Veja crimes atribuídos a PMs suspeitos de integrar grupo criminoso em Fortaleza
Agentes de segurança formariam grupo criminoso responsável por crimes como extorsão, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e homicídios
16:10 | Nov. 15, 2023
Entre os crimes atribuídos aos agentes de segurança presos na operação Interitus, deflagrada nessa terça-feira, 14, estão extorsão, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e homicídios. O POVO apurou quais eram exatamente algumas das ações criminosas das quais os policiais são suspeitos.
O primeiro desses crimes é um homicídio ocorrido em 19 de setembro de 2018 no bairro Jacarecanga e que vitimou o motorista de aplicativo Walter Gomes de Azevedo, de 38 anos. Conforme a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), o crime ocorreu após a vítima envolver-se em um acidente com um PM.
O POVO apurou que o suspeito é o soldado José Otaviano Silva Xavier, conhecido como SD Guerreiro. Ainda de acordo com a CGD, a alguns metros do local da batida, “pelo simples fato da ocorrência do acidente”, o investigado desferiu disparos de arma de fogo contra a vítima, vindo a matá-la no local.
Outro crime atribuído a José Otaviano ocorreu em 31 de agosto de 2019 no bairro Cais do Porto. Na ocasião, foram mortos Alexandre Carvalho e Silva e Luiz Guilherme Leonor da Conceição.
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O inquérito apontou que o duplo homicídio foi praticado por quatro homens que se identificaram como policiais e estavam com os rostos encobertos. Eles invadiram a residência onde as vítimas estavam e passaram a disparar contra elas.
Testemunhas disseram que Alexandre tinha uma “rixa” com José Otaviano, que também teria participado da execução. As vítimas ainda seriam integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE)
Enquanto o crime era praticado, um comparsa do grupo estava do lado de fora da casa fazendo uma pichação em referência à facção Comando Vermelho (CV), rival da GDE.
José Otaviano ainda não foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPCE) por esses crimes, apesar de ter tido a prisão preventiva decretada pela acusação de integrar uma organização criminosa.
Durante o cumprimento do mandado, ele ainda foi autuado em flagrante pelo crime de Adulteração de Sinal Identificador de Veículo Automotor.
Drogas e armas ilegais são encontradas com PMs
Além de José Otaviano, foram presos na operação dessa terça-feira o soldado Francisco Ivanildo Brígido de Sousa e o cabo Jackson Araujo Mota. Durante os cumprimentos dos mandados de prisão, eles também foram autuados em flagrante.
Com Francisco Ivanildo, os policiais encontraram sete pedras de crack, nove papelotes de maconha e seis papelotes de cocaína. Ele afirmou que se tratava de "restos” de apreensões que havia feito e guardado por engano ou esquecimento. Já com Jackson, foram encontrados um revólver calibre 38 em situação irregular, munições de uso permitido e restrito e 30 gramas de maconha.
“Além dos casos citados, outros 3 (três) homicídios, pelo menos, estão ligados aos investigados, além de diversos casos de extorsão”, informou a nota da CGD.
Operação teria vazado a PMs suspeitos
O POVO apurou que, no decorrer das investigações contra o grupo criminoso, em 2022, detalhes da operação teriam vazado para os investigados. Um oficial da Polícia Militar teria avisado um dos alvos que havia um pedido de busca e apreensão contra ele.
Após esse fato, os investigados teriam passado a falar menos ao telefone, já que tinham suas ligações monitoradas com autorização da Justiça. O suposto vazamento também é investigado.
Ao todo, 11 agentes de segurança, sendo 10 PMs e um guarda municipal, foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPCE) por integrar a organização criminosa. Os nomes deles não foram divulgados. A acusação foi recebida pela justiça em setembro último. O POVO não localizou as defesas do PMs envolvidos na tarde dessa quarta-feira, 15.