Professores da rede pública de Fortaleza aprendem sobre educação antirracista

Carla Akotirene, doutora em Estudos de Gênero e idealizadora da Opará Saberes, explica o conceito de interseccionalidade no ambiente institucional e como isto pode combater o racismo vivenciado no País

Carla Akotirene, doutora em Estudos de Gênero e idealizadora da Opará Saberes, busca criar novos horizontes para o futuro da educação trazendo uma abordagem antirracista por meio da interseccionalidade no combate ao racismo institucional presente no País. Ela ministrou palestra durante o Festival Internacional Outubro Docente, no Centro de Eventos, em Fortaleza

Também autora das obras “O que é interseccionalidade?” e "Ó Paí Prezada! Racismo e sexismo tomando bonde nas penitenciárias femininas de Salvador", Carla deu luz ao significado da palavra interseccionalidade.

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“É uma sensibilidade analítica, uma ferramenta teórica e prática que, na sala de aula, vai servir para você perceber que mesmo a sala majoritariamente de pessoas negras, ainda assim haverá outras identidades cruzando a experiência. Do aluno que é negro e gay, do aluno que é negro e do Candomblé, e da menina que é branca e é lésbica”, ensina.

Ela alarma para a necessidade dos professores em reconhecer a diversidade e trabalhar as diferenças no ambiente educacional. “É algo que, se não devidamente analisados, acabam por propiciar a evasão escolar”.

Para Carla, como forma de combater o racismo neste ciclo, é preciso efetivar a capacitação dos educadores, a partir da Lei n° 10.639, e reconhecer que as práticas não visíveis também são práticas que fadam ao fracasso.

“É comum a gente acreditar que o fracasso tem a ver com o fato de estar explícito que alguém foi chamado de macaca, foi chamada de preta, foi chamada de burra, por conta da sua condição racial. Mas existem práticas que são burocráticas e que comprometem a existência negra na sala de aula ou até mesmo a existência do professor negro que está comprometido com a luta antirracista”, encerra.

A secretária da Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha, afirma que, desde 2021, há políticas antirracistas já instauradas na educação municipal.

“Temos uma Coordenadoria de inclusão e diversidade. A gente também promove dentro do currículo, porque já era lei, mas a gente precisava dar condições, dar instrumentalização ao professor para um letramento racial, de literatura antirracista, para que nossas bibliotecas estejam com todo esse apoio", disse a gestora.

Ela ressalta a realização anual de um seminário sobre diversidade e inclusão e afirma que,  no dia a dia, há diretrizes que buscam romper com todo tipo de preconceito. "Com concursos para os professores, foi o primeiro com cota racial”, complementa.

Reflexo da importância de experiências lúdicas, Ozaneide da Costa, professora da unidade CEI Vila do Mar, fala de abordar sobre a temática para a população infantil, público com o qual ela trabalha.

Como artifícios para tentar driblar estes desafios, ela fala da leitura de histórias que tragam a temática de forma leve e com a interpretação através de fantoches.

Serviço

Festival Internacional Outubro Docente 2023
Data: De segunda a sexta-feira (16 a 20 de outubro)
Horário: Das 8 às 17 horas
Local: Centro de Eventos do Ceará (avenida Washington Soares, 999 - Edson Queiroz)

Com informações de Taynara Lima/Especial para O POVO

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