

Localizada às margens do Rio Ceará, o calçadão, que foi requalificado para entrega do Projeto Beira-Rio pela Prefeitura de Fortaleza em dezembro de 2022, está com a vegetação sem cuidados, redes das quadras de areia danificadas e falta de complexo de banheiros

Entregue há pouco mais de um ano, a nova orla da Barra do Ceará, em Fortaleza, tem a manutenção dos seus espaços cobrada pelos frequentadores do local. Nessa quinta-feira, 4, O POVO constatou a vegetação da região sem cuidados, assim como as redes das quadras de areia, localizadas no calçadão da orla, danificadas. O novo cenário faz parte do projeto Beira-Rio entregue pela Prefeitura de Fortaleza em dezembro de 2022, que permite atividades de lazer e trabalho ao longo do calçadão.

No projeto de requalificação, o local recebeu diversas intervenções como espaços para corridas e caminhadas, academia ao ar livre, além da instalação de duas quadras poliesportivas e três quadras de areia para esportes à beira-mar, nova iluminação, mobiliários urbanos, paisagismo e a construção de dez boxes e 30 quiosques. A movimentação no local acontece a partir das 16 horas, principalmente para a prática de atividades físicas, como corrida e caminhada, assim como para abertura dos quiosques.

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No entanto, quem frequenta e trabalha na região nota que algumas ações de manutenção dos espaços não foram realizadas após a entrega do projeto. É o que diz um dos comerciantes do calçadão da orla, que preferiu ficar em anonimato.

“Aqui está lindo, mas parece que só foi entregue e esqueceram de cuidar. Olha essa vegetação, é enorme, já tampa a visão da ponte [da Barra]. Sinto que eles esqueceram da gente”, disse

A permissionária Silvana Souza, 50, que atua no calçadão desde a entrega do projeto, comenta que é necessário ajustar as redes das quadras de areia, visto que, sem os equipamentos consertados, as atividades acabam atrapalhando os clientes do quiosque. “As redes estão caindo e as bolas vêm e batem no comércio da gente. Eles entregaram e não foi feito reparo depois”, revela.

A falta de acessibilidade para cadeirantes é outro ponto que vem chamando atenção dos frequentadores da orla, principalmente no acesso aos banheiros dos quiosques. Apesar de não estar previsto no projeto, um complexo de banheiro, assim como os equipamentos instalados na Beira Mar, para maior atender os frequentadores é cobrado.

“Não tem banheiro para cadeirantes, o que tem são os dos quiosques, e não tem espaço para eles. Na Beira Mar tem banheiros bonitos, mas aqui somos esquecidos”, diz o comerciante Wendel Costa, 32.

O POVO procurou a Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger), nessa quinta-feira, 4, para saber sobre a manutenção do local. Em nota, nesta sexta-feira, 5, a Secretaria Executiva Regional 1 informou que realiza os serviços de capina e varrição durante todo o ano no calçadão do Beira-Rio, na Barra do Ceará e que uma nova limpeza foi iniciada nesta sexta.

A previsão da Regional 1 é que haja uma troca das redes das quadras do calçadão que deve ocorrer ainda neste mês de janeiro. Conforme a pasta, as ações foram solicitadas após vistoria realizada na terça-feira passada.

A Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) foi procurada pelo O POVO, nesta sexta-feira, 5, para saber se há algum projeto em andamento para a instalação de um complexo de banheiro na orla da Barra do Ceará.

Em nota, a pasta disse que a orla do Beira Rio possui 11 banheiros localizados nos quiosques que ficam espalhados no calçadão, sendo que duas unidades contam com acessibilidade de rampas e barras para pessoas com deficiência física. A Seinf, no entanto, não respondeu sobre instalação de um complexo de banheiro no local.

Projeto permitiu olhar a Barra como local de atividades de lazer e econômicas

Vista com estigmas da violência, o que impactava a população de frequentar o local, atualmente a Barra do Ceará detém de um público que vê o local com um novo olhar. Na região, os frequentadores destacam que a requalificação da orla gerou mais segurança para atividades de lazer e econômicas.

A empreendedora Ana Érica Matias, 27, que comercializa doces no calçadão há seis meses, destaca que o cenário mais renovado da orla chama atenção, principalmente para o turismo.

“Eles se sentem mais à vontade com a paisagem e têm mais vontade de visitar. Antigamente, eu vendia em frente a minha casa, sem movimento. Agora, no calçadão, as vendas aumentaram por causa desse grande movimento”, conta.

Morador do bairro Panamericano, o aposentado Flávio Nogueira, 59, revela que todos os dias sai do bairro onde mora para ir à Barra do Ceará fazer caminhada no final da tarde. Ele conta que frequenta a região desde a adolescência, mas que, atualmente, o lugar ganhou mais vida.“Eu amo a Barra. Venho todos os dias para cá porque eu amo o pôr-do-sol daqui, além de fazer minha caminhada. A paisagem ficou mais linda”, afirma.

A dupla de amigos, Raysa Nobre, 23, e Joelson Martins Morais, 27, estava no local a trabalho, mas aproveitaram a beleza do local para tirar algumas fotos em pontos instagramáveis. Vindos de Maracanaú, eles trabalham vendendo produtos para outros comércios.

Joelson já conhecia o local, mas era a primeira vez de Raysa. “Está muito melhor do que era antes. Como eu sempre estou aqui atendendo clientes, eu conheço aqui antes mesmo da reforma e aqui era bem complicada a estrutura”, disse Joelson.

Comerciantes dos quiosques do Beira-Rio têm termos de permissão renovados

Os comerciantes dos quiosques do Projeto Beira-Rio tiveram seus termos de permissão renovados pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Regional 1, no último dia 28 de dezembro. Os documentos permitem a realização das atividades comerciais de forma regulamentada e foram entregues pela secretária Kamyla Castro na sede da Secretaria Regional 1.

De acordo com a secretária, a região vem gerando impacto para Fortaleza nas questões do turismo, do desenvolvimento urbano ou no empreendedorismo. Além dos termos, os comerciantes receberam o Manual do Permissionário - Quiosques Beira-Rio. A publicação tem o intuito de padronizar, evitar danos e prolongar ao máximo a vida útil dos equipamentos.

O manual apresenta, dentre outros pontos, a forma correta de disposição dos alimentos, espaço de mesas e cadeiras, modelo de mesa e cadeira, lixo e mais. Ao todo, o projeto Beira-Rio contou com investimentos de R$ 11 milhões para a obra de urbanização, que tem área total de 33 mil metros quadrados. (Colaborou: Lara Vieira)

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