Irmãos são condenados por integrar grupo criminoso formado por PMs em Fortaleza
Acusados foram condenados a 16 e 4 anos de prisão
21:52 | Nov. 27, 2023
Dois irmãos acusados de envolvimento com uma organização criminosa formada por policiais militares foram condenados pela Justiça. A sentença contra Francisco Elvis Magalhães de Souza, o “Bola”, e Alexandre Raidson Magalhães de Sousa foi publicada na última quarta-feira, 22, no Diário de Justiça do Estado (DJCE).
Francisco Elvis pela Vara de Delito de Organizações Criminosas a 16 anos e 1 mês de prisão em regime inicialmente fechado e Alexandre a 4 anos e 1 mês de reclusão em regime inicialmente aberto. Como Alexandre já cumpriu parte da pena, ele recebeu alvará de soltura.
Conforme denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE), os dois, ao lado de seis PMs, praticaram, entre março e agosto de 2017, crimes como extorsão, corrupção passiva, roubo, peculato e tráfico de drogas. Conforme o MPCE, a organização criminosa atuava em duas frentes.
“A primeira, direcionada ao garantismo do tráfico de drogas em determinadas áreas da cidade, onde os policiais recebiam, de forma efetiva e regular — na maioria das vezes, semanalmente — dinheiro de narcotraficantes para que não fiscalizassem a contento as suas atividades criminosas, e, assim, o comércio ilícito de entorpecentes pudesse operar de forma livre e desembaraçada, longe dos olhos do Estado”, diz trecho da denúncia.
“Já a segunda frente de atuação da organização criminosa, integrada pelos denunciados FRANCISCO ELVIS MAGALHÃES DE SOUZA, o “BOLA”, ELVIGÊNIO DE SOUSA FRANÇA, o “BOB”, e ALEXANDRE RAIDSON MAGALHÃES DE SOUSA, estava direcionada à prática de extorsões e roubos, quando, com a ajuda de informantes, os policiais militares abordaram vítimas cuidadosamente selecionadas dentre traficantes com considerável poder aquisitivo, ou que já tinham alguma passagem pela polícia, e delas exigiam vantagens financeiras para que não efetivassem uma possível prisão em flagrante”.
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Interceptações telefônicas feitas no âmbito da operação Gênesis mostram os dois acusados em diversas situações criminosas. Francisco Elvis é quem foi identificado em mais situações; por exemplo, ele foi flagrado dizendo ter colaborado com o PM Antônio Marciano Mota dos Santos para capturar um homem de quem teriam tomado seis quilos de maconha. Elvis, então, fala ao seu interlocutor, o também PM Edvaldo da Silva Cavalcante, que pretende vender a sua parte da droga.
Já em outra gravação, Elvis diz que vai entrar em contato com Alexandre para ver se ele "desenrola alguma coisa", o que, para a Justiça, é uma prova “clara” de que Alexandre “também analisa situações que podem resultar na prática de crimes e, por conseguinte, no ganho de vantagens financeiras para os envolvidos”.
Ambos os acusados negam envolvimento nos crimes. A defesa de Elvis sustentou, entre outros, a ausência de apreensão de droga para caracterizar o crime de tráfico e a insuficiência de provas para embasar uma condenação.
Em seu depoimento, ele afirmou que conhecia apenas um PM e que “por vezes fez denúncias anônimas a cerca de crimes que ocorriam na região de sua residência”.
Já a defesa de Alexandre alegou, entre outros, a ausência de perícia que comprovasse que, de fato, tratava-se do acusado nos áudios; o “Alexandre” a que se referiam alguns dos réus, na verdade, seria um PM de mesmo nome.
Os seis PMs também acusados respondem a um outro processo que tramita na Vara da Auditoria Militar.