Semana da prematuridade ressalta importância do contato entre pais e bebês
Serão realizadas oficinas e experiências com pais de bebês internados no Hospital Dr. César Cals (HGCC) e profissionais para conscientizar sobre cuidados com os prematurosAté sexta-feira, 10, pais de bebês internados no Hospital Dr. César Cals (HGCC), no Centro de Fortaleza, e profissionais da unidade de saúde passarão por treinamentos e momentos de reflexão sobre os cuidados e a importância do toque para os prematuros. O evento ocorre desde 2018 em alusão ao “novembro roxo”, mês em que se é comemorado o Dia Mundial da Prematuridade, sempre no dia 17.
Neste ano, a ação iniciada nesta segunda-feira, 6, traz o tema “pequenas ações, grandes impactos”, com foco no contato chamado de “pele a pele” entre crianças e responsáveis.
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Para a coordenadora do Serviço de Neonatologia do HGCC, Daniele Vitoriano, esse toque direto entre genitor e criança é benéfico tanto para o desenvolvimento físico quanto para a preservação da saúde do bebê.
“Você proporciona que o bebê, assim que ele nascer, fique em contato com a mãe e com o pai. Isso vai ter um grande impacto no desenvolvimento dele. Esse contato pele a pele melhora o vínculo da mãe com o bebê, estabiliza a temperatura, os sinais vitais, favorece a amamentação. Então, tem grandes impactos”, explica.
A programação no primeiro dia de evento contou com dois desfiles, um de bebês ainda em acompanhamento no hospital e outro de egressos que passaram por momentos difíceis nos primeiros dias de vida, mas que hoje crescem saudáveis em casa.
Com balões e decoração alusivos ao novembro roxo, as mães desfilaram com os bebês colados ao corpo, método utilizado no contato pele a pele e conhecido como “canguru”. O momento teve ainda apresentações musicais de pais e profissionais do hospital, que assistiram à entrada dos recém nascidos.
Uma das mais emotivas era Angélica Barbosa, 35, que há quase um mês acompanha o filho no hospital e revela ainda estar aprendendo os cuidados necessários.
“São bebês prematuros, então é diferente de um bebê que nasceu ‘de tempo’. É difícil, não vou mentir, mas é muito bom. Ele está aqui ouvindo nossa respiração, nosso coração. É muito gostosinho”, conta a mãe de Caio.
O momento também contou com a presença de vários pais, que assim como as companheiras têm vivenciado o dia a dia de cuidados especiais no HGCC. O pai de Caio, Messias Cardoso, 35, diz que a experiência é também um momento para estreitar laços com o filho. “O apoio do pai é sempre melhor. Eu troco o canguru com ela, e ele já vai sentindo o calor do pai. Passa mais confiança para ele”, relata.
No segundo desfile, crianças que nasceram prematuras e puderam voltar saudáveis ao local foram acompanhadas de enfermeiras, técnicas de enfermagem e fisioterapeutas que seguravam fotos dos pequenos no período de internação.
Pollyana Azevedo, uma das profissionais a desfilar no tapete vermelho do HGCC, conta que o sentimento, ao ver os ex-pacientes crescidos, é de dever cumprido.
“A gente acompanha todos os cuidados desde que nasce. Às vezes, os momentos não são tão bons, né? A gente vê os bebês indo embora e quando eles retornam para esse momento, a gente fica muito feliz. Eu estava os vendo brincando aqui no gramado. Crianças que muitas vezes a gente não tinha certeza de que iam conseguir sair. Vê-los ter uma infância e retornando para contar as histórias deles é muito gratificante”, afirma a fisioterapeuta.
Programação terá momentos de aprendizado e sala especial
Até a próxima sexta-feira, 10, a Semana da Prematuridade terá oficinas, rodas de conversa, conteúdos informativos e diversos outros momentos para pais e profissionais que acompanham os bebês.
Um deles traz uma proposta diferente, no lugar de discutir o tema, proporcionará conhecimento empírico sobre a rotina dos bebês. Chamada de “Sala das sensações”, a prática consiste em levar os profissionais da neonatologia para um local onde eles serão expostos às experiências de rotina dos bebês.
Com olhos vendados, eles experimentarão sons, cheiros, toques e demais percepções comuns aos bebês, desde o toque com um algodão até o barulho dos aparelhos.
“Nós sabemos a importância da humanização do cuidado e como é importante que esse profissional, que cuida desse bebê prematuro, esteja atento aos sinais desse bebê. A gente vai proporcionar um momento para esses profissionais se sentirem como se fossem aquele bebê. Como eles vão se sentir sozinhos, os barulhos e todos os efeitos da unidade neonatal”, explica a coordenadora da Referência Estadual em Método Canguru, Roselise Saraiva.
Esse e outros serviços do método canguru utilizado no HGCC, referência em todo o estado, tem o objetivo de proporcionar um melhor atendimento para as centenas de crianças prematuras e famílias atendidas na rede pública de saúde. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), por exemplo, mais três mil bebês nasceram prematuros no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) durante os últimos cinco anos.
Quntidade de prematuros nascidos no HGF
2019: 801
2020: 641
2021: 699
2022: 777
2023 (até outubro): 692
Atualizada às 7h34min de 7 de novembro de 2023
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