Fachada da Santa Casa de Fortaleza passa por restauração após mais de 10 anos

Provedor da instituição idealiza novas obras na Santa Casa, a partir do recebimento de novos recursos

06:00 | Out. 19, 2023

Por: Taynara Lima
Prédio da Santa Casa de Fortaleza passa por restauração. Prazo para finalização da obra é de três meses (foto: Yuri Allen/Especial para O Povo)

A fachada da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza está passando por uma restauração após mais de dez anos da última reforma realizada. A intervenção é realizada por meio da parceria entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Serviço Social da Indústria (Sesi) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

A obra de restauração tem previsão para ser finalizada em três meses e será realizada em duas etapas. A primeira consiste na recuperação estrutural da fachada, que deve durar cerca de 50 dias. Na segunda parte, será feita a pintura e está prevista para ser finalizada em 40 dias.

A reforma conta com o apoio da Secretaria de Turismo de Fortaleza por meio da liberação da documentação necessária para a intervenção no hospital, que foi tombado em 2011 patrimônio histórico do município.

A Santa Casa de Fortaleza, localizada no Centro da Capital, foi inaugurada em março de 1861 e, inicialmente, era denominada “Hospital de Caridade”, voltada para o atendimento à população pobre. De acordo com a instituição, a primeira reforma foi feita no início do século XX, com adição de um andar e fachada em estilo neoclássico, mantida até hoje.

Em 2000, o projeto Fortaleza Histórica, do Governo do Estado, realizou a restauração da fachada, recuperando as cores originais, e a última intervenção na parte externa teria sido feita em 2009.

Atualmente, a Santa Casa atende cerca de 38 cirurgias-dia e conta com UTI de primeira linha, com dez leitos em funcionamento. A maioria dos pacientes é do Sistema Único de Saúde, porém a instituição também oferece atendimento por planos da saúde que têm convênio com a Santa Casa.

A instituição conta com especialistas em várias áreas, como cabeça e pescoço e proctologia, mas há uma predominância em oncologia. A Santa Casa também tem um programa de espirometria, exame gratuito especializado voltado para pacientes com problemas pulmonares, como ex-fumantes, pessoas com sequelas da Covid-19 e asmáticas.

Santa Casa de Fortaleza: gestão e projetos futuros

O provedor da instituição, Vladimir Spinelli — que iniciou a gestão neste ano e seguirá até 2026 — explica que, além da restauração da fachada, o hospital tem outros projetos de obras na parte interna, que deverão ser realizados com apoio da Fiec e do recebimento de emenda parlamentar.

“Internamente nós temos também alguns outros projetos, em termos de pintura, de obras físicas, cabeamento para internet e espaços novos que a gente pretende desenvolver dentro da Santa Casa. Vários projetos estão sendo discutidos e inicialmente orçados, para que a gente possa dar andamento a esses projetos”, explicou.

Spinelli também conta que há um “banco de projetos”, com a idealização de obras em alguns espaços do hospital, como o centro cirúrgico, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e o espaço de atendimento aos pacientes e acompanhantes.

Recursos da Santa Casa de Fortaleza

Vladimir Spinelli aponta que não fala em uma “nova gestão”, pois planeja seguir com os trabalhos já realizados na Santa Casa e, ao mesmo tempo, promover novas ações, voltadas, principalmente, para a modernização do hospital.

Segundo o provedor, a gestão está aproveitando o potencial e a imagem da Santa Casa para divulgar os planos de melhoria aos parlamentares, além de fazer parcerias com instituições no Estado do Ceará, como universidades, na área de Ciências e Tecnologia.

“Nós estamos trabalhando em cima de uma série de modernizações que são necessárias e que nos últimos anos não tiveram tanto avanço por conta, principalmente, da pandemia e mais especificamente por conta da falta de recursos. Com um modelo de administração cada vez mais moderno, mas sempre focado naquilo que é a essência da Santa Casa que é o foco no paciente”, detalhou.

A questão dos recursos é considerada um dos maiores desafios pelo provedor. De acordo com Vladimir, cerca de 95% dos pacientes são do SUS e a tabela somente consegue cobrir 60% das despesas da instituição.

“A gente precisaria ter apoio dos governos nas três esferas, no sentido de que a tabela SUS cobrisse os nossos custos integralmente [...] 60% é porque a tabela está defasada. O problema é trabalhar tendo que cobrir 40% das despesas em busca de recursos em outras instâncias”, disse.

A instituição também realiza parcerias, recebe doações e emenda parlamentar, porém Vladimir explica que há uma dificuldade nos repasses de recursos por conta do trâmite burocrático.

Em setembro deste ano, o hospital suspendeu os serviços de anestesiologia, devido a uma paralisação feita pelos profissionais por conta do atraso salarial, causando a suspensão de algumas cirurgias. Spinelli explica que, na época, a instituição receberia uma emenda parlamentar e que, apesar de ter sido liberada em julho, só foi liberada para Santa Casa neste mês.

“Essa emenda nos permitiria ter quitado algumas dívidas, inclusive dos anestesistas, e ter evitado a paralisação. Mas, pelo trâmite burocrático, ela só foi feita depois. Houve a paralisação de mais de um mês e, a partir do momento em que receberam parte da dívida, voltaram imediatamente e já estão totalmente disponíveis”.

Dívidas em outras áreas também foram resolvidas recentemente e o provedor tem a expectativa de, a partir de emendas, conseguir reduzir significativamente as dificuldades da instituição e retomar a “tranquilidade” registrada antes da pandemia.

“É a partir do recurso que a gente consegue fazer essa casa funcionar minimamente e a gente nunca se afastou desse funcionamento em benefício dos pacientes. A questão financeira é para que a Santa Casa possa continuar prestando com a mesma qualidade e com a mesma humanização”, finalizou.