Livros escolares: Feira na Praça dos Leões tem movimentação tímida no primeiro dia
Responsáveis devem ficar atentos para levarem livros em bom estado, sem rasgos ou páginas riscadas de caneta. Feira de livros no Centro da Cidade tem quase 30 anosApós a passagem de ano e a chegada de 2024, o início do ano letivo para as escolas particulares está ainda mais próximo. Com a maioria dos colégios iniciando as aulas até o início de fevereiro, pais e responsáveis podem aproveitar o período para agilizar a compra do material didático dos jovens. Em Fortaleza, um bom lugar para encontrar livros mais baratos e, inclusive, vender os utilizados no ano anterior, é a feirinha dos livros Praça dos Leões, no Centro.
A feira já possui quase 30 anos de tradição, iniciando-se sempre no início de janeiro e prosseguindo até o fim de fevereiro. Na manhã desta terça-feira, 2, a histórica Praça General Tibúrcio (Praça dos Leões) deu início a mais uma edição. A feirinha ocorre das 8 às 17 horas. O local conta com mais de 20 quiosques para a venda e troca.
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O cenário no início do dia, no entanto, ainda era marcado por diversos estandes vazios ou sendo montados, além de uma presença modesta de clientes.
Por volta das 9 horas, Karla de Oliveira, 33, chegou ao local na companhia do marido para realizar as primeiras pesquisas para a compra dos livros escolares dos dois filhos. Ir à Praça dos Leões é uma tradição na família dela.
“Todos os anos, em janeiro, nós estamos aqui. Procurando e trocando livros, fazendo negócio”, detalha a professora. Procurando livros para o terceiro e sétimo ano, o casal já percebeu que a busca não será tão fácil.
“A editora adotada pela escola renovou todas as edições neste ano e, pelo que a gente está vendo, não chegou na Praça ainda”, explica a tradutora e professora de Libras. Karla afirma que a ida à feira, logo cedo, já se mostra vantajosa. “Nós já conseguimos vender os livros do ano passado”, conta.
Além da feirinha, outra possibilidade é a busca por livros nas lojas e sebos no entorno da Praça, que mantêm o funcionamento durante todo o ano. Apesar das primeiras tentativas frustradas nos estandes, o casal planeja continuar as buscas na própria feira. “A gente costuma ficar mais por aqui mesmo. Eu acredito que, senão não dá pra encontrar na feirinha, nas outras lojas é mais difícil ainda”, reflete a mãe.
Sentada em um banquinho e conferindo uma lista pelo celular, Elisangela Caetano analisava com cuidado as páginas de diversos livros para evitar levar para casa algum material com possíveis defeitos. Na companhia da mãe, ambas de Caucaia, esta foi a primeira vez que ela veio à Feira comprar materiais escolares.
Ela, que também é professora, estava igualmente com dificuldades em encontrar os itens que queria. “Estou atrás de um kit da Editora Moderna. Esse kit a gente só costuma comprar novo no site, que é um preço só. Se a gente quiser mais barato, temos que comprar usados. A gente tem que pesquisar, o mercado hoje em dia é muito caro. Ainda não achei nenhum, mas vou continuar tentando”, ela relata, otimista.
Quem se deu bem na visita ao local foi Fabiana da Silva. Ela também não foi sozinha à Feira e trouxe o próprio filho, Ângelo, de 8 anos, para a busca pelo material didático de 2024. Com um pilha de livros no colo e analisando ainda outros, ela conta que conseguiu quase tudo o que queria.
“Este é o terceiro ano que eu venho. Só hoje, já encontrei 99% do que eu precisava. Achei um total de oito livros, sendo dois paradidáticos. Só está faltando agora o de inglês, que todo ano precisa ser um novo”, conta a mãe.
Ela incentiva que os responsáveis venham ao local para também garantir os itens. “Não é só os livros que a gente tem nessa época: é fardamento, matrícula, mensalidade. Então, é ótimo para economizar. Quando vierem, venham direto nos quiosques", ressalta a mãe.
Na ocasião, Fabiana também trocou livros do ano passado por alguns para este ano. Ao lado dela, o pequeno Ângelo ressalta: “Tem que apagar o que escreveu e cuidar dos livros, para passar para outras crianças e poder comprar mais no próximo ano!”.
Comércio de livros usados em transformação
Apesar da reduzida movimentação durante a primeira manhã de feira, o comerciante Henrique Jorge Arruda, que há 30 anos vende livros no evento, comenta que a expectativa é que a clientela aumente nos próximos dias. “Pessoal geralmente vem depois do dia 5, que é quando o pessoal recebe dinheiro. Só tá aqui quem não farreou [no Réveillon]", ele brinca.
Localizado no segundo quiosque da Feira, da direita para a esquerda, seu Henrique explica que o evento vem sofrendo o impacto da mudança de metodologia nas unidades de ensino.
“Os colégios estão cada vez mais trocando os livros pelas apostilas, então a negociação é muito interna e os pais ficam sem poder vir para cá, que é mais popular. A internet também deixa seu impacto. Aqui, os pais têm a vantagem de examinarem com cuidado os livros, verem o estado de conservação antes de levar”, expõe o permissionário.
Há 20 anos sendo feirante de livros, dona Francisca, como prefere ser chamada, dá dicas aos responsáveis que desejam ir à Praça dos Leões.
“Eu sempre digo que o melhor é ir direto nos quiosques do que comprar de vendedores avulsos da rua. Assim você tem garantia do produto que está adquirindo e também tem a oportunidade de trocar ou vender os livros que você já tem”, explica a comerciante.
Aos pais e responsáveis, ela recomenda que, no momento da compra, analise os livros com cuidado para evitar frustrações. Dentre os detalhes a se observar, estão: páginas rasgadas e riscadas com caneta ou canetinha.
“Como os livros são usados, isso pode acontecer. Se você é pai e quer vender um livro, venda apenas os de bom estado. Pense como se aquele livro fosse para o próprio filho”, diz dona Francisca.
“Também tem que ver qual é a edição que a escola está solicitando. Muitos pais chegam aqui e acabam levando edições de anos anteriores por engano e, muitas vezes, elas apresentam algumas diferenças para o que a escola quer”, aponta.
Francisca ressalta, no entanto, que em casos de erros, os responsáveis podem voltar à feira em outro momento para fazer a troca do produto.