Banho de mar, trabalho, exercício e orações: Fortaleza se despede de 2023

As últimas horas antes da virada foram aproveitados com o tradicional banho de mar para limpar as energias e receber bem o ano que chega

A movimentação foi tranquila na Praia de Iracema na manhã do último dia de 2023. Enquanto os últimos retoques eram dados na estrutura do palco que receberá nomes como Ney Matogrosso e Wesley Safadão, fortalezenses e turistas curtiam a orla e o calçadão recém-limpo. Nem o tempo nublado e o sol tímido na manhã deste domingo, 31, impediram o tradicional banho de mar.

O casal Jamile Moraes, 34, e Daniel Gomes é de Fortaleza, mas eles escolheram ficar hospedados perto da orla para facilitar a locomoção. A virada coroará os dias de festa, que, para eles, teve como ponto alto a apresentação de Roberto Carlos, ainda na sexta-feira, 29.

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A manhã do último dia do ano foi tirada para uma caminhada tranquila com o gostinho de água de coco para aliviar o calor. Apesar do tempo abafado, o vento e a brisa do mar amenizaram a sensação térmica.

“O sol de Fortaleza a gente já sabe, mas no geral está tranquilo, acho até melhor por não ficar tão quente. Achamos que não está tão lotado, até achei que estaria mais cheio, talvez por causa do horário e dos shows que demoraram”, disse a advogada.

O servidor público se disse impressionado já que chegaram cedo e, já por volta das 6 horas, a orla já estava limpa, mesmo após quase um milhão de pessoas ocuparem as areias desde a noite do sábado, 30, com shows de Bell Marques e Xand Avião. “O show terminou às seis horas da manhã e estava impressionantemente limpo”, ressaltou ele.

Eles devem aproveitar algumas das atrações do Réveillon de Fortaleza, sem muitas superstições, nada além de receber com muita esperança o ano que entra.

“2023 foi mais exigente para a gente, muitos desafios pessoais e profissionais. Ano que vem a gente quer só mais tranquilidade”, completou ainda a advogada.

As últimas horas antes da virada também foram para limpeza das energias em contato com o mar. Agradecer e prestar homenagens também fez parte do roteiro do casal Cris Marques, 34, e Ednar Pinho, 35. Eles colocaram cadeiras na faixa de areia e jogaram rosas brancas ao mar.

O casal conta sobre o simbolismo de vir ainda no dia 31 até a praia para oferecer oferenda para Iemanjá, momento até mais tradicional que pular as sete ondinhas na virada. Ambos costumes têm raízes na Umbanda, assim como o ato de usar branco.

“É uma forma de agradecimento por tudo que aconteceu no ano e desejos para o ano que vem. O número sete tem uma representatividade muito grande, são sete ondas, são sete rosas”, disse o músico.

“A espiritualidade é muito importante para mim, é um grande diferencial na minha vida. Tenho Iemanjá como mãe e, na nossa religião, dia 31 é dia de Iemanjá e dia 1º é de Oxalá, por isso tem essa tradição de pular as sete ondas, a galera vestir branco. Hoje a decidiu vir para o mar e trazer rosas brancas e fazer a oferta para ela e rezar. Pedir um bom ano, que ela leve todas as energias negativas e nos traga o bem”, disse a contadora.

E seguiu: “Amanhã eu pretendo vir (à praia), mas o mais importante é hoje, porque o mar ele limpa, ele tem essa propriedade de descarrego, é limpar para começar o ano bem”.

Teve quem aproveitou para praticar exercícios físicos, o último “tá pago” do ano. Foi o caso da jornalista Shelda Magalhães, de 24 anos. De Teresina, ela veio com uma amiga para passar o Réveillon na Capital cearense.

Ela não deixou de lado o treino e calçou o sapato para pedalar. Assim como ela, outros turistas e locais também passaram a manhã praticando exercícios.

“A cidade é belíssima e proporciona um contato com a natureza. Eu corro, mas hoje vim andar de bicicleta no último dia do ano. É uma coisa que me faz muito bem e, em uma cidade como essa, é um pecado deixar passar esse último cardio do ano”, afirmou enquanto tomava água de coco e descansava da atividade já sentada de frente para o mar.

A expectativa era voltar ainda de tarde para tomar um banho nas águas cearenses, antes de se preparar para mais uma noite de shows. No dia anterior, as amigas também acompanharam as apresentações e elogiaram o policiamento, que deram uma sensação, para elas, de tranquilidade.

“A minha superstição de ano novo é tomar banho de mar, vou voltar para tomar hoje à tarde”, disse.

E se milhões estarão na praia para curtir, para a ambulante Kílvia Costa, 29, o dia de trabalho, que já tinha começado, não tem hora para acabar. O acumulado dos dois dias anteriores foi usado como investimento para comprar material para a venda de água e cerveja para o público que deve lotar o aterro da Praia de Iracema.

“Foram mais de 10 pacotes de cada tipo de cerveja e água. A movimentação (dos outros dias) foi alta, mas tudo tranquilo”, afirmou. Ela já nota um aumento de pessoas que no ano passado, mas a “prova” deve tirada com a festa desta noite. “Se for como nos anos passados, as pessoas vêm. Muito turista, gente de todos os cantos”, disse ainda.

O quiosque dela fica bem no calçadão e se aos outros que foram armados nas ruas laterais que dão acesso ao aterro. “Dá para o palco mas ou menos, porque quando a multidão chega a gente não vê muito, mas a gente só trabalhando e escutando. É muito trabalho porque a gente entra de manhã cedo”, ressalta.

A virada trabalhando também deve contar com um momento para pedir boas energias, paz e foco. “Quero focar mais nos meus objetivos”, completou.

Confira a movimentação

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