Dia Nacional da Umbanda: Centro de Fortaleza recebe ato em comemoração

Ato em alusão ao Dia Nacional da Umbanda, comemorado em 15 de novembro, nesta quarta-feira, foi realizado no Centro de Fortaleza. Centenas de pessoas se reuniram na Praça General Tibúrcio — conhecida como Praça dos Leões —, por volta das 15 horas, de onde partiram em caminhada até a Cidade Criança. Evento foi organizado pelo Instituto Carta Magna da Umbanda do Estado do Ceara. 

Na data, a umbanda completa 115 anos. O evento religioso também teve caráter de combate à intolerância e ao racismo religioso. 

Pai Gerson, presidente do instituto, destaca que o objetivo da entidade é lutar pelos direitos conferidos pelas leis, mas que não são cumpridos. "Alguns governantes esquecem que o Estado é laico", afirma. 

"A ideia do instituto é olhar pelos menos favorecidos. Tem muito pai de santo que vive de aluguel, do pouco que recebe do (programa) Bolsa Família. Lutamos pelos direitos dos povos de terreiro", frisa. 

"A nossa vinda aqui é política, aproveitando o Dia da Umbanda para dizer que o Ceará tem umbanda, tem terreiro, tem negro, tem índio. Nós somos republicanos, votamos e pagamos impostos. Estamos aqui na rua cantando e dançando, mas também lutando pelos nossos direitos", afirma Pai Olutoji, da Articulação Nacional dos Povos de Terreiro. 

Grupo percorreu o trajeto ao som de cânticos de várias linhas da umbanda carregando uma faixa com o nome da entidade estadual. Percurso contou com o apoio de agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) de Fortaleza e da Guarda Municipal de Fortaleza.

Após a chegada à Cidade da Criança, o evento contou com falas de agradecimento da organização e de apoiadores, além de show com Calé Alencar, cantor, compositor e brincante do Maracatu Nação Fortaleza, seguido de uma Gira de Caboclo.

Sandra Vasconcelos, 56, estava emocionada por participar do evento. "A gente já conseguiu muita coisa, antes a gente não podia nem dizer que era da umbanda. Ainda é difícil, mas as pessoas já estão entendendo mais", compartilha a dona de casa.

Janaína Araújo, 40, professora e membro da direção executiva estadual do Psol, participou com as três filhas. "Praticamente nasci dentro do terreiro", diz. 

"Vários terreiros enfrentam intolerância religiosa. É uma batalha de vários anos. É muito importante estar aqui enfrentando isso. Nossos terreiros são invadidos e somos impedidos de cultuar os nossos orixás", destaca Janaína sobre a importância do evento enquanto ato político.

Veja fotos do evento

História da religião 

A umbanda foi reconhecida como religião afro-brasileira em 1908. O Dia Nacional da Umbanda é comemorado em 15 de novembro, mesma data de sua fundação/reconhecimento, marcado ainda por ser feriado de Proclamação da República, em 1889.

Conforme a organização da caminhada, o povo de terreiro de Fortaleza existe desde os primeiros habitantes da Capital, pois o culto umbanda surge da miscigenação de escravos africanos, índios brasileiros, caboclos, sertanejos, pescadores e até estrangeiros que vieram de outros países, como os turcos.

A umbanda se estrutura a partir do sincretismo religioso, adotando elementos do candomblé, do catolicismo e do espiritismo.