Prestes a completar 100 anos, idosa monta tradicional lapinha de Natal no Mucuripe

Com supervisão de dona Mundinha, filhos montam lapinha por dois meses em preparação para o período natalino

Dos quase 100 anos de Raimunda Costa Santos, a dona Mundinha, 76 foram dedicados a montar cada detalhe de uma lapinha de Natal que virou tradição no bairro Mucuripe, em Fortaleza. A representação da época em que Jesus Cristo nasceu ganha luzes, bonecos em movimento, vapor nas chaminés das casas e um presépio.

Tudo é montado na garagem da casa em que Mundinha mora desde os anos 1940 e fica aberto a visitação por todo o período natalino. Neste ano, a lapinha tem a extensão de 15 metros e levou dois meses para ser finalizada. Mas o trabalho não acaba quando a atração fica pronta.

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Todos os dias, dona Mundinha “varre” o chão da cidade que criou para nivelar a areia que serve como base da maquete. Ela também é responsável por fazer os três reis magos encontrarem o bebê Jesus, movendo os bonequinhos um pouco mais próximos do presépio até 6 de janeiro, Dia de Reis.

Três peixes-beta que moram no lago da lapinha para se alimentar de possíveis larvas de mosquitos também precisam de cuidados. Os bonecos, alguns com quase 100 anos, necessitam de manutenção constante. Se alguma peça sai do lugar, é preciso saber como colocá-la de volta no complexo arranjo de miniaturas.

Com o passar dos anos, a próxima geração se envolveu ativamente na produção e manutenção da lapinha. A filha Antonieta Santos conta que a mãe ensinou aos filhos que não poderiam mexer nas miniaturas, transformando-os em guardinhas. “Era para não mexerem e nem deixar ninguém mexer”, relembra Antonieta.

Hoje, os filhos cuidam da organização, da instalação elétrica e hidráulica. Dona Mundinha observa, coordena os locais de cada miniatura e, depois, passa os meses até o Natal admirando a criação. “Para mim isso é tudo. Esse tempo todo eu fico nessa cadeira olhando”, diz.

Centenário da matriarca

Com o centenário se aproximando em abril de 2024, os filhos, netos e bisnetos de Mundinha já organizam a festa de aniversário da matriarca. A matriarca diz que eles resolvem tudo; já Antonieta fala da voz e da autonomia da mãe, respeitadas acima de tudo.

Esse respeito é o que leva a família a levar a sério a paixão de Mundinha. Ela espera que os filhos sigam com a montagem da lapinha. “Se Deus quiser, é o que eu peço a eles, que continuem”, conta.

Bastidores

Antonieta mostra uma edição impressa do O POVO de 2014 em que a lapinha da mãe foi pauta, emoldurada e à mostra na casa. A família também se acostumou com a tradição de receber jornais, TVs e rádios em casa em toda época natalina.

Algumas das irmãs se dividem para atender a imprensa. A filha, acanhada, diz que não gosta de aparecer em vídeos, mas adora falar com os repórteres. Já dona Mundinha exclama: “Eu gosto!”.

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