Projeto ensina grafite a estudantes de escolas públicas e mapeia muralistas de Fortaleza
Murais estão sendo pintados em escolas e organizações comunitárias da periferia da CapitalAs fachadas coloridas de escolas públicas e organizações comunitárias localizados em periferias de Fortaleza demonstram que por ali passaram os alunos participantes do projeto Percurso do Graffiti. Desde o último dia 1º de novembro, a ação busca dar cor aos muros de instituições de ensino, enquanto os estudantes da rede municipal aprendem a arte do grafite.
A iniciativa faz parte do projeto de pesquisa de mestrado do grafiteiro e arte-educador Nick Pereira, por meio do Programa de Pós Graduação em Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Fortaleza. Ele conta que a ideia surgiu a partir da necessidade de entender o processo de produção do grafite na sociedade.
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“A ideia de realizar o projeto surgiu da necessidade de realizar uma pesquisa-ação para entender o processo de criação do grafite na periferia de Fortaleza a partir das escolas e organizações da sociedade civil, locais onde o grafite sempre teve espaço aberto para ser ensinado e praticado. Foi em uma escola pública que aprendi as técnicas desta arte”, relata Nick Pereira.
O artista pontua ainda que o projeto acontece em duas ações, sendo a primeira delas a realização de quatro oficinas teóricas e práticas sobre desenho e pintura de murais. Ao todo, 50 estudantes de escolas públicas devem ser contemplados com as aulas.
O pesquisador e produtor cultural do projeto Percursos do Graffiti, Caio César Vidal, explica que a programação do projeto segue o plano de aulas teóricas sobre o grafite, sua relação com a cidade e as distinções entre a pichação. Em seguida, uma imersão nas práticas, estilos e técnicas.
“É importante também pensar o grafite como prática escolar, adentrar o cotidiano dessas escolas e proporcionar práticas pedagógicas que incentivam a criatividade, trabalho em conjunto, a auto-expressão, o discurso político e social. E, principalmente, reconhecer o grafite como potência da arte pública relacional, ou seja, do interesse público", destaca Caio. "Reunindo pessoas, lugares, discursos e arte, como plataforma de expressão da cultura, das vivências, dos protestos, das inquietudes do povo fortalezense”.
Os murais estão sendo pintados em duas em escolas públicas da rede municipal e duas organizações da sociedade civil, escolhidas por estarem em locais periféricos e por já terem experiência prévia com a produção de grafite.
A segunda ação que compõe o projeto consiste em uma catalogação da produção de grafite em Fortaleza. Nesta etapa da produção, 50 grafiteiros devem fazer parte do catálogo que será publicado e distribuído gratuitamente entre artistas do grafite, nas bibliotecas públicas e comunitárias. Mil exemplares serão produzidos.
“Depois de 24 anos produzindo grafite, agora pesquisando e educador em arte, me sinto realizado por fazer da arte um horizonte para a construção de novas formas de relação dos adolescentes com a cidade”, afirma Nick.
O projeto é apoiado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza por meio do Edital das Artes de Fortaleza/2022, da Secretaria da Cultura de Fortaleza. Além de contar com o apoio do Grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, Programa de Pós-graduação em Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Fortaleza.
Programação do projeto Percursos do Graffiti
Dia 1º/11 — Escola Municipal Lireda Facó, Rua 3 Corações, 735
De 6 a 11/11 — Escola Municipal Ari De Sá Cavalcante (José Walter)
De 13 a 18/11— Escola Municipal Prof. Luis Recamonde Capelo (Bonsucesso)
Dia 19/11 — Coletivo Bem Viver (Jardim das Oliveiras)