Tragédia em areninha do Barroso: menino baleado tentava socorrer amigo que morreu
A criança foi para a UTI e depois permaneceu nove dias internada, sendo oito dias com um dreno no pulmão. O menino recebeu alta semana passada, e a família tenta recomeçar a rotina após a tragédiaO menino de 12 anos baleado no tórax durante a tragédia no bairro Barroso, no último dia 23 de outubro, em Fortaleza, tentava socorrer o amigo Kristian Gean, de 14 anos, que morreu com os tiros. O garoto de 12 anos havia saído da Areninha onde treinava futebol no momento da primeira "rajada" de tiros, mas voltou para o campo após ver o colega ferido e tentou socorrê-lo. Na segunda sequência de tiros, ele também foi atingido. As informações são da mãe do garoto. As identificações dois dois são preservadas.
O menino de 12 anos recebeu alta na semana passada após ficar nove dias internado no Instiuto Doutor José Frota (IJF), sendo dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O tiro atingiu e dilacerou o pulmão da criança, conforme a mãe.
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Foi necessário colocar um dreno, e a criança passou por vários procedimentos. A bala continua no corpo da criança, ele ainda sente dores e está com problemas para dormir.
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Durante os dias internado, ele chegou a perguntar pelo colega, mas somente com o auxílio de uma psicológa do hospital a mãe conseguiu falar sobre a morte.
No dia da tragédia, foram baleados três meninos de 12, 13 e 14 anos, sendo que este último não resistiu, além de um homem de 29 anos. Todos eles participavam do projeto Meninos de Deus, que promovia escohinha de futebol para crianças e adolescentes.
A mãe explica que os dois filhos dela participavam do projeto, mas no dia da tragédia o caçula de 10 anos não foi jogar. Aproximadamente 70 crianças e adolescentes do projeto Meninos de Deus estavam no local integrando os times durante os tiros.
Ela relata que estava em casa confeccionando lembrancinhas que o filho levaria para a feira cultural da escola no dia seguinte. Antes do menino sair, ela lembra que ele disse: "Mãe, te amo, já vou e volto logo".
Horas depois, a mãe relata que escutou tiros e em seguida recebeu uma ligação informando que o menino havia sido baleado.
Ao chegar ao local, ela foi informada de que o garoto havia sido levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jangurussu. Todas as crianças feridas ficaram em uma sala, e ela conta ter visto, pela fresta da porta, o momento que os médicos tentavam manobras de ressuscitação em Kristian.
"A gente escutou os tiros e com poucos minutos eu olhei para o relógio, era 18h30min e, com pouco tempo, ligaram. Eu fui na frente e logo depois chegou meu esposo. Meu chão faltou, me ajoelhei e lá mesmo pedi a Deus que guardasse a vida dele, que eu não aguentaria perdê-lo", descreve.
No momento que viu o filho pela primeira vez, acordado e com o dreno no pulmão, a mulher lembra que as primeiras palavras ditas pelo menino foram: "Olha, mãe, o que fizeram comigo".
O menino ficou oito dias com o dreno no pulmão e perdeu uma porcentagem da capacidade do órgão. Agora, a mulher diz que para onde vai leva o filho, pois ficou com medo de acontecer algo devido à saúde debilitada do menino.
Tragédia no Barroso
A tragédia na areninha localizada no Conjunto João Paulo II aconteceu no último dia 23 de outubro. O secretário da Segurança Pública, Samuel Elânio, informou que um grupo de criminosos foi até o local em um veículo no intuito de matar um alvo que havia feito ameaças. O crime foi relacionado a briga entre facções criminosas.
Apesar de não encontrarem o alvo, os criminosos atiraram em direção à areninha onde estavam os garotos do projeto Meninos de Deus. Mais de 70 crianças e adolescentes estavam no local, e moradores escutaram mais de 30 estampidos de arma de fogo. A maior parte dos tiros atingiu a mureta da areninha.
Outros disparos atingiram os meninos de 12, 13 e 14 anos, sendo o último Kristian Gean, que morreu no hospital. Um adulto também saiu ferido. O Instituto Meninos de Deus divulgou uma nota de pesar pela morte da criança. Outros projetos sociais também se solidarizaram com a tragédia.
Suspeitos do crime foram presos horas após o crime. De acordo com Samuel Elânio, uma ofensiva das forças de segurança foi montada na área com equipes das Polícias Civil e Militar. Os gestores da cúpula da segurança foram até o local e permaneceram em contato com o governador do Ceará.
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