Homem que matou mulher no Centro é acusado de feminicídio não-íntimo

Peça do Ministério Público do Ceará (MPCE) aponta existência de feminicídio não-íntimo, quando há "discriminação ou menosprezo à condição do sexo feminino"

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Kassandro de Góes, 19, que matou uma garota de programa no Centro de Fortaleza neste mês, por feminicídio não-íntimo. Conforme peça, divulgada nessa quarta-feira, 29, situação ocorre quando há "discriminação ou menosprezo à condição do sexo feminino".

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A partir do próximo parágrafo, o texto descreve situações de violência contra a mulher que podem ser consideradas gatilho. 

De acordo com autos do processo, Kassandro confessou que na manhã do dia do crime se dirigiu ao Centro da cidade para "pegar umas putas". Ao chegar em um edifício do local, o réu acertou um programa e manteve relações sexuais com uma mulher a qual chamou pelo apelido de "branquinha". 

Logo em seguida ele saiu do prédio e vendeu o celular por R$ 150, usando o dinheiro para comprar uma faca. Homem voltou então ao local com a arma, em busca de realizar outro programa com a jovem e depois matá-la. No entanto, ele não encontrou mais a mulher.

Foi nesse momento que ele foi abordado por Francisca Davila, a qual se refere como "morena", e manteve relações sexuais com ela, mas depois disse que não ia dar dinheiro para a mulher. Ela foi então tomar banho e acabou encontrando a faca trazida pelo acusado, escondida atrás do vaso sanitário.

Foi quando o réu trancou a porta do banheiro e pegou a arma, apontando para Davila. Diante da situação, ela convidou-o para continuar a ter relações sexuais, mas Kassandro passou a esfaqueá-la, tendo também agredido-a com um soco e um chute no rosto. Ela chegou a conseguir correr, mas Kassandro a perseguiu e aplicou nela um mata-leão, "para logo em seguida aplicar outras facadas".

De acordo com MPCE, no total o acusado desferiu 15 facadas na vítima, "aumentando de modo desnecessário o sofrimento" dela. Depois do crime, o réu acionou a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), dizendo que sua motocicleta havia sido roubada, mas quando os policiais chegaram ao local ele informou que na verdade queria se entregar, pois havia assassinado uma garota de programa.

O acusado disse ter matado a vítima "porque ela pediu o dinheiro logo antes dele gozar". Na saída, já algemado, o réu apontou para a outra mulher com quem teve relações, chamada de "branquinha", e disse que também desejava matá-la, rindo. 

Feminicídio não-íntimo

Conforme peça de acusação do MPCE, a forma como o crime aconteceu mostra que o acusado "desejava matar qualquer profissional do sexo", o que se enquadra como "feminicídio não-íntimo, em que o agressor é pessoa desconhecida da vítima, por discriminação ou menosprezo à condição do sexo feminino".

"No caso, trata-se de feminicídio cometido em situação de prostituição, exploração sexual, em que a vítima exerce profissão estigmatizada", destacou ainda órgão em peça. 

Acusação foi aceita pela Justiça, mas defesa do acusado ainda pode recorrer. Kassandro de Góes está preso desde o dia do crime, quando confessou a autoria do homicídio. 

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